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Sexta-feira, 27 de Maio de 2011

A pertença a uma religião acaba por ser, nesse mesmo momento, uma pertença a toda a religião.

 

Todas as religiões convergem na centralidade de Deus e na capitalidade da relação com Deus.

 

Andrés Torres Queiruga propõe o termo inreligionação no sentido de que cada religão está, pelo menos incoativamente, em todo o universo religioso.

 

É por isso que, mesmo que se circunscreva a uma tribo ou a um pequeno povo, cada religião acaba por ter uma dimensão universal.

 

É que, por mais pequena que seja, ela partilha com todas as outras preocupações semelhantes, ainda que as assuma de modo diferente.

 

Andrés Torres Queiruga usa, a este respeito, o conceito de universalismo assimétrico.

 

O referido teólogo fala igualmente de teocentrismo jesuânico.

 

Uma vez que Jesus está, todo Ele, centrado no Pai e tendo em conta que todas as religiões vivem dessa centralidade, então podemos falar da presença germinativa de Jesus em todas elas.

 

Importante é que os membros das religiões revelem a grandeza de espírito que está na sua génese. Que não tenham atitudes excludentes. Que saibam acolher pessoas e integrar pontos de vista.

 

No fundo, todas andam à procura do mesmo. Daí que devam olhar umas para as outras não como adversárias ou rivais, mas, autenticamente, como irmãs.

 

Definitivamente, Hans Kung tem razão. Não haverá paz no mundo se não houver paz entre as religiões.

 

Se aqueles que adoram a Deus não conseguem a paz, que legitimidade têm para condenar as guerras?

publicado por Theosfera às 22:21

Abunda quem diz que tudo está mal.

 

Não falta quem diga que tudo vai ficar ainda pior.

 

E, ainda por cima, lançam a responsabiliidade (leia-se a austeridade e os sacrifícios) para quem nada fez para que tudo esteja mal ou para que tudo fique ainda pior.

 

Não haverá alguém que nos ajude a melhorar?

 

Apareça uma voz que infunda esperança.

publicado por Theosfera às 11:35

É um dos pulmões da humanidade, mas também está ameaçada.

 

A imensa floresta da Amazónia está sob o fogo devorador de interesses.

 

José Cláudio e a sua esposa militavam, activamente, na defesa do ambiente e na preservação deste património ecológico.

 

Foram assassinados na terça-feira.

 

Não foi notícia. Mas foi acontecimento. E sinal.

 

Se não protegermos a natureza, a natureza não nos protegerá.

 

Preservar a natureza é preservar a qualidade de vida.

publicado por Theosfera às 10:39

Os militantes já estavam decididos. Votarão, provavelmente, em quem sempre votaram.

 

Os que procuram estar com o poder continuam atentos. Querem ver para onde pendem os ventos da vitória.

 

Já os que priorizam a decência estão cada vez mais desmotivados. Ninguém os convence. Quase todos os desiludem.

 

Após uma semana de campanha (e na sequência de não sabemos quantas de pré-campanha), o balanço é pouco entusiasmante.

 

Tirando a encenação e os ataques, o que fica?

 

Muita espuma mediática, bastante crispação, nula substância.

 

Amanhã será melhor?

publicado por Theosfera às 10:27

Eis um tempo em que os políticos vêm ao encontro das populações.

 

Mas eis que é precisamente neste tempo de encontro que o desencontro mais se faz sentir.

 

Neste preciso dia, ficámos a saber que os salários em atraso aumentaram, no ano pretérito, 89%, atingindo um montante de 28, 4 milhões de euros.

 

É muito dinheiro. Em falta.

publicado por Theosfera às 10:15

1. Entre Buda e Cristo há cinco séculos de distância e muitos pontos de diferença. Mas o mais espantoso é poder coligir vários traços semelhantes e surpreendentes aproximações comuns.

 

Tais afinidades fazem com que se torne habitual ver figuras como o Dalai Lama (que lidera o Budismo tibetano) a comentar o Evangelho e teólogos como Hans Kung ou Odon Vallet a estudar textos budistas.

 

 Buda e Cristo foram reconhecidos como mestres: Buda era visto como um guru e Cristo como um rabi.

