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Quarta-feira, 09 de Março de 2011

Se a sociedade se assemelha a um vulcão perto de explodir, a classe política parece uma tempestade já a desabar.

 

A tomada de posse do reeleito Presidente da República foi marcada pelas reacções negativas de parte do Parlamento.

 

Nada disto é dramático. Em democracia, ninguém se deve sentir coagido ao falar e ninguém se deve sentir inibido no reagir.

 

Um sistema político como o nosso é feito daquilo que, habitualmente, recebe o nome de «checks and balances» (pesos e contrapesos). Ou seja, os diferentes poderes controlam-se mutuamente.

 

É assim que nem o presidente da república está acima da crítica. Mas se não está acima da crítica, também não estará diminuído na sua capacidade de intervenção.

 

E a tradição democrática portuguesa mostra que o chefe de estado costuma ser bastante assertivo nas apreciações das políticas governativas.

 

Há quem veja, no discurso de Cavaco Silva, uma preparação para a demissão do governo. Penso que tal leitura é excessiva.

 

Mais do que mudança de políticos o que se espera é uma mudança de políticas.

 

E se alguma coisa há a reter é que há limites para os sacrifícios.

 

O apelo ao sobressalto cívico parece replicar o direito à indignação, defendido por outro presidente da república.

 

Não creio que o discurso presidencial tenha primado pela novidade. Foi até redundante. Limitou-se a fazer eco da realidade quotidiana.

 

Mas há coisas que dificilmente mudarão. Deixar de tomar medidas por instinto, por puro voluntarismo, ou fazer nomeações por mérito e não por critérios de ordem partidária era necessário, mas parece quase impossível. O código genético da política lusa não consentirá mudanças em certos domínios. Nem à direita nem à esquerda.

 

Não há drama nas palavras do presidente. Drama há (e não é pequeno) no dia-a-dia das pessoas.

 

E todos os esforços devem ser conjugados na resolução dos problemas. Não no seu agravamento.

 

Mas, já agora, um pouco de fair play fica bem a toda a gente. Até à classe política. O discurso presidencial terá sido duro, mas daí a qualificá-lo como sectário vai uma grande distância. Há que ter alguma temperança. Na acção e na reacção. No aplauso e na crítica.

 

Confesso que também não gostei muito do que ouvi hoje. Mas gosto ainda menos do que vejo todos os dias.

 

E reconheçamos que, diante do desemprego galopante, do aumento do custo de vida e da insegurança, é difícil tecer grandes ornamentos retóricos.

 

Não vale a pena amuar por causa de um discurso. Importante é olhar em frente, encarar a realidade e tentar transformá-la.

 

É isso que se espera. É isso que urge.

publicado por Theosfera às 21:26

É preciso parar para andar.

 

É preciso descer para subir.

 

É preciso dar para receber.

 

É preciso calar para falar.

 

É preciso deixar para acolher.

 

É preciso chorar para sorrir.

 

É preciso negar para afirmar.

 

É preciso despojar-se para se revestir.

 

É preciso cair para levantar.

 

É preciso fechar os olhos para ver.

 

É preciso morrer para viver.

 

As cinzas lembram-nos o ponto de onde partimos.

 

Somos terra. É na terra que se constrói o céu.

 

É pelo tempo que se vai à eternidade.

 

É na simplicidade e na humildade que se atinge a verdade e a felicidade. 

publicado por Theosfera às 10:49

Os juros da dívida não param de subir. O desemprego não cessa de aumentar. Os combustíveis continuam a disparar. O descontentamento mantém-se em patamares elevados, oscilando entre o desespero e a desmotivação.

 

Portugal parece uma caldeira quase a ferver e assemelha-se a um vulcão perto de explodir.

 

Não estamos à beira de uma revolução. Estaremos, sim, na iminência de uma ebulição social.

 

O panorama é grave. Para muitos, o alvo já não é a classe política. É o vizinho, o colega, o empresário, o transeunte.

 

É, no fundo, toda a gente que se sente ameaçada. Os assaltos, mais que muitos, são um indicador de que, de noite ou de dia, já vale tudo.

 

Que, ao menos, os responsáveis não façam de conta. Que olhem para a realidade. E que tentem fazer alguma coisa para o povo. E com o povo.

 

Apesar de tudo, continuo a (querer) acreditar que melhor é possível. Ainda.

publicado por Theosfera às 00:00

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