O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quinta-feira, 21 de Abril de 2011

Queixa-se o poeta de que gastamos as palavras pela rua.

 

Há sinais de desgaste do discurso.

 

Aquelas palavras que, há anos, mobilizavam agora parecem provocar tédio.

 

Nem sequer as palavras outrora mais acarinhadas suscitam qualquer ponta de entusiasmo.

 

Precisamos também de uma nova narrativa. De palavras que não insistam no mesmo, que não sejam repetitivas. Precisamos de palavras que, evocando o essencial de sempre, não se arrastem pelo tempo, mas infundam novos impulsos de esperança.

publicado por Theosfera às 16:42

Uma hetero-avaliação pressupõe sempre uma disponibilidade para a autocrítica.

 

Verdade seja dita que o Papa não se tem poupado a este duplo esforço.

 

Do que disse esta manhã fica o reconhecimento de muita dedicação, mas ecoa também uma pergunta inquietante: «Porventura nós, povo de Deus, não nos tornamos em grande parte um povo marcado pela incredulidade e pelo afastamento de Deus?»

 

Esta interpelação pode ser lida em ligação com a afirmação de Pacheco Pereira («Quanto mais perto da Igreja, mais longe de Deus»).

 

Há, sem dúvida, muitas luzes no caminhar do Povo de Deus e o Papa não deixa de as apontar. Mas o que mais interpela nesta hora é a sombra da incredulidade.

 

A impressão que, muitas vezes, subsiste é que, dentro do próprio Povo de Deus, a fé está obscurecida. Aliás, já há décadas, Ratzinger ventilava a possibilidade de a Igreja ser não um anúncio, mas um obstáculo.

 

Nesta hora, entremos no silêncio da meditação, do exame, da autocrítica.

publicado por Theosfera às 16:24

Há lágrimas que, não correndo pela face, escorrem pela alma.

 

A humildade de Jesus, o amor de Jesus, o despojamento de Jesus, a paz de Jesus não são apenas para ser evocados em rituais. São, acima de tudo, alicerces para uma vivência.

 

Muito se fala de Jesus por estes dias. Que se viva Jesus em cada dia.

 

Ele morre por nós. Que Ele viva em nós.

 

Muitas vezes, a presença de Jesus é percebida em forma de uma ausência, de uma distância. Não d'Ele em relação a nós, mas de nós em relação a Ele.

 

Muito há para celebrar, sem dúvida. Muito mais há para viver. Inquestionavelmente.

publicado por Theosfera às 09:53

Disse Zubiri, e creio que com razão, que as maiores criações do espírito humano eram a filosofia grega, o direito romano e a religião cristã.

 

O Cristianismo posiciona-se talvez como a síntese, já que assimilou os outros dois elementos. Foi à filosofia grega que recorreu para se explicitar e foi o direito romano que assimilou para se organizar.

 

Só que, a páginas tantas, o que seria chamado a ter uma função instrumental começa a exercer um papel preponderante. Muitas vezes sem nos apercebermos, estamos mais a discutir conceitos filosóficos e normas jurídicas do que a escutar a Palavra de Jesus.

 

A helenização da doutrina e a romanização da organização constituem, por um lado, um sintoma de força e configuram, por outro lado, um perigo. Mostram que o Cristianismo tem uma grande capacidade de adaptação, mas assinalam também o perigo de um certo desfiguramento.

 

Por estes dias, volta a discutir-se muito a situação da Igreja. De novo se fala da doutrina e organização. É importante que, pelo menos neste tríduo pascal, reaprendamos a olhar para Jesus na Sua inteireza e na Sua (digamos) transcendência em relação a tantas palavras.

 

Deixemos ressoar os Seus gestos como o lava-pés ou o Seu apelo a que nos amemos uns aos outros.

 

Não são precisos grandes comentários. Só é necessária uma grande disponibilidade para a vivência, para o testemunho.

 

Este é o tempo de fazer ressoar a palavra, amassada em vida e regada com sangue, de Jesus.

 

N'Ele existe sempre uma interacção simbiótica entre a palavra dos lábios e a palavra da vida.

 

Quem mais ama é quem melhor cumpre.

 

Só o amor é digno de fé, dizia o teólogo.

publicado por Theosfera às 00:00

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