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Sábado, 07 de Maio de 2011

A ajuda exterior é, antes de mais, por causa das contas. Seria bom que ela viesse, sobretudo, por causa das pessoas.

 

Era bom que os nossos parceiros não nos ajudassem apenas a reduzir o défice. O importante era que nos ajudassem a erradicar a pobreza.

 

Precisávamos de um programa que, desde logo, reagisse à emergência social que estamos a viver. E que se lançasse uma acção que promovesse a instalação de empresas, promovendo o trabalho e combatendo assim o desemprego.

 

Esta ajuda dificilmente chegará aos mais pobres. Pelo contrário, tudo indica que ela vai prejudicar, ainda mais, a vida dos mais desfavorecidos.

 

Com as medidas que se anunciam (corte nos abonos de família, aumento do desemprego, agravamento do custo de vida, redução dos salários e das pensões), os mais pobres vão ter problemas acrescidos.

 

O auxílio monetário é bem-vindo. Mas seria bom que os mais pobres sentissem esse apoio. Acontece que não é isso o que se perfila.

 

Uma intervenção humanitária era bem mais necessária.

 

Estamos num mundo que é uma aldeia cujo dono é o capital.

 

O capital só olha para o capital. Os que o têm triunfam. Os que não lhe conseguem chegar vão definhando.

 

Até quando?

publicado por Theosfera às 20:49

Era bom que este tempo fosse habitado pela esperança. Mas tudo indica que ele será dominado pelo medo.

 

A situação não está bem. Mas há o receio de que fique pior.

 

As sondagens, aliás, espelham isso. A maioria acha que a actual governação não tem sido boa. Mas a mesma maioria considera que a oposição não faria melhor. Daí o empate com sabor a impasse.

 

Pelo olhar das pessoas, este momento parece ter um tom mais crepuscular que auroral.

 

Há uma grande dificuldade em olhar de frente para a realidade. Há quem prefira não saber o que nela ocorre.

 

É por isso que se pensa que, com a verdade, quase nunca se ganha. O problema é que, sem a verdade, perde-se sempre. Mesmo que se tenha a ilusão de ganhar.

 

Em política, como no resto, uma verdade encobre, quase sempre, outra verdade. Só na totalidade se encontra a verdade.

 

O povo tem tido a boca fechada. Mas tem de manter os olhos abertos e os ouvidos atentos.

 

Não há saída?

 

Gregório Nisseno dizia que cada homem é um pequeno mundo. Nenhuma mudança acontece no mundo sem a intervenção das pessoas que nele vivem.

 

A mudança molda as pessoas. E as pessoas moldam a mudança.

 

Fiquemos, pois, com a recomendação de Gandhi: «Sê tu mesmo a mudança que queres para o mundo».

 

No fundo, foi o que propôs Roger Schutz: «Começa por ti».

 

A mudança tem de começar por dentro. Tanto mais que é a única que depende de nós.

publicado por Theosfera às 12:51

Quem ouve António Barreto, Silva Lopes, Medina Carreira, Manuel Maria Carrilho ou Henrique Neto, reforça uma impressão que o tempo tem reforçado.

 

Há muitos socialistas sem partido.

 

Esta crise de pertença, aliás, não afecta só a política.

 

Há também muitos cristãos sem igreja e muitos crentes sem religião.

 

Trata-se de um fenómeno que devia ser atentamente estudado.

 

Isto é, desde logo, sinal de que as pessoas não se conformam. E é também sintoma de que as instituições dificilmente se reformam.

 

publicado por Theosfera às 12:10

O programa da troika é de pendor tecnocrático e liberal.

 

Olha para a realidade a partir do lucro. Quando este falha, há que sacrificar as pessoas. Facilitam-se os despedimentos, diminuem-se os salários, aumentam-se os impostos, agrava-se o custo de vida.

 

Do que precisávamos, por isso, era de um programa humanista, com forte consciência social, reparadora das injustiças e fomentadora da solidariedade.

 

É pena que, nesta hora, este discurso prime pela ausência.

publicado por Theosfera às 12:03

Do estrangeiro vem muito dinheiro para o Estado.

 

Do Estado vem cada vez menos dinheiro para as pessoas.

 

O estrangeiro empresta dinheiro ao Estado.

 

O Estado vai tirar cada vez mais dinheiro às pessoas.

 

Eu sei que este raciocínio é muito simplista. Mas é o que vem mais rapidamente ao pensamento.

 

A realidade com que o cidadão lida não oferece grandes alternativas.

 

Uma grande ajuda exterior vem aí. Mas, no interior, os rendimentos vão baixar e o custo de vida vai subir.

 

Para muitos, a esperança é um vazio. E a mudança é vã.

 

As sondagens reflectem o estado de espírito: empate técnico.

 

Mais do que a esperança, o que está a predominar é o medo. O medo de que tudo fique ainda pior.

