O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Terça-feira, 17 de Maio de 2011

Há muitos cristãos que lêem textos e frequentam centros das religiões orientais. Não, necessariamente, para se tornarem hindus ou budistas, mas para se reencontrarem como cristãos.

 

Ali deparam, especialmente, com dois valores fundamentais, que reconhecem serem também os de Jesus: a paz no interior e a compaixão para com os outros.

 

Ora, isto revela um potencial enorme, mas que, por vezes, teima em continuar inexplorado pela vertigem descaracterizadora em que, não raramente, nos deixamos atolar.

 

Por outro lado, esta osmose inter-religiosa atesta que no diferente poderemos reencontrar a nossa identidade: como pessoas e como crentes.

 

No fundo, é sempre possível aprender com os outros a sermos nós próprios.

 

Não há problema nenhum em mudar. Se todo o mundo é composto de mudança, a religião não deixará de mudar. Sobretudo quando a mudança nos reencaminhar para o melhor de nós mesmos e das nossas raízes.

publicado por Theosfera às 23:00

Às vezes, parece que o mais importante é a disciplina, o direito, a norma.

 

Se há alguma falha neste capítulo, aparece logo a penalização.

 

Já se a falha ocorre no capítulo do amor, parece não haver grande problema.

 

Parece que o amor da lei prevalece sobre a lei do amor.

 

Para um cristão, esta inversão é insustentável.

 

Basta olhar para as Bem-Aventuranças, para a parábola do bom samaritano, para a pauta do juízo final ou para o discurso da última ceia. Todas as dúvidas são dissipadas.

 

Aliás, o Concílio Vaticano II diz claramente que a lei suprema do Povo de Deus é o Mandamento Novo do Amor (cf. Lumen Gentium, 9).

 

Para aqui é que todas as energias devem ser convocadas.

 

Discutir preceitos e doutrinas é natural. Mas litigar por causa delas é desperdiçar esforços.

 

O importante é viver o Evangelho junto das pessoas, ser eco de esperança perto dos mais pobres.

 

É bom que nos ajudemos na vivência do Mandamento Novo. Mas para quê praticar a delação se alguém fala ou actua de um modo diferente?

 

Evocando Pedro Laín Entralgo, diria que é preciso ser consensuante mesmo com quem se mostra discrepante.

 

No fundo e como dizia Miguel de Unamuno, «nada nos une tanto como as nossas discordâncias».

 

Mesmo na diferença, somos todos irmãos.

 

Na escola da comunhão, há que reaprender a conjugar as diferenças.

 

Unidade não é uniformidade. Há lugar para todos na Casa de Deus.

 

(Não subscrevendo todas as posições de Leonardo Boff. Hans Kung, Bernhard Haring, Jacques Gaillot ou William Morris, creio que o seu afastamento nos empobrece. Numa família, todos podem discutir, mas ninguém deve ser afastado).

publicado por Theosfera às 21:55

O diferente fascina e atemoriza. Tanto infunde espanto como provoca medo.

 

Daí que o instinto perante o diferente percorra um caminho que vai da admiração à rejeição.

 

O que se passa com os refugiados de povos em guerra é uma realidade assustadora e um sinal preocupante.

 

São seres humanos que procuram na mesma (e única) terra uma oportunidade.

 

Acontece que a oportunidade que lhes foi negada na sua pátria acaba por lhes ser (re)negada no seu mundo.

 

Jesus é o corolário onde se encontram todas as diferenças.

 

Mas nem sempre em nome de Jesus conseguimos respeitar as diferenças.

 

O Cristianismo foi plural nos começos. A unidade era vista como a integração das diferenças.

 

A diferença nunca pode ser um estigma. É ela que nos enriquece.

 

A autoridade não pode ser vista como um freio, mas como um estímulo.

 

Se até na Casa do Pai há muitas moradas, como é que, até lá, só se pode trilhar uma única estrada?

publicado por Theosfera às 12:40

Os anjos são enviados de Deus.

 

Nunca os vimos, mas sentimos a sua presença.

 

Mas não há só anjos com asas.

 

Há também anjos que nos dão asas.

 

Há pessoas que são anjos.

 

publicado por Theosfera às 11:12

A montanha não é apenas o alto.

