O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2011

Manuel Fraijó chama a atenção para a situação que vive a Teologia na hora presente.

 

Talvez com algum exagero, diz que, há quarenta anos, não há um projecto de grande fòlego.

 

Curiosamente, nunca, como hoje, terá havido tanta gente preparada nesta área do saber.

 

A Teologia é muito repetitiva, pouco existencial. Mais voltada para o texto do que para o contexto.

 

Quem alerta é estigmatizado. Isso conta muito e condiciona bastante.

 

Importa reflectir. Urge inflectir.

publicado por Theosfera às 16:31

Uma vez mais, estamos a essencializar o que é relativo e a relativizar o que é essencial.

 

A esta hora, andamos a ver quem é que está mais entalado.

 

O Bloco de Esquerda apresentou uma moção de censura que, apesar de previsível, parece que apanhou toda a gente de surpresa.

 

Para surtir efeito, precisa do apoio da direita. Se surtir efeito, abrirá caminho à direita.

 

Mas, com a perspectiva de a direita chegar ao poder, partidos como o PC e o BE têm mais hipóteses de crescer.

 

Só que nada disto é essencial. E é pena que nos entretenhamos nisto quando o país está numa situação tão difícil.

 

Era bom que nos habituássemos a respeitar os prazos das legislaturas. Só em casos excepcionais, deveria haver interrupções.

 

A Espanha está perto, mas, neste capítulo, parece bem longe. A estabilidade, no país vizinho, tem sido a regra.

 

Depois, soluções messiânicas não existem. Poderá haver alternância, mas há garantias de haver verdadeira alternativa?

 

O desfecho poderá ser o mesmo executado pelos mesmos ou o mesmo executado por diferentes.

 

Porque, para o mal e para o bem, quem decide o que se passa em Portugal é o exterior, são os mercados, é a Alemanha.

 

Empenhemo-nos todos em reconstruir o país. Todos são necessários. E não andemos a queimar etapas que podem derreter o futuro.

publicado por Theosfera às 16:22

A Europa tem a sua população espalhada por diversos países. Mas a força do dinheiro parece residir na Alemanha.

 

E, como reza um adágio francês, «qui a l'argent a le pouvoir».

 

Bem pode apelar-se para o presidente da Comissão Europeia ou para o presidente do Conselho Europeu.

 

Na hora da verdade, a Alemanha dita regras e impõe leis.

 

Não é edificante, mas acaba por ser inevitável.

 

Muitos protestam, mas quase todos se curvam.

 

A Alemanha já foi derrotada política e militarmente, mas consegue sempre reerguer-se economicamente.

 

Na hora que passa, a senhora Merkel comporta-se como uma autêntica líder europeia.

 

O resto são jogos florais, uma espécie de «mind games» para avivar o que se vai perdendo: autonomia.

 

A cultura da negociação está a connverter-se numa cultura da imposição.

 

Em hora de crise, a Europa devia afirmar-se de outra forma.

 

Gary Lineker disse, um dia, que o futebol é um jogo de onze contra onze e, no fim, ganha a Alemanha.

 

A União Europeia está a ir por aqui. Trata-se de um conjunto de reuniões, cimeiras e tratados, mas, na hora da verdade, a Alemanha tem a última palavra.

 

Todos opinam. A Alemanha decide.

 

Não será bem assim, mas pouco falta. 

publicado por Theosfera às 16:12

A desinformação convive, a esta hora, com a vontade de saber e a necessidade de informar.

 

Circula a informação de que Mubarak já não está no Cairo.

 

A comunicação de ontem terá sido, porventura, uma forma de ganhar tempo e de sair sem ser incomodado.

 

As próximas horas serão clarificadoras.

 

Creio que, para já, é possível concluir que o que se está a passar no Egipto não é filiável em qualquer paradigma a que estávamos habituados.

 

Não há o radicalismo fundamentalista que o mundo temia. Nota-se, sim, uma porfia insistente pela liberdade.

 

E isto também distingue o povo egípcio do ocidente. Não se está a lutar por salários, por férias ou por promoções, embora o custo de vida seja um factor sempre a ter em conta. O que está a acontecer é uma luta pela liberdade.

