Há momentos em que há mais certezas quanto às dúvidas e mais dúvidas quanto às certezas. Em que as dúvidas parecem mais certas do que as certezas e as certezas mais duvidosas do que as dúvidas.
Há momentos em que há mais certezas quanto às dúvidas e mais dúvidas quanto às certezas. Em que as dúvidas parecem mais certas do que as certezas e as certezas mais duvidosas do que as dúvidas.
Bento XVI citou Sócrates e Platão para falar da importância da oração desde a antiguidade, iniciando um novo ciclo de reflexões semanais.
Perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, o Papa disse que rezar é falar com Deus e apresentou alguns exemplos de oração presentes nas culturas antigas.
Nesse contexto, falou da religião da Grécia antiga, na qual identificou uma evolução muito significativa, em que se deixam de pedir ajudas para todas as circunstâncias da vida quotidiana e se passa a destacar o aprofundamento da relação com Deus.
«Por exemplo, o grande filósofo Platão relata uma oração do seu mestre, Sócrates, tido justamente como um dos fundadores do pensamento ocidental: "Faz com que seja belo por dentro. Que eu retenha o que é sábio e que só tenha o dinheiro que o sábio pode possuir e levar. Não peço mais"», acrescentou.
Bento XVI falou também das variadas orações presentes nas antigas culturas do Egipto, Mesopotâmia e Roma, nas quais «ressalta a consciência que o ser humano tem da sua condição de criatura e da sua dependência de outrem que está acima dele e é a fonte de todo o seu bem».
Nem sempre se deve esperar que nos afastem. Às vezes, é importante tomar a iniciativa de sair.
A vontade dos outros é um elemento estimável. Mas o respeito por nós mesmos é um factor decisivo.
Aqui, o discernimento é fundamental. Há combinações impossíveis, que simplesmente não resultam. O próprio Jesus o atesta. Ele é para todos. Mas não é para tudo. Donde há hipocrisia, mentira e corrupção Ele é o primeiro a sair.
O exemplo que a seguir se reproduz revela uma elevada dose de lucidez e um enorme índice de coragem.
Uma visão não é só o que se vê. É também (e bastante) donde se vê.
Daí a pluralidade de visões acerca da mesma realidade.
Napoleão, homens de poucas falas, terá dito, um dia, aos seus soldados: «Todos olham para onde eu olho e ninguém vê o que eu vejo».
Quando falamos de Jesus, pensamos naqueles que nos falam d'Ele: os Evangelhos, os Papas, os Teólogos, os Historiadores, etc.
Cada perspectiva oferece-nos uma faceta, destaca um aspecto, salienta uma particularidade.
Por vezes, somos compelidos a notar diferenças de vulto conforme o olhar que nos é proposto.
O Jesus apresentado nos compêndios parece-nos deveras diferente do Jesus vivido por um iletrado.
Não raramente, a nossa relação com Jesus está condicionada pelos meios de acesso.
Tanto se inspira em Jesus o Código de Direito Canónico como a assistência aos mais pobres da terra.
Tanto se reclama de Jesus o que dita sentenças e impõe castigos como o que tolera, ama e perdoa.
Há coisas que são mais para mostrar do que para dizer.
González-Faus notava que Jesus, quando anunciava Deus, não Se preocupava em falar de Deus, mas em deixá-Lo transparecer.
Jesus, o universal concreto, pode ser encontrado em toda a parte. Mas é sobretudo para baixo que temos de olhar se não O queremos perder.
O que nos deve preocupar, por isso, não é que se pretenda calar a Igreja. É que se queira silenciar Jesus.
E dessa tentação nem na Igreja estamos totalmente livres.
A este respeito, valerá sempre a pena reler Dostoiévsky e o seu inquisidor em Os Irmãos Karamazov.
Pouco se fala disso, mas a crise tem afectado bastante a imprensa escrita.
Os principais jornais têm vindo a descer nas suas vendas.
Era bom que se meditasse nisto.
O mais fácil é dizer que é um sinal dos tempos (há a televisão e a net) ou que se trata de um dos sintomas da crise.
Importante seria que os jornais fizessem um sério exame e que reconsiderassem o alarmismo em que se deixam, muitas vezes, enredar. Ou a especulação sobre a vida das pessoas. Ou a atenção desmesurada a futilidades.
Dir-se-á que é aquilo que as pessoas consomem mais. Mas, pelos vistos, são cada vez menos os consumidores.
Pelas páginas de um jornal tem de fluir o curso da realidade. Mas não será possível que, a partir delas, se reabram algumas janelas de esperança?
A interdependência é o dado mais intenso da globalização. E Portugal parece que não se dá muito mal com isso.
Quando os objectivos para o nosso país são fixados (impostos?) a partir de fora, a resposta costuma ser positiva.
O FMI já impôs dois programas de austeridade e Portugal cumpriu.
A Europa impôs um programa para a adesão e, depois, para a entrada na moeda única e Portugal cumpriu.
Parecemos aquelas pessoas que nunca acordam a horas por si mesmas. É preciso que apareça sempre alguém a despertá-las.
Somos assim. Não poderemos, alguma vez, ser diferentes?
Quando o melhor que nos ocorre é que podia ser pior, o entusiasmo não será muito, mas o alívio é grande.
E talvez por isso as eleições de 5 de Junho poderão ter ficado decididas na terça-feira à noite.
José Sócrates pode não ser um bom governante nem uma figura simpática. Mas que se trata de um excelente profissional, disso não restam dúvidas.
Nesta hora, o que as pessoas esperavam não era especiais efusões de ânimo. Era que alguém afastasse os piores receios.
O primeiro-ministro foi o primeiro a fazê-lo. A política é uma corrida de fundo, mas não se pode esquecer o sprint final.
As massas começam a olhar para o Governo não em função do que aconteceu nos últimos anos, mas em função do que sucedeu nos últimos dias. A última imagem acaba por ser a mais impressiva.
O povo estava preocupado sobretudo com os salários e com as pensões. Sócrates assegurou que aqueles não vão baixar e que estas não irão diminuir.
Fazer uma bandeira com o que não vai acontecer é um sinal preocupante. Mas na era do vazio, pode ser un trunfo. Um trunfo decisivo para o triunfo?
Aguardemos.