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Quarta-feira, 01 de Junho de 2011

A instituição de referência no Budismo é a comunidade monástica ou Sangha.

 

Como nos dá conta Sua Santidade Dalai Lama, tal comunidade «funciona segundo regras largamente democráticas».

 

Todos «são iguais, independentemente da classe ou casta social de que sejam originários».

 

A liberdade pessoal «é o foco primário de toda a comunidade, manifestada na iluminação ou no despertar, seguindo as regras da meditação».

 

As relações «são baseadas na generosidade, na consideração e numa conduta amistosa».

 

A necessidade de pedir esmola diária, hábito nos mosteiros (pagodes) budistas, «mantém os monges conscientes da dependência dos outros».

 

No interior da comunidade, «as decisões são tomadas por voto e as diferenças são resolvidas pelo consenso».

 

É assim que a comunidade monástica budista «serve de modelo para a igualdade social, para a partilha justa dos recursos e para o processo democrático».

 

A comunidade espiritual «encontra a sua coesão no sentimento de sermos todos irmãos e irmãs. Sem nada semelhante a uma autoridade centralizada, o Budismo sobreviveu dois mil e quinhentos anos e floresceu numa diversidade de formas».

 

Buda deixou claro que «os seus seguidores não deviam sequer receber os seus ensinamentos sem os examinar, sugerindo-lhes que os testassem como os ourives testam a qualidade do ouro. Se nos for proibido usar o nosso sentido crítico e criatividade, perdemos uma das características essenciais do ser humano».

 

Cada um de nós «deve aprender não só a trabalhar para a sua família ou para o seu país, mas também para o bem-estar de toda a humanidade».

 

A nova ordem mundial deve assentar não tanto em alianças políticas ou económicas, «mas na prática genuína do amor e da compaixão».

 

É que os nossos problemas residem, em grande parte, «na concentração desmedida sobre o progresso material levando-nos a esquecer as mais básicas necessidades humanas do amor, da gentileza, da cooperação e dos cuidados dos outros. Se perdermos a humanidade essencial, que é o nosso fundamento, qual é o objectivo de perseguirmos o progresso material?»

 

publicado por Theosfera às 23:20

Não abundam os filósofos nem os pensadores. Por isso, quando falam, convém escutá-los.

 

Gianni Vattimo é um pensador avesso a tutelas, com tudo o isso tem de fascinante.

 

Cultiva uma relação turbulenta com as instituições, inclusive com a Igreja. Acima de tudo, acredita na fé, (acreditar em acreditar é o tema, aliás, de um dos seus livros), o que não o impede de aderir ao Deus revelado em Cristo.

 

Mas, muito pós-modernamente, fragmenta a mensagem cristã e não esconde o seu desafecto pela Igreja. Chega ao ponto de apontar a Igreja como obstáculo.

 

Vattimo antevê o regresso ao religioso como essencialmente pós-metafísico. Será que também o descreve como pós-eclesial?

publicado por Theosfera às 22:45

Não sou, por natureza, muito dado a comemorações. Muitas vezes, estas escondem e escamoteiam o que se passam fora delas. E que, habitualmente, não é muito salutar.

 

Neste dia mundial da criança, é importante que se pense no que urge fazer para com as crianças em cada dia.

 

É o futuro da sociedade que está em jogo.

 

Elas precisam de coisas. Mas necessitam, antes de mais, de presença, de acompanhamento, de afecto.

 

Dostoiésvky, ao achar que «o amor é mestre», apelava: «Amai sobretudo as crianças porque, como os anjos, estão isentas de pecado e vivem para a purificação dos nossos corações e como que são um guia para nós. Desgraçado de quem ofenda uma criança».

 

As crianças são mestres. Ensinam muito. Mostram, particularmente, que há muito de puro que não deveria desaparecer.

 

Jesus verberava quem escandalizasse uma criança.

 

Os maus exemplos ficam alojados no seu íntimo. As condutas exemplares ficarão também depositadas no seu coração.

 

As crianças merecem o melhor. Porque, como dizia o poeta, elas são o melhor. O melhor do mundo. O melhor de nós.

 

Só é verdadeiramente adulto quem nunca deixar de ser totalmente criança!

 

(cf. aqui a Declaração dos Direitos das Crianças e aqui a Convenção dos Direitos das Crianças)

publicado por Theosfera às 12:01

A discussão é sempre um enriquecimento. E, desse ponto de vista, a discordância oferece um ingrediente acrescido.

 

Nesta semana, estão a gastar-se os últimos argumentos para as eleições.

 

Desta vez, penso eu, não se apelou tanto ao putativo voto católico.

 

Aliás, um estudo recentemente aparecido mostra haver crentes (católicos incluídos) que são votantes de todos os partidos. De todos.

 

Hoje, surge um texto que faz uma tipificação do voto católico. Apesar de o considerar «saudavelmente inorgânico», situa-o no campo do chamado «centro-direita».

 

Aparecem alguns critérios, respeitáveis sem dúvida. Mas omitem-se outros padrões, igualmente decisivos.

 

Católico é, por definição, um conceito abrangente. Significa segundo o todo. Por isso é que, desde Aristóteles, se diz que a verdade é católica, ou seja, está na totalidade.

 

Mas como nenhum partido (até pela concepção) esgota a totalidade, é natural que a consciência de cada um faça o seu discernimento.

 

Esta, a consciência, é que é a instância suprema. Não pode haver nenhuma tutela ou espécie de direito de propriedade sobre os votos seja de quem for.

 

Cada partido tem as suas falhas. Cada partido transporta os seus valores.

 

Os princípios atinentes à defesa da vida e da família são, inquestionavelmente, importantes. Mas a justiça social e a opção preferencial pelos pobres são as balizas determinantes.

 

É preciso não perder de vista que certos partidos apontados como não católicos emergiram porque, a determinada altura, muitos católicos não assumiram como sua a defesa dos mais pobres, a solidariedade e a justiça.

 

Católico não é quem diz que é católico. É quem, na humildade e na coerência, procura pôr em prática o projecto de Jesus. O Qual, na pauta para o juízo final, é bastante claro: «Tudo o que fizestes ao mais pequenino dos Meus irmãos foi a Mim que o fizestes» (Mt 25, 40).

 

É pelo amor ao próximo que mostramos que somos discípulos de Jesus. Os princípios são, seguramente, necessários. Não tanto quando são enunciados. Mas sobretudo quando são vividos.

 

Em qualquer caso, não me parece curial encostar a doutrina de Jesus a qualquer quadrante ideológico ou a qualquer segmento político.

 

Não me parece que a mensagem libertadora de Cristo seja classificável por determinações ideológicas. O Evangelho não é da direita, não é da esquerda, não é do centro. Terá afinidades pontuais com propostas de cada um destes quadrantes, mas transcende em muito estes referenciais.

 

Diria que Jesus, não sendo da direita, da esquerda ou do centro, é do fundo. Do fundo da vida. Do fundo do ser. Do fundo da história. É a partir da profundidade que Ele emite uma energia transformadora. Jesus é, sobretudo, um saudável inconformista, um paladino da justiça.

 

Não é na mesa de voto que se deixa de ser católico. Mas a ponderação da condição de católico ao votar é da responsabilidade de cada um.

 

A consciência de cada um fará o juízo que lhe aprouver. O voto católico, para o ser, será, acima de tudo, um voto livre. Um voto responsavelmente livre.

publicado por Theosfera às 12:00

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