 

O Egipto é uma sociedade jovem. A média de idades é muito baixa. A persistência, porém, está a revelar-se anormalmente elevada.

publicado por Theosfera às 16:07

Não posso esquecer, neste dia de Nossa Senhora de Lourdes, quem é acometido pelo mistério da dor, pelo mistério do sofrimento.

 

Penso na dor física, na dor moral, na injustiça. Penso nas vítimas da calúnia, da difamação, da inveja, da intriga malsã, da insinuação torpe. Estou com todos. Rezo por todos.

 

Não esqueço também tanta gente que, de perto ou de longe, me pede oração.

 

A minha oração é pobre, muito pobre. Mas ofereço-a com a melhor vontade.

 

Tenho a certeza de que todos irão melhorar. O sol da felicidade há-de brilhar me todos os corações!

publicado por Theosfera às 10:54

«Nem sempre vou dizer o que queres ouvir, mas vou ouvir sempre o que queres dizer».

Assim escreveu (subtil e magnificamente) Alex Araújo.

publicado por Theosfera às 00:00

Quinta-feira, 10 de Fevereiro de 2011

Afinal, Mubarak não se demitiu.

 

Está, no fundo, a adiar o inadiável.

 

Ele sabe que tem de sair. Só não percebeu que quanto mais depressa melhor.

 

Os radicalismos podem explodir e as vítimas arriscam-se a aumentar.

 

A saída de Mubarak não é tudo. Mas é o fim do princípio.

 

Há que salvaguardar a dignidade das pessoas e devolver a decisão ao povo.

publicado por Theosfera às 21:49

Parece que o Egipto está à beira de fazer história.

 

Mubarak apresta-se para deixar o poder.

 

Não é um golpe. É o clamor do povo.

 

Atenção ao que se está a passar.

 

Que a paz prevaleça.

publicado por Theosfera às 19:06

Todo o ponto de vista acaba por ser a vista de um ponto.

 

Esta percepção alicerça uma verdade elementar: é praticamente impossível haver imparcialidade.

 

O jornalismo não é excepção. Por muito esforço que haja, a parte por que se toma partido assoma sempre à superfície.

 

É, por isso, com pesar que se vêem certos escrúpulos acerca da forma como a comunicação social está a acompanhar a situação do Egipto.

 

As situações excepcionais tratam-se excepcionalmente.

 

Como é que se pode ser isento perante uma luta pela liberdade?

publicado por Theosfera às 18:59

O Egipto pode ficar sem presidente, ainda hoje. Portugal pode ficar sem governo daqui a pouco mais de um mês.

 

Os jornais dizem que Hosni Mubarak pode demitir-se ainda esta noite. A esperança escorre na alma das pessoas. No entanto, o que virá?

 

O Bloco de Esquerda acaba de anunciar uma moção de censura ao Governo para dia 10 de Março, o primeiro dia em que tal pode ser feito. É que o Presidente da República toma posse no dia anterior.

 

A incerteza paira. A instabilidade ameaça. O presente não é brilhante. Mas será que o futuro será melhor? Ou não será que, com outros, continuaremos a ter mais do mesmo?

 

Aguardemos. Só pedimos serenidade, moderação e sentido do interesse comum.

publicado por Theosfera às 16:40

Os livros tendem a ser lidos conforme são escritos. A autobiografia de Tony Blair lê-se de um fôlego porque foi escrita de um fôlego.

 

Tratando-se do percurso de um político, é interessante notar como lhe subjaz o factor humano no mais ínfimo pormenor.

 

Há, ali, vibração, intensidade, mas também rivalidades, invejas e competições.

 

Aliás, de certa forma, estamos perante uma espécie de dois em um.

 

O livro fala de Blair e, quase a par, de Gordon Brown, o grande rival, que se tornou seu sucessor.

 

De resto, várias vezes aparece a expressão TB/GB.

 

Há uma marcação mútua entre os dois homens. O partido e o país pareciam demasiado pequenos para os dois.

 

No entanto e apesar de todas as peripécias, os dois homens conseguiram coexistir no mesmo governo.

 

 

Com a autobiografia de Hans Kung parece ocorrer o mesmo. Fala-se quase tanto de Ratzinger como do próprio.

