Jesus nunca foi, longe disso, um contestatário da Lei.
Como bom judeu, respeitava-a, cumpria-a e, acima de tudo, percebia-a. Captava-lhe o sentido e aterrava na sua profundidade.
Tinha perfeita noção de que a Lei, sendo importante, não era um absoluto. E nunca passou por cima da sua função instrumental: a lei era para o Homem, não o Homem para a Lei.
Estriba aqui a fronteira entre o respeito pela Lei e o mero legalismo.
No episódio que o Evangelho deste Domingo nos reporta Jesus não desfaz a Lei, mas vai mais além da Lei.
Quando está em causa a pessoa humana, esta é a prioridade. Tudo lhe é, portanto, subordinado. Inclusive a Lei.
Jesus nunca propugnou o fim das leis, mas também não Se erigiu a Si mesmo como fonte de um quadro legislativo.
A lei vem do exterior para o interior. Jesus inspira uma conduta nova a partir do interior.
É por isso que a Sua mensagem é inspiradora.
A referência é a Sua pessoa, o Seu exemplo.
Nesta altura do ano, há muitas iniciativas no exterior. Dão uma tonalidade especial a vilas, aldeias e cidades.
Mas é curioso notar como, já em meados do século passado, estas realizações deixavam um vazio nos espíritos mais inquietos.
O Padre Abel Varzim merecia ser relido e devidamente meditado.
Quando está em causa o bem da pessoa, tudo deve estar dirigido para aí.
Apostar no bem da pessoa é a melhor homenagem que se pode prestar a Jesus.