 

Para Karl Jaspers, ambos são, a par de Sócrates e Confúcio, os maiores mestres da humanidade. Acima de tudo, porque foram enormes mestres de humanidade.

 

Foram mestres que iluminaram o seu ensinamento com a sua conduta.

 

Não foram escritores. Foram testemunhas. E, como notava Paulo VI em 1974, as pessoas seguem os mestres quando são testemunhas. Ou seja, quando dizem o que fazem e quando fazem o que dizem.

 

 

2. Curiosamente, Buda e Cristo não são nomes; são títulos. Buda (que significa iluminado ou desperto) é o cognome de Siddharta Gautama. Cristo (ungido em grego e que corresponde a Messias em hebraico) é o epíteto de Jesus.

 

Os dois inserem-se nas tradições religiosas do povo a que pertencem: Buda no hinduísmo e Cristo no judaísmo.

 

Ambos começam as suas intervenções decisivas por volta dos trinta anos. É por essa altura que Buda tem a sua iluminação e é com essa idade que Cristo inicia a sua pregação.

 

Os dois são grandes caminhantes. Jesus percorre a Judeia e a Samaria, prosseguindo na Galileia até terminar em Jerusalém. Buda peregrina pela bacia do rio Ganges e começa a sua vida pública com uma longa caminhada a partir do Terai, junto do Himalaia.

 

Na doutrina, há uma dissonância que salta à vista. Para Buda, o objectivo supremo é o nirvana enquanto libertação do ciclo dos renascimentos e extinção de todo o desejo. Para Cristo, o paraíso é a vida eterna, a pura felicidade, ou seja, a realização máxima do desejo. 

 

 

3. Jesus apresenta-Se como o caminho. Buda apresenta o caminho, a via que evita os extremos do rigorismo e do relaxamento. Essa via tem que ver com a rectidão: a recta fé, a recta decisão, o recto discurso, a recta acção, a recta vida, o recto esforço, o recto pensamento e a recta concentração.

 

Como Jesus, também Buda se mostra preocupado com o sofrimento humano. Também ele se dispõe a «carregar todos os sofrimentos de todos os seres vivos». Movido pela compaixão, «está decidido a ficar em qualquer condição de desconforto por séculos infinitos para alcançar a salvação de todos os seres».

 

Jesus proclama: «Ama o próximo como a ti mesmo». Buda exorta: «Não magoeis os outros com aquilo que vos magoa a vós».

 

 

4. Se, entretanto, a similitude entre Buda e Cristo é impressionante (sobretudo quanto à conduta), há muitas dissemelhanças entre as tradições budistas e cristãs.

 

Enquanto o Budismo se organiza à volta da comunidade dos monges, o Cristianismo cedo se concentrou em torno de uma autoridade.

 

Como anota Huston Smith, «Buda pregou uma religião destituída de autoridade». Cada um deve fazer a sua procura. A recomendação é assertiva: «Não aceiteis o que ouvis, não aceiteis uma ideia só porque é o que o vosso professor afirma. Sede as vossas próprias candeias».

 

O Budismo também não avulta pela especulação teológica e pelo desenvolvimento doutrinal. Pelo contrário, pauta-se por uma forte sobriedade: «Se o mundo é eterno ou não, se o mundo é finito ou não, se a alma é o mesmo que o corpo, estas coisas - disse Buda - o Senhor não me explica». Para ele, «a avidez de explicações não ajuda à edificação». O importante é o caminho, a rectidão, a prática do bem. O resto virá por acréscimo.

 

Apesar de haver desentendimentos no universo budista, é inquestionável que existe uma intensa procura da serenidade. A prioridade está em fazer o bem agora. O futuro permanece em aberto.

 

 

5. Aqui radica o encantamento que o Budismo exerce sobre muitos. E que está a fazer dele uma religião implantada num espaço cada vez maior. Trata-se, como refere Karl Jaspers, «do amor enquanto compaixão por tudo o que vive numa atitude de não agressão».

 

Aos olhos de muitos, «o Budismo tornou-se a única religião do mundo que não conhece qualquer violência, qualquer perseguição, qualquer inquisição ou quaisquer cruzadas».

 

E não reluz, em tudo isto, o espírito de Jesus?

 

 

publicado por Theosfera às 09:36

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