 

Eis uma grande lição: o mesmo não é nada sem o diferente; o eu não sobrevive sem o tu.

 

Voltando a Blair, há expressões de grandeza na explanação dos grandes dramas vividos, nomeadamente no que toca à intervenção militar no Iraque.

 

Este facto haveria de marcar (irremediavelmente) a trajectória de Blair.

 

Dá para ver como os partidos, na ânsia de sobreviver, são capazes de descartar as pessoas a quem, um dia, juraram fidelidade.

 

A partir de certa altura, o Labour queria desfazer-se de Blair para continuar no poder. Sucede que a estratégia saiu gorada, pois, com Gordon Brown, veio a derrota.

 

Blair intuiu o ar do tempo e renovou o discurso e a prática. Ainda hoje, há quem, na esquerda, não se reveja na famosa terceira via.

 

Parece heresia um político trabalhista criticar Keynes e ser defensor da iniciativa privada em todos os segmentos da vida.

 

As ideologias são um caldo cada vez mais insosso e híbrido, onde as contradições mais insanáveis aparentam caber.

 

Há muitas confidências interessantes, como a de ficarmos a saber que foi ele, Tony Blair, o responsável pela canditatura de Durão Barroso à presidência da Comissão Europeia. Um trabalhista apoia, portanto, alguém de pendor mais conservador.

 

Acresce que faz várias referências elogiosas a políticos de quadrantes opostos ao seu. São óptimas as relações que cultiva com George Bush, com Sarkozy, com Angela Merkel.

 

Quanto aos Estados Unidos, sublinha a inteligência de Bill Clinton. E, para espanto geral, afirma que o político mais inteligente que conheceu foi o presidente de Singapura.

 

Fala da vida privada com afecto embevecido. O filho mais novo nasceu-lhe em Downing Street. Mostra-se reconhecido à esposa e reconhece-lhe o espírito independente.

 

A família real mereceu-lhe o maior respeito e ficou muito marcado pela morte inopinada da princesa Diana. Foi ele o divulgador da expressão que se tornou célebre: a princesa do povo!

 

Não esconde a delicadeza na relação com a imprensa e a apetência desta para escândalos. Teve de sacrificar vários colaboradores (incluindo ministros) por causa de notícias vindas a público.

 

Não falta sequer uma menção à relação, nem sempre fácil, com o vinho. Da sua parte, houve sempre comedimento, mas reconhece que há uma tendência para abusos. Afinal, «ser humano é ser frágil».

 

A saída da política não foi linear e deixou feridas. Sente-se que foi uma decisão tomada a contragosto. Via-se com energia para continuar até porque ainda era novo. «As coisas nunca estão acabadas».

 

Confesso que esperava que falasse da sua opção pela Igreja Católica. Mas sobre isso nada diz. Fala bastante, contudo, da importância da fé na sua vida.

 

Aliás, criou mesmo uma Fundação para a Fé, a que continua a presidir.

 

Diz sentir-se bem na sua nova vida. Até porque (para espanto geral), assume «a felicidade de der uma paixão maior do que a política, que é a religião».

 

Inesperada, esta confidência.

 

Para um homem que crê, o maior poder não consiste em mandar, mas em libertar. Nem sempre Blair terá sido coerente. Os extremismos que diz ter combatido no Iraque foram exacerbados.

 

Fique, entretanto, a lucidez das suas últimas palavras: «Não é o poder da política que liberta as pessoas; o poder das pessoas é que é necessário para libertar a política».

 

Mas quem está disposto a reconhecer o primado da pessoa e da decisão pessoal?

publicado por Theosfera às 14:15

As pessoas preparam-se, qualificam-se e algumas até trabalham. Só que é tudo precário.

 

Mas há também muita gente que se resigna, que não arrisca, que fica à espera de que as coisas aconteçam.

 

Há muitos que rejeitam trabalho. Na expectativa do emprego desejável, não aceitam o emprego possível.

 

 A geração sem remuneração parece ser, assim, a geração sem esperança. E sem este capital, nenhum ganho se obterá.

publicado por Theosfera às 11:19

Sempre pensei que o aborto não se limita à eliminação da vida no ventre materno. Há tantos abortos depois do nascimento!...

 

Ontem, tomámos conhecimento de um caso arrepiante.