 

Nuvens negras alojaram-se na alma.

publicado por Theosfera às 11:52

«A vida é tão curta e o ofício de viver tão difícil que quando começamos a aprendê-lo, temos de morrer».

Assim escreveu (pertinente e magnificamente) Ernesto Sábato.

publicado por Theosfera às 11:49

O grande poeta e romancista indiano Rabindranath Tagore, Nobel de Literatura em 1913, nasceu no dia 7 de Maio de 1861, há precisamente 150 anos. E morreu há 70 anos, no dia 7 de Agosto de 1941.
 
Foi Tagore que deu a Gandhi o título de Mahatma, «grande alma».
 
(via Tribo de Jacob)
publicado por Theosfera às 06:29

Não te esqueças de pedir ao silêncio que te autorize a usar a palavra.

 

Fala apenas quando o silêncio te deixar.

 

A palavra guardada é tua. A palavra proferida é de todos.

publicado por Theosfera às 06:26

Não te deslumbres no êxito.

 

Não te deixes abater na adversidade.

publicado por Theosfera às 06:26

De Paul Ricoeur retive que todo o significante encerra um significado. E com Xavier Zubiri aprendi que cada coisa-realidade contém uma coisa-sentido.

 

O Sp. de Braga é uma demonstração cabal da capacidade do grupo e da importância do seu líder. Este caso deve ser estudado, mormente na fase que o país está a viver.

 

Em dois anos, um clube apenas médio conseguiu disputar um título nacional (no ano passado) e um título europeu (este ano).

 

Foi capaz de se transcender e de superar os melhores.

 

Os factores do êxito serão vários, mas o segredo só pode estar na liderança.

 

Há jogadores que, ali, parecem fenomenais quando, noutros clubes, eram somente razoáveis.

 

O bom líder é o que acrescenta ao grupo. É o que tira partido das capacidades de cada um. É o que leva a acreditar que o resultado até pode compensar a dedicação. É o que motiva. É o que vê antes e decide cedo, fazendo as alterações no momento próprio. É o que sabe aliar o talento ao esforço. 

 

O bom líder nunca deprime. Conta-se que determinado treinador dizia ao guarda-redes suplente que ele era o melhor da Europa. «Então - perguntava - porque é que não me põe a jogar?» Resposta: «Simplesmente porque o guarda-redes titular é o melhor do mundo!».

 

Domingos tem a paciência que ostenta no nome, conseguindo fazer uma equipa melhor que a soma dos seus elementos.

 

O técnico bracarense tem sido capaz de inverter a tendência da realidade. Sim, porque a realidade atestava que o Benfica, o Sevilha, o Liverpool ou o Dínamo de Kiev eram superiores. Mas o Braga acreditou que podia ser melhor.

 

O bom líder é o que consegue que o seu grupo seja melhor que ele mesmo.

 

E, pormenor nada despiciendo, o bom líder certifica que o dinheiro, sendo importante, não é o factor decisivo. O Braga ultrapassou clubes com orçamentos maiores.

 

O bom líder prova que não é o dinheiro que traz as vitórias. São as vitórias que trazem dinheiro.

 

Meditem no exemplo do Braga e vejam se não é de um timoneiro como Domingos (ainda por cima com) Paciência que o país precisa.

 

Portugal tem tudo o que o Braga mostra. Apareça alguém que saiba motivar as pessoas, gerir os recursos, apontar um rumo e não defraudar as expectativas.

 

Não se trata de revivalismos sebastiânicos. Um líder não é tudo. Mas é muito importante. 

publicado por Theosfera às 00:53

Este é o momento em que as palavras operam a transumância da culpa.

 

Esta passeia-se da direita para a esquerda e da esquerda para a direita, empurrada pelo turbilhão discursivo dos líderes (já) em campanha.

 

E a atenção não pode fixar-se apenas nas palavras ditas ou escritas. Há que não esquecer as palavras insinuadas. As entrelinhas são tão importantes como as linhas.

 

Quando se diz que vivemos acima das nossas possibilidades, parece que o país é uma entidade homogénea.

 

Esquece-se que há quem trabalhe muito e receba pouco. Vive-se acima do que se pode ou sobrevive-se abaixo do que se deve?

 

O problema está nas políticas, sem dúvida. O capital engole o trabalho e quase esmaga as pessoas.

 

Manuela Silva acertou no ponto quando notou que a troika, parecendo querer mudar tudo, se esqueceu de pôr fim às desigualdades.

 

A erradicação da pobreza não deveria ser uma prioridade?

 

Não será que os pobres se vão multiplicar?

 

A culpa, entretanto, passeia-se. Ninguém a assume.

 

O mais fácil é dizer que ela é de todos. O mais aviltante é insinuar que é de quem, gastando tudo, não consegue poupar nada. Pela simples e elementar razão de que esse tudo que se ganha (e e logo se gasta) afinal é muito pouco. 

publicado por Theosfera às 00:00

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