91 anos faria hoje.
Karol Wojtyla nasceu a 18 de Maio de 1920.
O eterno agradecimento de toda a humanidade.
91 anos faria hoje.
Karol Wojtyla nasceu a 18 de Maio de 1920.
O eterno agradecimento de toda a humanidade.
Falcao marcou de cabeça. Helton segurou com os pés.
Eis a diferença num jogo equilibrado com resultado incerto.
O F.C. Porto foi como costuma ser, o Sp. de Braga foi maior do que tem sido.
O F.C. Porto igualou-se, o Sp. de Braga transcendeu-se.
Uma final emocionante teve o desfecho decidido nas imediações do intervalo.
O F.C. Porto marcou antes, o Sp. de Braga não marcou depois.
O jogo não foi um primor, mas teve garra, empenho e entusiasmo.
Foi uma disputa rija, mas sem violência.
Há festa no Porto. Mas não há razão para não haver alegria em Braga e um sentimento de contentamento por todo o país.
Afinal, em Portugal trabalha-se bem e chega-se longe.
Quem for ao aeroporto Francisco Sá Carneiro ficará com a estranha sensação de que Portugal está em debandada.
Não é para fugir à crise. Mas acaba por ser uma forma de (tentar) escapar à realidade.
O ser humano, como advertia Elliot, não suporta muita realidade.
Marx dizia que a religião é o ópio do povo. Se vivesse hoje, era capaz de dizer o mesmo do futebol.
O certo é que a alma humana tem necessidade destes escapes.
Um pouco de alienação também não faz mal. Desde que não se exagere, o espírito precisa de tónicos.
O importante é que haja paz e sã convivência.
Os olhos de Portugal estão, hoje, em Dublin.
No fundo, precisamos de sair para nos reencontrarmos.
É o nosso destino. Só somos nós próprios quando conseguimos ir mais além de nós mesmos.
O nosso grande troféu é esta nossa capacidade de levantar a cabeça quando os olhos parecem não sair do chão.
«De cem em cem anos - diz o povo na sua proverbial sageza -, os filhos de pastores tornam-se doutores e os filhos de doutores tornam-se pastores».
Ou seja, nem sempre se fica no poço e nem sempre se permanece no alto.
O sobredito povo também reza que «não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe».
Daí que seja importante não entrar em depressão nas horas más nem enveredar pela euforia nas horas boas.
O problema é que as transições não são tão demoradas como insinua o ditado referido no início deste texto.
Não são precisos cem anos para passar do topo à base, para cair no fundo.
Pelos vistos, faz hoje dez anos que o Boavista se sagrou campeão nacional. Proeza inaudita e sinal de um período de glória que parecia inaugurar-se. Afinal, arrasta-se actualmente pelo terceiro escalão do futebol português.
O mesmo poderia dizer-se, aliás, do Belenenses (que também já foi campeão e que anda pelos últimos lugares da II Divisão), do Estrela da Amadora, do Farense, do Riopele, do Campomaiorense, etc.
Noutro plano, bastaram umas poucas horas para que o director da maior organização financeira do mundo trocasse um luxuoso hotel por uma pequena cela.
«Sic transit gloria mundi». A glória do mundo é (mesmo) muito efémera. E não mostra grande compaixão. As mãos só aplaudem quem está em cima. Raramente se estendem aos que estão em baixo.
São os que precisam mais de apoio. Mas acabam por ser os maiores esquecidos.
Tudo é transitório neste mundo.
1. Aí está mais um dia para confirmar o que, desde sempre, se suspeitava e o que, desde há muito, se sabia: o futebol é bastante mais que um desporto.
Ele tornou-se também um fenómeno mediático de dimensões singulares e uma actividade económica de proporções únicas.
Não deixa, com efeito, de ser sintomático ver como é que, numa altura de crise, todo um país consegue desligar dos problemas para se concentrar nas vicissitudes de uma bola conduzida por vinte e dois homens.
E é poderosamente significativo verificar as somas vultuosas de dinheiro que, mesmo no epicentro da sobredita crise, continuam a ser movimentadas à volta deste fenómeno.
2. Há, sem dúvida, uma necessidade infrene de escapar, nem que seja por uns dias, à dureza da realidade. Impressiona vivamente a identificação das populações com uma realização que, à partida, é meramente lúdica.
O real esmaga-nos com a sua crueza. O futebol não nos dá pão, mas vai oferecendo (quando oferece) contentamento, exultação e farta vivacidade.
Em poucas ocasiões os sentimentos se soltam como no futebol: a alegria, a tristeza, a proximidade, a violência, o patriotismo.
A bem dizer, a terra tem semelhanças com a bola e, pelos vistos, é a bola que mais a faz movimentar.
Há uma espécie de relação simbiótica que ilustra este impacto planetário do futebol. Não é a terra tão redonda como a bola e não é a bola tão redonda como a terra?