 

Uma senhora foi encontrada sem vida na cozinha da sua casa. O problema é que já terá morrido há nove anos!

 

Ali esteve. Abandonada em vida. Abandonada na morte.

 

Alguns vizinhos terão alertado a família e as autoridades, mas, por fas ou por nefas, nunca chegaram a arrombar a porta.

 

Terão chegado à conclusão de que desapareceu.

 

As autoridades perderam o rasto da pessoa, mas não se esqueceram da contribuinte. Deram conta de havia uma dívida.

 

As finanças levaram a casa a leilão. Quando, finalmente, entraram, deram conta de que a porta custava a abrir.

 

Só nessa altura repararam no que tinha acontecido. O corpo da infausta senhora estava depositado na cozinha.

 

O gato e os pássaros, que lhe faziam companhia, também jaziam mortos junto à janela.

 

Quantos não serão os idosos que correm risco semelhante?

publicado por Theosfera às 11:14

Peguemos, então, no argumento da liberdade.

 

Dizem que quem for contra o aborto que seja. Mas alegam também que quem quiser praticar o aborto não deverá ser impedido.

 

O problema é que este acto é praticado com o dinheiro dos outros, inclusive dos que não aprovam o aborto.

 

Acresce que, numa altura em que o dinheiro escasseia, é difícil perceber que, em apenas quatro anos, tenham sido gastos cem milhões de euros em mais de 63 mil abortos.

 

Segundo dizem, o aborto tem mais apoio monetário que a criação de uma criança!

 

Não quero fazer moralismo e não me passa pela cabeça julgar quem quer que seja. Só Deus sabe o drama interior de tanta gente atirada para as malhas do aborto.

 

Mas daí até subsidiar a prática do aborto vai uma grande distância.

publicado por Theosfera às 11:07

É a força que nos estimula, mas é a fragilidade que mais nos expõe.

 

Se repararmos bem, é nos momentos de fragilidade que melhor nos conhecemos e conhecemos os outros.

 

Quem nunca bateu no fundo não chegou à verdade de si mesmo.

 

Pertinente, por isso, é a afirmação de Tony Blair, na sua recente autobiografia, quando assinala que «ser humano é ser frágil».

 

Jesus revelou-nos a verdade definitiva de Deus na fraqueza suprema da Cruz. Aí Se deu inteiramente pela humanidade.

 

Um dos homens mais admirados do século XX (o teólogo Dietrich Bonhoeffer) revelou toda a sua energia na fragilidade do campo de concentração de Auschwitz. Foi nessa fragilidade que se mostrou maximamente coerente, luminosamente resistente e exemplarmente insubmisso.

 

Não é fácil lidar com a fragilidade. Às vezes, a força não passa de um disfarce.

 

Aliás, é na fraqueza que se manifesta quem é verdadeiramente forte.

 

Ser forte no êxito é quase redundante. Manter-se forte no fracasso é coisa que está ao alcance de poucos.

 

Somos tentados a passar grande parte do tempo a esconder as fraquezas, como se a nossa identidade pudesse ser ameaçada.

 

A fragilidade não nos apouca. Ela é o nosso maior (porventura, o único) retrato.

 

Ter medo da fragilidade seria ter medo de nós mesmos.

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 09 de Fevereiro de 2011

Quando alguém contou a um sábio egípcio que tinha sido inventada a escrita, ele respondeu: «Que pena, a humanidade vai começar a perder a memória».

 

É claro que não perdeu, mas começou a mobilizar-se menos a capacidade de memorização.

 

Há, sem dúvida, uma grande segurança quando se faz uma conferência lendo um texto escrito. Ou quando, como agora se faz, se leva uma série de subsídios audiovisuais, como os famosos power-points.

 

Só que, como alerta Sofia Gubaidulina, perde-se «a espontaneidade da cultura oral» e «o momento da comunicação espontânea».

 

De facto, «quando uma pessoa tem coragem de virar as costas à escrita e começa a comunicar oralmente, nasce um clima completamente diferente de entrega da parte de quem dá e de quem recebe».

 

É claro que, sem escrita, não teríamos acesso a maravilhas como a literatura, a ciência e a música.

