É sempre perturbador quando a discussão de pontos de vista se converte em julgamentos pessoais. Aquela é sempre estimulante. Esta é sempre lamentável.
Apesar de o apóstolo assinalar que, em Cristo, o antigo passou e tudo foi renovado (cf. 2Cor 5,16.17), há quem fique desconfiado ante toda e qualquer renovação.
Tais irmãos estão no seu direito de dissentir. Só é pena que não suportem a diferença nos outros.
Mas ainda que não a suportem, não há motivo para julgar os outros, muito menos para os desprezar. Discutam os argumentos. Questionem as posições. Mas sem complexos de superioridade moral.
Ninguém está no lugar de Deus. Todos nos encontramos à procura de Deus.
É pena que alguns não aceitem que a verdade não é a sinfonia de uma nota só. Ao colocar as Suas sementes em todos os homens, como notavam os antigos, o Verbo de Deus alicerçou a polifonia da mensagem. É na diversidade que melhor resplandece a fundamental unidade.
Até Deus, como bem percebeu Tertuliano, é único, mas não é um.
Enfim, tenho muita pena que uma atitude hiperconservadora seja tida como indutora de fidelidade desaguando em apreciações como esta.
Já não é a primeira vez que isto acontece. Se não há concordância com o percurso de vida, que, ao menos, subsista algum comedimento na morte.
Admite-se que se discorde de Comblin. Mas a sua memória merece respeito. E, para muitos, a sua competência e dedicação justificam uma subida admiração e encanto.
São trajectórias como a dele que nos fazem acreditar numa primavera de justiça na humanidade.