É ali, na Cruz, que se encontra a dura cátedra e a última lição.
Olhamos para ela. Mas será que aprendemos com ela?
O que vem da Cruz é despojamento, humildade. É presença. E é também abandono. É o divino que reluz numa humanidade que resplandece mesmo quando se apaga.
A Igreja, segundo um teologúmeno muito antigo, nasce aqui: numa morte, portanto.
Também a Igreja existe para morrer. Ou seja, para se descentrar. Ela existe não para si, nem por causa de si. Ela existe para ser aquela respiração divina na humanidade dos seus membros.
É por isso que só o poder desfigura a Igreja. Não é a humanidade.
A Igreja trouxe-nos Cristo. Levar-nos-á, hoje, até Cristo?
Não são as palavras que depõem. É o amor (ou a sua ausência) que decide.
O mundo continua a estremecer diante do Crucificado. E há uma luz de encantadora humanidade que se desprende de uma vida que se entrega.
A morte de Cristo é morticida. Mata a morte. Até a morrer se pode oferecer um autêntico padrão de vida.
Numa altura em que a questão de sentido adquire novos patamares de dramaticidade, eis uma preciosa oferta que nos vem da Cruz. De uma vida que se dá.