O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Terça-feira, 15 de Março de 2011

Diz o argumentário habitual que as pessoas queixam-se do Estado, mas estão à espera do Estado para tudo.

 

É tempo de inverter o argumento.

 

Não são as pessoas que vivem à conta do Estado. O Estado é que está a viver, cada vez mais, à conta das pessoas.

 

É (ou devia ser) normal que o Estado apoie os seus membros. E que, nas horas de aflição, redobre os auxílios.

 

Mas não. Cada vez podemos contar menos com o Estado. O Estado é que conta connosco. 

 

Em momentos de aperto, os cidadãos são os primeiros (os únicos?) a serem sacrificados.

 

Dizem que o Estado é para as pessoas. Mas a realidade mostra que as pessoas é que estão a ser para o Estado.

 

Ainda por cima, os mais pobres acabam por ser os que menos benefícios têm.

 

Apenas dois pequenos (mas significativos) sintomas.

 

O golfe viu a taxa de IVA descer de 23% para 6%.

 

O preço do gasóleo por litro para os iates de luxo ainda está abaixo de um euro.

 

Porque é que só são fortes com os fracos?

publicado por Theosfera às 14:45

Umas vezes, é a maldade dos homens. Outras vezes, é a inclemência da natureza.

 

O saldo é, invariavelmente, o mesmo: vítimas atrás de vítimas.

 

Agora é o Japão que salta aos nossos olhos.

 

Nem um país na vanguarda do desenvolvimento consegue suster as ondas da destruição.

 

Muito foi acautelado (veja-se o que aconteceu o Haiti com um sismo de magnitude inferior), mas muito também foi destruído.

 

Nestas alturas, a alma dorida volta-se para Deus. Ou, como alertava João Paulo II, contra Deus.

 

A questão já não é sobre a identidade (quem é Deus?), mas sobre a presença (onde está Deus?).

 

Há muitas respostas na fé. Mas nem elas abafam as perguntas.

 

Porquê tudo isto? Porque é que uns se salvam e outros se perdem?

 

Porque é que tantas crianças são mortas?

 

Castigo de Deus? Mas nem o pior pai faria tal ao seu pior filho.

 

Porque é que Deus não actua?

 

Não pode? Mas não aprendemos que Ele é omnipotente? Porque é que não intervém numa situação destas?

 

Pode, mas não quer. Mas não sabemos todos que Deus é bom? Como é possível admitir que entenda não agir?

 

Eis o que muitos não deixarão de pensar.

 

A Teologia arrisca muitas explicações. Mas elas não satisfazem a pertinência das perguntas.

 

O mal é a questão teológica básica e a questão teológica crítica.

 

Sejamos humildes. Fiquemo-nos pelo silêncio e pela comunhão solidária.

 

Até o Papa questionou Deus quando foi, há cinco anos, a Auschwitz:

 

«Onde estava Deus naqueles dias?

Porque é que Ele Se silenciou?

Como pôde tolerar este excesso de destruição, este triunfo do mal?

Vêm à nossa mente as palavras do Salmo 44, a lamentação de Israel que sofre: «Tu nos esmagaste na região das feras e nos envolveste em profundas trevas.

Por causa de Ti, estamos todos os dias expostos à morte; tratam-nos como ovelhas para o matadouro.

Desperta, Senhor, por que dormes?

Desperta e não nos rejeites para sempre!

Porque escondes a Tua face e Te esqueces da nossa miséria e tribulação?

A nossa alma está prostrada no pó e o nosso corpo colado à terra.

Levanta-te! Vem em nosso auxílio; salva-nos, pela Tua bondade!» (Sal 44, 20.23-27)».

 

Vivemos tempos em que todos se calam.

 

E até de Deus parece que só vem o silêncio.

 

Nós sabemos que Ele está com quem sofre.

 

Mas, muitas vezes, não O sentimos.

 

Fala, Senhor!

publicado por Theosfera às 12:01

O famoso PEC 4 irá ao Parlamento.

 

Se as previsões forem confirmadas, será reprovado.

 

O que virá a seguir?

 

Menos crise não será com certeza.

 

Há quem veja no discurso do Presidente um empurrão para eleições antecipadas.

 

Não sendo procurador das intenções do Chefe de Estado nem tampouco hermeneuta autorizado das suas palavras, permito-me apontar outra possibilidade.

 

Não encerrará o diagnóstico que traçou um apelo mais sibilino?

 

Eu penso que o que resulta do discurso de 9 de Março é a necessidade de um entendimento alargado.

 

Raymond Aron não foi citado, mas deve ser seguido. Afinal, a democracia é obra comum de partidos rivais.

 

Nem a rivalidade há-de impedir o entendimento.

 

O bem maior (o país) clama por todos.

publicado por Theosfera às 10:32

A greve é, sem dúvida, um direito. Mas a liberdade, convém não esquecê-lo, é um imperativo.

 

Os camionistas são livres de paralisar. Mas também são livres de trabalhar.

 

Entendem-se as razões do protesto. Quem não as entende? Todos as sentem, diariamente.

 

Não se compreende, porém, que haja pressão, coacção ou violência.

 

Quando se chega ao limite dos apedrejamentos, a situação é perturbadora.

 

Há muita coisa que explica tudo isto. Não há, contudo, uma só que a justifique.

 

Portugal é conhecido pelos seus brandos costumes, mas a paciência está a atingir os seus limites.

 

Esperemos que o bom senso volte.

 

Até porque os prejudicados com tudo isto não são os responsáveis pela crise. São sempre as vítimas da crise.

publicado por Theosfera às 10:24

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