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Quarta-feira, 13 de Abril de 2011

Todos têm direito à opinião. Mas ninguém devia dá-la sem fundamento, sem correcção e, já agora, sem um pouco de elevação e urbanidade.

 

Outrora, os meios eram escassos e a selecção era apertada.

 

Hoje, a facilidade tende a fomentar a banalidade.

 

É muito fácil publicitar um ponto de vista. O cuidado para a sua elaboração é que se tornou bastante mais reduzido.

 

Opina-se muito com base no que se ouve, no que se vê, no que se intui. Não se faz o contraditório, não se testa a veracidade, é tudo demasiado instantâneo.

 

Como diz Umberto Eco, o computador veio mudar o mundo e mudá-lo depressa.

 

Outrora, a opinião tinha como base sobretudo o que se lia.

 

Ora, a leitura é um processo moroso, que envolve uma maturação e pressupõe uma preparação.

 

No passdo, ninguém vinha à televisão ou emitia pareceres em jornais sem se documentar devidamente.

 

Hoje em dia, há praticamente um jornalista no encalço das mais diversas personalidades.

 

O éter anda cheio de palavras, descodificadas à guisa de ruído.

 

Estamos a progredir. Estaremos a crescer?

publicado por Theosfera às 14:41

É a verdade que nos liberta.

 

É na liberdade que nos tornamos verdadeiros.

 

Fora da liberdade só há submissão, coacção.

 

Fora da liberdade, não nos sentimos em condições de dizer a verdade que dói nem de viver a verdade que inquieta.

 

Fora da liberdade só há constrangimento.

 

Quem entra em litígio com a verdade acaba por entrar em conflito com a liberdade.

 

A liberdade e a verdade andam juntas.

 

Os constrangimentos do nosso tempo podem levar a exercícios de contorcionismo perigoso.

 

Honra, por isso, a quem resiste. Ainda que se perca o emprego, não se perde a honra nem a dignidade.

 

Gostava que isto não tivesse acontecido.

 

No mês da liberdade, é preciso reflectir bastante. E inflectir depressa.

 

Enquanto o tempo avança, vamos deixar que os valores recuem?

publicado por Theosfera às 14:13

Há cinquenta anos começou a guerra colonial no (então) chamado ultramar.

 

Tantos lá sofreram. Muitos por lá morreram.

 

Fomos lutar pela terra. Mas o que lá deixámos foi sobretudo sangue. Muito sangue.

 

Ainda sinto os ecos dos gritos de tantas mães no funeral de seus filhos!

 

Lutar contra as evidências nunca foi um bom princípio.

 

Os anos 60 já não corriam fagueiros para impérios. Iria Portugal ser a excepção?

 

Ficou a cultura. Ficou a fé. Ficou a amizade.

 

Tudo podia ter terminado de outra forma.

 

Uma só vida é preciosa. Nenhum pedaço de terra justifica que o sangue se derrame.

 

Hoje não penso em quem ganhou ou perdeu. Penso, sim, em quem partiu, em quem lutou, em quem caiu.

 

A terra é sagrada. Mas, como lembra Shimon Peres, a vida humana é-o muito mais.

 

Portugal já não vai do Minho a Timor. Mas continua a ir por todo o mundo.

 

Desde recanto continuamos a partir.

 

Já não vamos dar novos mundos. Andamos a participar na (re)construção do mesmo mundo!

publicado por Theosfera às 12:08

Talvez por ter nascido de madrugada, cheguei a acreditar que o mundo iria entrar numa manhã de sol radioso sem crepúsculos.

 

Parecia não haver poente para tanta esperança.

 

Entusiasmava-me a evolução criadora, descrita por Henri Bergson. O humano aparentava seguir uma linha (imparavelmente) ascendente. Teilhard de Chardin gerava um estremecimento na alma.

 

Esqueci-me de que há ciclos. E noto que voltamos a mergulhar num tempo de vésperas.

 

O horizonte empalidece. A penumbra instala-se, de novo, na alma do mundo.

 

Uma nova noite está à porta. Um outro amanhecer acabará por despontar.

 

Quem cá estará para ver? 

publicado por Theosfera às 11:55

Já sabemos que a liberdade, sendo um direito sagrado, não é um absoluto. Será sempre relativa às pessoas que coexistem. A liberdade de uns não pode litigar com a liberdade de outros.

 

A França pode não apreciar o uso da burqa por parte de algumas mulheres islâmicas. Não faz parte da sua tradição. Só que os tempos mudam e o mundo tornou-se uma aldeia. Se, no passado, encontrámos europeus na África e na América, é natural que, actualmente, encontremos africanos, americamos e asiáticos na Europa.

 

Convém não esquecer que, no passado, os europeus não se coibiram de impor muitos dos seus hábitos lá fora. Como não aceitar que os outros vivam de acordo com os seus hábitos cá dentro? Desde que não os imponham, tudo se circunscreverá a uma questão de pluralidade.

 

Cada terra deixou de ser um quadro monocolor. Assemelha-se, cada vez mais, a um mosaico multicolor. Em cada terra acaba por estar toda a terra.

 

O poder tem obrigação de entender o zeigeist, o espírito do tempo. Arranjar problemas desnecessários não é um bom sintoma.

 

Até Timothy Gartom Ash, que não é propriamente um religioso, defende que «os homens e as mulheres devem poder fazer, dizer, escrever, desenhar e vestir o que quiserem, sempre que isso não cause danos aos outros».

 

Para quê ver um desafio onde, à partida, nada mais existe que afirmação de identidade? 

publicado por Theosfera às 11:44

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