 

É também a subida, a queda, a nova subida, o suor, o desgaste, o desânimo, a vontade de desistir e a determinação em insistir.

 

Chegar é importante. Mas subir é prioritário.

 

Nunca saberemos quando se chega. Mas sabemos que, não desistindo de subir, estaremos perto da chegada.

publicado por Theosfera às 11:09

Não acendemos a luz quando tudo é claro.

 

Só ligamos a luz quando está escuro.

 

A luz só brilha na escuridão.

 

Mas nem a escuridão ofusca o brilho da luz.

publicado por Theosfera às 10:56

1. Foi John Kennedy quem disse que, «nas grandes crises, surgem grandes homens».

 

Daí a sensação de desconforto pelo facto de, na hora presente, não estar a emergir uma referência, uma personalidade de excepção, uma figura que se destaque.

 

Não se trata de um messias, mas de alguém que acrescente algo ao cidadão comum. Alguém que se imponha não apenas pela sua inteligência, mas pela sua conduta, pela sua coerência, pela sua visão. Alguém que saiba ler os sinais que o tempo vai emitindo e que intervenha com a prontidão necessária.

 

Sucede que esses grandes homens teimam em não aparecer. Porque não existem? Porque não querem arriscar? Ou porque os caminhos estão tapados?

 

Às vezes, subsiste mesmo a impressão de que a qualidade e a seriedade constituem uma contra-indicação. Parece que só a vulgaridade compensa.

 

 

2. Dizem os estudiosos que nos falta não apenas uma ética, mas também uma épica.

 

Marcello Caetano prevenira o país, há mais de quatro décadas, para a necessidade de se habituar a ser governado por pessoas normais.

 

E o certo é que, como alerta Daniel Innerarity, «a actual paisagem política não é determinada pelo estado de excepção, mas por um presente talvez medíocre, talvez desanimador».

 

Já não há espaço para «a figura do herói» nas suas diversas configurações: «o que sabe, o que decide, o chefe exclusivo, o que unifica ou polariza».

 

A política está a entrar «num horizonte pós-heróico», em que «as alternativas são menos do que parece».

 

É claro que tudo isto causa «desconcerto e insegurança». Temos de nos ir despedindo dos «acordos absolutos, das dissensões definitivas, das contraposições rígidas entre nós e os outros».

 

Uma ruptura pode dar lugar a uma aliança, do mesmo modo que uma aliança pode dar lugar a uma ruptura.

 

A política deve preparar-se para um futuro «não planificável, mas fundamentalmente incerto».

 

 

3. Numa sociedade sem heróis, a identificação com o líder tende a desaparecer e a desconfiança propende a aumentar.

 

Uma das aprendizagens que urge fazer «é descodificar o discurso, veemente umas vezes para produzir a impressão de diferença, outras vezes para dissimular a semelhança».

 

A prioridade há-de ser «a gestão civilizada do desacordo em torno das concepções de interesse geral».

 

É que «o dissenso não exclui o consenso», sabendo, porém, que «a regra é o dissenso e consenso a excepção».

 

Numa época em que os heróis desaparecem e as referências minguam, resta-nos «escolher entre males».

 

Não raramente, escolhemos para evitar um mal maior, «para barrar o caminho ao pior».

As expectativas são, assim, cada vez mais baixas e a decepção, pelo contrário, é cada vez maior.

 

 

4. Se o líder não pode ser diferente, que, ao menos, possa introduzir alguma diferença. Se não for em competência, que seja em dignidade, em ânimo, em estímulo, em esperança.

 

O que distingue o líder do comum dos cidadãos será sempre a visão e a decisão. O líder é o que vê antes, decide cedo e, nessa medida, estimula sempre.

 

O bom líder é o que tira partido das capacidades de cada um. É o que motiva. É o que nunca deprime. É o que sabe aliar o talento ao esforço. 

 

Meditem no exemplo do Braga e vejam se não é de um timoneiro como Domingos (ainda por cima com) Paciência que o país precisa.

 

Um líder não é tudo. Mas continua a ser muito importante.

 

Estamos num tempo em que liderar é sobretudo gerir, manter, conservar.

 

Precisamos de criar um tempo em que liderar seja, acima de tudo, transformar, renovar, alargar, romper muros, semear esperança.

 

 

publicado por Theosfera às 09:36

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