O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quarta-feira, 23 de Março de 2011

O poder da vontade parece totalmente subjugado pela vontade de poder.

 

É pena que esta determinação em manter (ou em conquistar) o poder desapareça na hora de resolver os reais problemas das pessoas.

 

Não podemos chegar longe quando enxergamos muito perto.

 

Quando o poder é o objectivo supremo, o desenvolvimento dos povos deixa de ser a prioridade.

 

É preciso reflectir bastante. E inflectir depressa.

publicado por Theosfera às 22:47

Sucedem-se as declarações e os comentários. Já se olha para o dia seguinte. O caudal das energias já está a ser drenado para as eleições.

 

A atenção dirige-se, pois, para o médio prazo. Mas, pelos vistos, há tantos desafios para o curto prazo. 

 

O tom é crispado e muito ensimesmado. O futuro parece bastante embrulhado em calculismos sem fim.

 

Duas perguntas, entretanto.

 

Se José Sócrates entende que não tem condições para governar, como é que as terá no caso de voltar a triunfar sem maioria?

 

E se Pedro Passos Coelho considera ser necessário combater o défice e reduzir a dívida, poderá assegurar que não tomará medidas semelhantes às que hoje rejeitou?

 

Pressinto que o povo tenha dificuldade em compreender a razão desta crise agora. Que houve de tão diferente? A austeridade não vem de há muito?

 

Já agora, se o discurso do Presidente da República, na sua tomada de posse, não tivesse sido tão assertivo, o quadro político seria o mesmo?

 

Será que chegaram à conclusão de que os limites para os sacrifícios tinham sido ultrapassados?

 

Todos sentimos que não há condições para aguentar mais sacrifícios. Mas quem garante que eles tenham terminado?

 

Mais do que acabar com um governo, as pessoas gostariam que tivessem terminado os sacrifícios.

 

Toda a gente fala na necessidade de crescimento, mas ninguém apresenta alternativas concretas à austeridade.

 

Aliás, as directivas parecem ser, cada vez mais, ditadas pela Europa. Se queremos ajuda, temos de cumprir requesitos.

 

O espaço de manobra está completamente bloqueado. Aqui, temos pessoas. Mas lá fora olham sobretudo para números.

 

Era bom que se fizesse pedagogia em torno da necessidade de um grande consenso nacional.

 

E, já agora, também era bom que emergisse um conjunto de personalidades diferentes.

 

A sociedade civil (desde o mundo empresarial ao universo cultural) tem de intervir mais na acção política.

 

A política não pode continuar a ser só para os políticos.

 

Não pensem apenas na propaganda. Apostem no esclarecimento. Digam-nos a verdade. E não continuem a sacrificar os mais pobres.

 

Este país que, hoje, se vai deitar exausto, merece acordar, amanhã, com um pouco de esperança.

 

Quem no-la dará?

publicado por Theosfera às 22:07

Temos tudo para nos gastarmos em grandes causas.

 

Porque é que nos desgastamos tanto em pequenas disputas?

publicado por Theosfera às 21:00

Há muito que estámos em crise. Hoje, acrescentámos mais instabilidade. A partir de amanhã, mergulharemos na incerteza.

 

Irão as eleições clarificar tudo?

 

Nenhum entusiasmo se desenha.

 

A intuição do povo é que a situação não está bem. Mas dificilmente melhorará.

 

Elegemos, há um ano e meio, um Parlamento por quatro anos.

 

A menos de metade do caminho, aqueles em quem confiámos assumem que não conseguem gerar uma solução.

 

Quem nos garante que irão gerá-la dentro de meses?

 

Não basta uma alternância. Precisamos de uma autêntica alternativa.

 

 

publicado por Theosfera às 20:56

Uma coisa é certa.

 

O Estado não resolve problemas. Acrescenta problemas.

 

Nas horas de aperto, lembra-se do povo.

 

Pede-lhe o voto. E tira-lhe dinheiro.

 

E quando se chega ao ponto de congelar as pensões de sobrevivência, então é sinal de que está tudo invertido.

 

O Estado está subordinado ao povo? Ou é o povo que está subordinado ao Estado?

 

Sucede que, mudando de protagonistas na condução do Governo, os mais pobres são sempre as maiores vítimas.

publicado por Theosfera às 20:46

O tema era para ser o país. Mas, subliminarmente, dava para ver que a preocupação foi o poder.

 

Para quem preza a moderação como perfil de actuação cívica, o que acabámos de presenciar não é animador.

 

A crispação é forte e a clarificação está longe de estar assegurada.