3. O futebol faz-nos lembrar e faz-nos também esquecer. Até parece que o nosso compromisso com a causa da justiça desaparece às portas do futebol.
Sofremos com a vida, mas pouco nos incomodam os milhões que serpenteiam no futebol.
Até os mais pobres exultam com o investimento que os seus clubes fazem no plantel. Desde que as vitórias venham, todos os sacrifícios são bem-vindos e todas as somas acabam por ser vitoriadas.
Não espanta, assim, que o futebol seja muito mais que um desporto.
Há quem faça dele uma ciência e apresente as tácticas e as jogadas como algo acabado de sair de um laboratório ou de uma sebenta.
Também não falta quem o patenteie emoldurado em belas peças de literatura.
E, claro, abunda igualmente quem o transfigure numa acção bélica como se de uma guerra se tratasse.
Desde logo, a linguagem eleva o futebol ao patamar de uma questão de vida ou de morte. É como se tudo esteja em jogo numa partida. Daí os feridos. Daí as mortes. E daí as vitórias não só de alguém, mas contra alguém.
O futebol é um fenómeno antropológico de grande complexidade. Ele mistura a eficácia com a arte. Nele há lugar tanto para a elite como para o popular.
É uma amálgama que tanto faz aproximar como explodir. É verdadeiramente imprevisível.
4. Como não podia deixar de ser, também não escasseia quem assimile o futebol à religião.
Dir-se-ia que o ser humano não passa sem rituais. E se não os faz nas igrejas, não os dispensa nos estádios.
A conversação está cheia de pontos comuns. Fala-se da fé no triunfo. Aponta-se o clube como uma religião e o estádio como um inferno.
Há quem faça peregrinações por causa de um jogo e dá-se até o caso de um dirigente ser conhecido como…papa!
Recordo que o anterior seleccionador italiano, Roberto Donadoni, assinalou, há anos, que se Bento XVI e João Paulo II fossem jogadores de futebol, «localizá-los-ia claramente do meio-campo para a frente».
Porquê? Porque, no mundo dos princípios, «não faz falta somente defensores mas também dianteiros».
5. Joseph Ratzinger, que nunca apreciou muito o desporto, refere que o futebol pode «ensinar o respeito mútuo, onde a aceitação de regras por todos faz com que, apesar da contenda, subsista aquilo que une e unifica».
Que o jogo de logo à tarde sirva, sobretudo, para aproximar pessoas, cidades e sentimentos.
Se houver serenidade e entreajuda, ninguém perderá mesmo que alguém não vença.
No campo só uma equipa pode ganhar. Mas, se quisermos, na vida todos poderão sair vencedores!
Eis, finalmente, um dia em que uma decisão europeia está nas mãos de entidades portuguesas.
Digo entidades e não individualidades de propósito e por respeito à verdade.
Em Dublin, vão jogar dois clubes de Portugal, mas não duas equipas portuguesas.
A maioria dos jogadores do F.C. Porto e do Sp. de Braga não nasceu no nosso país.
De entre os 22 atletas que vão iniciar a partida, apenas seis são portugueses: Rolando, João Moutinho, Varela, Miguel Garcia, Sílvio e Hugo Viana.
Também este é um sinal dos tempos e o futebol acaba por funcionar como uma imagem da vida.
Portugal tanto é exportador de talentos como importador de valores.
Não deixa, entretanto, de ser curioso notar como, numa altura em que Portugal parece quedar-se na cauda da Europa em muitos aspectos, uma competição europeia é decidida por dois emblemas lusitanos.
E, no caminho para a final, tiveram de superar algumas das maiores potências do futebol.
Este é um sinal de que a vontade opera maravilhas.
O troféu virá para Portugal. Eis uma garantia que se pode assegurar mesmo antes de o jogo começar.
Em tempos depressivos é algo relevante.
A vida não se resume ao futebol. Mas o futebol pode pilotar a auto-estima do povo.
Que prevaleça a serenidade, o respeito e a paz.
Só um irá ganhar. O que não quer dizer que alguém vá perder.
Só perde quem desiste de lutar.
«Uma verdade deve saber-se sempre e dizer-se às vezes».
Assim escreveu (luminosa e magnificamente) Kahil Gibran.
Jesus não destrói o culto, mas supera o culto do templo.
No diálogo que mantém com a Samaritana, antecipa tempos em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar, não num determinado lugar, mas em espírito e verdade.
Kahil Gibran tem, pois, razão quando avisa: «A vida de todos os dias é o teu templo e a tua religião».
É na vida que tudo se decide. É na vida que ocorrem todos os encontros: com o Homem e com Deus.
É, portanto, na vida que se concretiza a essência da religião, como ligação entre o Céu e a Terra, entre o Tempo e a Eternidade, entre o Humano e o Divino.
Foi na vida que Jesus veio ao nosso encontro.
Parafraseando um antigo Chefe de Estado, diria que há (mais) Jesus para lá do Templo.
Ele não está fora do Templo. Mas está totalmente dentro do Tempo!