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Sexta-feira, 15 de Abril de 2011

Sonhamos tanto com o futuro e andamos, cada vez mais, a hipotecá-lo.

 

Em vez de nos comprometermos com o futuro, estamos a comprometer o futuro.

 

Para Max Weber, a principal tarefa da política devia ser responsabilizarmo-nos pelo futuro.

 

Nunca, porém, terá havido tanta irresponsabilidade em relação ao futuro como hoje.

 

O curto prazo asfixia-nos e parece esgotar-nos.

 

O futuro tem, por isso, inimigos.

 

Eis o tema do excelente ensaio do Prof. Daniel Innerarity, que acaba de aparecer entre nós.

 

Apesar de tudo, o subtítulo não fecha todas as portas: uma defesa da esperança política.

 

A edição é da Teorema.

publicado por Theosfera às 11:53

Se tudo correr bem, a ajuda internacional vai resolver uma parte do nosso problema: reduzir a despesa.

 

Mas continua por resolver a parte essencial do problema: gerar riqueza.

 

Gastar menos vai ser inevitável. Produzir mais é prioritário.

 

Acontece que se da primeira parte estamos seguros, quanto à segunda não estamos certos.

 

Que te fizeram, terra amada, para que te cortem tantas asas e te fechem tantas janelas?

publicado por Theosfera às 11:24

Disseram-nos que era muito mau se o país tivesse de recorrer à ajuda internacional.

 

Asseguraram-nos alguns que nunca governariam com o FMI.

 

A ajuda já está a ser negociada e, queiram-no ou não, alguém vai ter de governar com o FMI.

 

O que tudo isto revela é uma completa falta de rumo. Que, ao menos, não haja uma total falta de direcção.

 

Que queremos com esta ajuda? Apenas pagar as dívidas?

 

Era por este meridiano que poderia passar a discussão.

 

Numa campanha, devia haver lugar não apenas para acções de rua e palavras de ordem.

 

Acima de tudo, precisamos de um novo paradigma. Este passa por outros comportamentos e por outras pessoas.

 

É importante que os partidos se abram à sociedade civil e agreguem figuras independentes.

 

Não podemos reclamar tal abertura e, depois, estigmatizar os que aceitam aderir a ela.

 

Mas também é verdade que, como a experiência documenta, é mais fácil os partidos moldarem os independentes do que os independentes moldarem os partidos.

 

Quase quarenta anos depois da instauração da democracia, não seria despropositado que aparecessem outros movimentos, que pudessem federar vontades, mobilizar energias e concitar protagonistas.

 

As palavras dos senadores, como as de Jorge Miranda esta manhã, deviam ser degustadas com serenidade e digeridas com atenção.

 

No fundo parece que já estamos. Importa ir às raízes. E propor algo verdadeiramente novo.

publicado por Theosfera às 11:14

A amizade é uma constante que se testa sobretudo na adversidade. Há um dito japonês que assegura que «uma amigo na necessidade é um amigo de verdade».

 

Já agora, o japonês tem uma palavra que reforça a importância da amizade nas horas difícieis: kizuna.

 

Kizuna designa os laços da amizade.

 

A amizade é um laço que une. Sem nunca asfixiar.

publicado por Theosfera às 10:44

Creio que foi Talleyrand que afirmou: «Quando algo se torna urgente já é demasiado tarde».

 

Andamos sempre a reboque dos acontecimentos.

 

Até certa altura fizemos história. Actualmente, parece ser a história a fazer-nos. Ou, o que será mais adequado dizer, a desfazer-nos.

 

Portugal é dos países do mundo onde as pessoas mais trabalham. Mas nem por isso a produtividade é elevada.

 

Estamos focados no défice público, mas a actual situação tem muito que ver com os cidadãos. É sobretudo a banca e o investimento imobiliário que nos trouxeram para este ponto excruciante.

 

Ainda assim, era o pensamento dominante que nos instigava ao consumo.

 

Está na hora de redefinir um rumo para o país e para os seus cidadãos.

 

Recordo que, quando entrámos na então CEE, Mário Soares assegurou que «a solidariedade europeia nunca nos faltaria».

 

Mas não podemos viver sempre à boleia dos outros, até porque (v.g. o caso da Finlândia) a satuarção de quem ajuda começa a notar-se.

 

Vamos ter de nos habituar a viver com menos. O problema é que, em muitos casos, isso significará a insolvência, a fome.

 

Outorgámos um doutoramento a Lula da Silva, mas não cuidámos de lhe perguntar a fórmula para colocar o Brasil como uma potência emergente. (Isto apesar das assimetrias que persistem).

 

Mas ele não se tem escusado a pôr em público o que fez. A sua fórmula pode sintetizar-se em duas palavras: desenvolvimento com justiça.

 

Uma sociedade não cresce quando o lucro aumenta, mas quando todos têm acesso ao essencial. A cada um deve ser dado segundo a sua necessidade. De cada um deve ser pedido segundo a sua capacidade.

 

Tudo precisa, pois, de ser refundado: a vida política e a vida cívica.

 

O actual modelo está esgotado. 

publicado por Theosfera às 10:37

Na política, conta cada vez menos a substância e conta cada vez mais o acidente e, particularmente, o incidente.

 
Em vez de se atender à realidade que nos envolve, há quem nos procure afastar da realidade que nos cerca e vá até ao ponto de fabricar uma realidade que nos anestesia.
 
Durante a campanha, não há uma política centrada na realidade. Há, acima de tudo, uma realidade centrada na política.
 
É tudo muito vaporoso, mas tem os condimentos do espectáculo e logra atrair até os mais precavidos.
 
O homem-espuma, que se debruça sobre o que assoma à superfície dos dias, vai ocupando, assim, o lugar do homo sapiens, cada vez mais soterrado em tanto ruído informativo.
 
Tudo se concentra no flash.
 
 
A acção política vive muito de fait-divers com expressão cénica apelativa. O entretenimento entra com força nas campanhas.
 
A televisão sinaliza, à saciedade, a entorse em que nos encontramos no palco da vida: o telejornal é um convite à restrição do consumo (a crise não abranda!); já nos intervalos do telejornal, multiplicam-se os apelos à intensificação do consumo (com toda a sorte de publicidade aos mais diversos produtos!).
 
 Pela minha parte, auspicio que sobre algum espaço para a surpresa. E que a surpresa redunde em melhores dias para os pobres e em justiça e paz para todos!
publicado por Theosfera às 00:01

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