 

Um dado sintomático.

 

Assistimos a um entendimento alargado (PSD+CDS+CDU+BE) para reprovar uma medida. Não será possível um entendimento alargado para aprovar uma alternativa?

 

O Governo não deveria comprometer-se lá fora sem ter dialogado, previamente, cá dentro. Mas a oposição, que deixou passar medidas similares, estará em condições de garantir que jamais aprovará algo semelhante?

 

Já agora (é um leigo a falar), será que este PEC, bastante duro, era mesmo o único possível? Não seria possível suspender obras como o TGV ou o novo aeroporto? E para que manter empresas públicas de televisão e de rádio, que tanta despesa dão?

 

Se o Governo tinha como objectivo aprovar o PEC, porque é que não tentou, uma vez que não dispõe de maioria, ir ao encontro de outras posições?

 

Já nos estão a advertir de que, no futuro, as medidas a tomar até poderão ser mais dolorosas.

 

O Primeiro-Ministro vai falar com o Presidente. Tudo indica que irá pedir a demissão. Não seria melhor apostar noutras medidas?

 

E se pedir a demissão, o Presidente vai aceitá-la?

 

E se aceitar, vai mesmo marcar novas eleições?

 

Se alguém ganhou alguma coisa hoje, não foi o país.

 

Nem de propósito. O Evangelho deste dia mostra-nos Jesus a dizer que veio não para ser servido, mas para servir.

 

Só que, hoje como ontem, há quem transforme o serviço em poder.

 

publicado por Theosfera às 20:26

Eis o prenúncio cinzento de uma tarde que pode trazer tempestade.

 

A sofreguidão nem sempre combina bem com a lucidez.

 

Há páginas e páginas que, por circunlocuções várias, trazem a seguinte equação: chumbo do PEC será igual a demissão do Governo, a qual, por sua vez, será igual a eleições antecipadas.

 

Isto é o que está na cabeça de quase toda a gente, à força de mil repetições. Mas terá de ser mesmo assim?

 

Se o PEC for chumbado, não poderá o Governo continuar em funções e fazer novas propostas?

 

E se o Governo se demitir, é obrigatório partir para eleições?

 

Recorde-se que as eleições não se destinam a escolher um Primeiro-Ministro, mas um Parlamento.

 

Ora, o Parlamento é eleito por quatro anos.

 

Se um Governo se demite, é de esperar que o Parlamento em funções proponha um novo nome para Primeiro-Ministro.

 

A Constituição estabelece que cabe ao Presidente da República nomear um Primeiro-Ministro tendo em conta os resultados eleitorais.

 

É natural que ao partido mais votado seja pedido um nome. Este pode insistir no mesmo ou propor um diferente.

 

É claro que se aquele que está em funções se demite, não é de esperar que insistam nele. Mas não poderá abrir caminho a outro?

 

Ontem, terá havido a ventilação de um novo nome.

 

O importante é que tudo se equacione em função do interesse comum e não em razão de objectivos pessoais ou partidários.

 

Que se pondere o melhor para todos. E, já que estamos em crise, que o melhor também não seja muito dispendioso.

 

É que um novo processo eleitoral ficará, segundo dizem, em 18 milhões de euros!

 

Estaremos nós em condições de embarcar em tantas aventuras?

publicado por Theosfera às 11:43

Pensar não é, ou não deveria ser jamais, um exercício diletante.

 

O protótipo do pensador não é o homem sedentário.

 

Mesmo que fisicamente sentado, o homem que pensa é o homem que se move. É o homem que se deixa mover pela realidade.

 

É por isso que, com enorme sapiência, Xavier Zubiri dizia que pensar não é conceber; é comover-se.

 

Pensar é, pois, uma actividade não só da mente, mas também (e bastante) do coração.

 

O coração sinaliza o movimento da pessoa diante do que ocorre.

 

Precisamos, cada vez mais, de instalar em nós este paradigma de um pensamento desinstalado.

 

Um pensamento que deixe mover é um pensamento sensível, envolvente, militante.

 

Na hora que passa, esta é uma prioridade, uma urgência.

 

Só um pensamento compassivo é verdadeiramente inteligente. Só ele penetra no interior da realidade.

 

Só um pensamento movido pelo coração vence o egoísmo e promove a solidariedade.

 

Pensar tem de ser comover-se. Sempre.

publicado por Theosfera às 00:01

É hoje que o Governo pode cair.

 

E o problema é que nem com tal queda o País dá sinais de se levantar.

publicado por Theosfera às 00:00

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