Creio, como sempre me disseram, que Jesus é Deus.
Mas, mesmo que não mo dissessem, bastava olhar para Ele como Homem.
Humano como foi só mesmo alguém divino.
Não consigo pensar na Sua humanidade sem pensá-la como divina.
Creio, como sempre me disseram, que Jesus é Deus.
Mas, mesmo que não mo dissessem, bastava olhar para Ele como Homem.
Humano como foi só mesmo alguém divino.
Não consigo pensar na Sua humanidade sem pensá-la como divina.
Muito dinheiro vem a caminho. Para todos?
Já os sacrifícios não precisam de fazer caminho. Já cá estão. Para todos, não sei. Para muitos, seguramente.
O FMI já cá esteve e não foi o FIM.
No entanto, há muito de estranho em tudo isto.
A ajuda financeira será volumosa, mas tende a passar por invisível.
Já a austeridade que ela implica mostra-se bastante palpável.
O dinheiro será por causa de todos. Mas chegará a todos? Quanto aos sacrifícios, não há a mais pequena dúvida. Muitos vão pagar o que nem todos irão receber.
Já passámos por muitas tardes de turbulência e ainda não nos finamos.
Desta vez, há quem nos queira fazer crer que vamos atravessar uma longa noite. Voltaremos a ver um novo amanhã?
FMI é anagrama de FIM.
Mas até no fim há prenúncios de recomeço.
O cinto aperta. Mas a esperança não se deixará asfixiar.
Nem a agressividade tenebrosa dos dias consegue apagar o brilho do olhar de uma criança.
Esse brilho não desaparece com os anos. Apenas se aloja nas profundezas mais recônditas da alma.
As chagas do quotidiano perturbam os olhos, mas não ofuscam o olhar.
À medida que o tempo passa, o olhar mais belo vai-se deslocando dos olhos para a alma.
Dostoievsky estava certo quando disse, em O Idiota, que «só a Beleza salvará o mundo». E foi soberanamente assertivo quando apresentou Jesus Cristo como o ser absolutamente belo.
O belo é uma dádiva. Pode vir como um silêncio eloquente, como uma palavra discreta, como uma brisa que nunca deixa de refrescar.
Há muita coisa que lembramos. Há muita coisa que esquecemos.
A respeito de Jesus, são muitos os esquecimentos que amortecem as lembranças.
Lembramos, habitualmente, as doutrinas sobre Jesus. Mas tendemos a esquecer os gestos de Jesus, os sentimentos de Jesus.
O Evangelho deste Domingo, ao apresentar-nos um Jesus portentoso que devolve à vida um cadáver já sepultado, mostra-nos também um Jesus poderoso na Sua divina fragilidade.
Por vezes, a nossa frieza institucional não abre grande espaço para perceber, por exemplo, que Jesus também tinha amigos, que Jesus também gostava dos Seus amigos, que Jesus também sentia, que Jesus também chorava.
Jesus não teve vergonha de assumir o Seu pranto.
Só deve haver vergonha quando nos recusamos a ser humanos.
Jesus é a humanidade total. É o divino que emerge no humano sem freio.
Jesus é o diferente tornado realidade.
Ele o possível de todas as nossas impossibilidades.
Nem a morte faz recuar ou desistir.
Todos os lázaros deste mundo podem ter a certeza de que têm em Jesus um aliado, um companheiro, um irmão.
Quando mais precisamos de aterrar na realidade, eis que nos oferecem (uma vez mais) um banho de encenação.
Quando não fala o chefe, fala-se do chefe.
Desde há uns anos, é sempre assim: minguam as ideias, sobram os aplausos.
É tudo muito oco, mas as massas alimentam-se à volta do chefe.
O «one man show», apesar de tudo, é um espectáculo muito apreciado. Cada vez se ouve menos polifonia. À nossa frente apenas a sinfonia de uma nota só: a do chefe!
Os tempos não são fáceis.
O tempo político gira à volta das eleições.
O tempo real precisa de quem se concentre nos problemas.
É aqui que nasce a contradição: para se ganhar eleições, não se pode falar das dificuldades.
Quando é que o triunfo voltará a surgir a quem prometa «sangue, suor e lágrimas»?
A verdade é admirada, mas parece estar sempre ao lado dos vencidos.
Já estamos em pré-campanha. Os vendedores de ilusões já estão em campo.
Dia 6 de Junho, voltarão a falar-nos da realidade.
Até lá, só uns espamos de verdade.
Gostaria que tudo fosse diferente. Mas, à esquerda, à direita e ao centro, tudo parece montado para continuar igual.
Entre comícios, tempos de antena, visitas aos lugares mais remotos e bandeirinhas, vamos coleccionar promessas de paraíso. Dia 6, lá nos dirão que, afinal, o abismo está mesmo aos nossos pés.
O que vale é que estamos há séculos nesta situação. E ainda não sucumbimos.
Somos uns sobreviventes.