Jesus pretendeu uma evolução no judaísmo, mas acabou por ser condenado por ter operado uma revolução.
Tal revolução consistia na proximidade de Deus (sem pôr em causa a Sua transcendência) e na igualdade entre todos os homens (sem pôr em risco as diferenças entre eles).
Jesus respeitava a lei, mas ia mais além da lei.
Era cumpridor, mas não Se mostrava submisso.
Advertia, mas não condenava.
Era assertivo, mas não transigia com a violência. Nem para Sua defesa.
Era aberto, mas não imparcial. Assumia uma predilecção pelos pequenos, pelos pobres e pelos humildes.
Condensou a Sua mensagem num mandamento: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei».
O Seu amor por nós foi maximamente ilustrado na Cruz. Deu tudo. Deu-Se todo.
No regresso à vida (e na anástase para Deus), disse para que levassem esta mensagem a todo o mundo.
O Cristianismo primevo assim procedeu. Espalhou a mensagem. E o impacto foi parecido com o do Mestre: muitos aderiram, alguns litigaram.
A revolução de Jesus estava em marcha.
A partir de certa altura, houve uma involução, um recuo.
O império deixou de perseguir os cristãos. E começou até a perseguir os não cristãos. Não faltou quem justificasse tudo isso. O imperador era visto como o 13º apóstolo. O seu poder (mesmo quando exercido de forma autocrática e prepotente) era atribuído a Deus.
Há quem não suporte uma teologia política para defender os pobres sem se importar que haja uma teologia política para apoiar quem oprime os pobres!
Para se explicar, o Cristianismo recorreu à filosofia grega. Para se organizar, adoptou o direito romano.
A mensagem foi apresentada sob a forma de doutrina. E o amor foi transfigurado em poder.
Jesus acolheu sempre o diferente. A Igreja começou a ter dificuldades com o dissonante.
Jesus apelava para o amor. No Cristianismo começou a insistir-se no poder.
Estes critérios levaram a que se justificasse o injustificável como a inquisição, a pena de morte, a escravatura.
Jesus foi sendo lido à luz do sistema eclesiástico. É importante que o sistema eclesiástico seja lido à luz de Jeus.
A Igreja proclama Jesus como sendo a luz. Importa que se deixe iluminar por Ele.
A revolução de Jesus não pode ser detida pelos que se dizem Seus seguidores.