 

Conjugar é o caminho. Cada evolução não pode reduzir a cinzas o caminho anteriormente percorrido. Falta, porém, serenidade para integrar o melhor do passado no melhor do futuro.

 

No tempo das especialidades (e até das subespecialidades), é fundamental não perder de vista a importância do todo, do global, do abrangente, do total.

 

A verdade está (mesmo) na totalidade!

publicado por Theosfera às 11:06

Espantamo-nos a jusante com aquilo que, de certa forma, fomentámos a montante.

 

A escolaridade nem sempre é aliada de um acréscimo de conhecimentos.

 

Estupefacto estava, ontem, o professor porque o aluno queria saber se Mona Lisa era a mulher de Picasso. Petrificado ficou quando uma colega, pressurosa, corrigiu o dislate assegurando que, nada disso, Mona Lisa era, sim, a esposa de Leonardo DiCaprio!

 

Podemos multiplicar casos que tipificam, cada vez mais, uma tendência: o estímulo, desde há muito, na aprendizagem orienta-se para a competência com as tecnologias. E, nesse capítulo, as novas gerações dão provas de suma mestria.

 

Não esqueçamos que estamos num tempo em que a tecnologia se sobrepõe à cultura como paradigma de saber e como trampolim para o sucesso.

 

Para aferir a cultura, o padrão é (era?) sobretudo o livro. Para avaliar a competência, o instrumento é, antes de mais, o computador e o que lhe está ligado.

 

O mais preocupante é a pulsão para o pensamento único. Só damos conta do que se ganha e não atendemos ao que se vai perdendo.

 

publicado por Theosfera às 10:47

Urias é um dos personagens bíblicos cuja história constitui uma referência imorredoura para um determinado tipo de conduta.

 

Nunca falta quem mande os outros para o combate.

 

Por um imperativo de dever, eles vão. Eles dão-se e expõem-se a toda a sorte de perigos.

 

Vão não para defender algo seu. Vão para dar a vida, se for esse o caso, por aqueles que os mandam para o combate, os quais, por sinal, ficam em casa.

 

Estes, como se não bastasse, apropriam-se do que pertence ao pobre combatente.

 

Mas a perfídia não fica por aqui. A ordem é para que Urias vá para a frente do combate. Para triunfar? Não. Para morrer.

 

É com alívio que os chefes tomam conhecimento do desfecho. Mas também não há notícia de que os seus próximos o tenham chorado. Urias era (é?) mesmo para descartar, para eliminar, para esquecer.

 

Os grandes deste mundo não descansam enquanto não eliminarem os pobres urias desta vida.

publicado por Theosfera às 10:40

Un cura que le dice a un niño: ¿Entonces tú quieres ser cristiano?

Y el niño responde:

No, yo prefiero ser Messi!

publicado por Theosfera às 10:33

Terça-feira, 08 de Fevereiro de 2011

Com a internet, não é preciso sair de casa para estar no mundo.

 

O mundo está em casa e a casa está no mundo.

 

É um milagre a que muitos se habituam desde a mais tenra idade.

 

O pior é que, nesta interacção, tudo é um pouco indedeterminado.

 

Em casa, entra o melhor e o pior.

 

A imprevidência é gritante. O primeiro impulso é para entrar na corrente.

 

Dão-se informações. Oferecem-se perfis. Marcam-se encontros.

 

É um jogo muito perigoso.

 

Hoje é o dia da internet segura.

 

Se nada é seguro neste mundo, não espanta que a internet não o seja.

 

Mas é preciso prevenir. É fundamental que as novas gerações não fiquem tão expostas.

 

O mundo tem de ser um lugar habitável. 

publicado por Theosfera às 21:43

Há notícias que não deviam ser dadas. Há factos que não deviam ser cometidos.

 

O problema não está nas notícias. Está na realidade.

 

Mais de 40 senhoras foram assassinadas, no decurso do ano pretérito, pelas pessoas com quem viviam.

 

A família, nascida para ser um remanso de paz, está a tornar-se um impetuoso vulcão.

 

No sábado, um indívíduo matou o genro à frente da neta. A vítima estava separada da filha do autor do crime e passava em visita. Cinco tiros assinalaram o desfecho de uma relação que, pelo que dizem, se vinha degradando.

 

A família é um retrato do mundo. A família é um pequeno mundo. Quando é que o mundo se tornará uma grande família?

publicado por Theosfera às 10:46

1. Na paisagem cinzenta dos nossos dias, ainda há vislumbres de sol que prenunciam manhãs de esperança.

 

O Ano Europeu do Voluntariado tem, pelo menos, o condão de servir de alerta para tanto bem que é semeado nas estradas tumultuosas da vida.

 

É claro que tudo se queda por brevíssimas notas de rodapé, já que o sumo dos conteúdos informativos aponta noutro sentido.

 

Quem acompanha o quotidiano noticioso apercebe-se de que, como advertia o Padre Manuel Antunes, o negativo tem mais audiência que o positivo.

 

Como a realidade tende a ser aferida (unilateralmente) pelo que aparece na comunicação, a ideia que se tem é que este mundo não passa de uma selva.

 

Mas, embora haja uma parte de verdade nesta percepção, importa perceber que (ainda) resta muito de bom na alma das pessoas.

 

 

2. O nosso mundo não está tingido apenas pelo negrume da violência e da exploração. Está também adornado por gestos heróicos de amor, partilha e solidariedade.

 

É preciso ter presente que há muita gente que se priva do seu tempo e do seu descanso para se dedicar à arte mais nobre que existe: a arte de praticar o bem.

 

Trata-se de gente de todas as idades e de todas as condições sociais, de todos os quadrantes políticos e de todas as famílias religiosas.

 

Mostram que o bem não é selectivo nem condicionado. Mostram que o bem é para todos e é para sempre.

 

Não reclamam compensações nem ambicionam reconhecimentos. Onde há um perigo, eles encontram uma oportunidade, uma oportunidade de fazer o bem.

 

 

3. Nesta época, que muitos dizem desperdiçada, há muitos jovens, que alguns consideram perdidos, que ocupam as férias em acções de voluntariado.

 

E não falta também quem, ao longo do percurso escolar, desenvolva projectos de voluntariado. São formas de crescer na mais acutilante sabedoria: a da bondade.

 

Também é reconfortante ver profissionais que conseguem inventar tempo para ajudar quem mais precisa.

 

A experiência mostra, aliás, que as pessoas mais ocupadas são também as que conseguem ser mais disponíveis.

 

A sua alma é maior que a sua carga de trabalhos.

 

São pessoas que não se deixam devorar pelo tempo nem consumir pelo desgaste.

 

São pessoas que rejuvenescem com o passar dos anos.

 

São pessoas que transportam um sorriso ainda que alojem mágoas no fundo do seu ser.

 

 

4. Um ano como este serve, por isso e essencialmente, de abanão de muitas consciências que se mantêm adormecidas.

 

Se há projectos que merecem ser apoiados são os de voluntariado. Porque são eles que puxam pelo que de melhor subsiste no interior da pessoa. E porque são eles que, no fundo, revelam o mais importante do ser homem e do estar no mundo.

 

O ser humano nunca pode afirmar-se sem o outro ou contra o outro. O ser humano só pode afirmar-se com o outro, ao lado do outro, em favor do outro.

 

É por isso que, ao contrário do que dizia Sartre, o inferno não são os outros. O inferno, como advertiu o Abbé Pierre, é viver sem os outros.

 

 

5. O Ano Europeu do Voluntariado servirá, por isso, para sensibilizar e para mobilizar.

 

É importante que se conheça o que está a ser feito. É decisivo que cada um veja o que pode (ajudar a) fazer.

 

No voluntariado, há sempre lugar para mais um. Aqui, não prevalece a competição, mas a entreajuda.

 

No voluntariado, cada um luta não para ser o melhor, mas para dar o seu melhor.

 

É por isso que o voluntariado não é jamais um apêndice para quem nada tem para fazer ou para quem acha que já tudo fez.

 

O voluntariado pertence ao essencial da vida. Ele traz a sementeira de uma cultura diferente e a nascente de um mundo renovado.

 

No fundo, são as suas iniciativas que nos levam a acreditar que, afinal, o melhor continua a ser possível.

 

publicado por Theosfera às 00:00

Segunda-feira, 07 de Fevereiro de 2011

O negativo tem mais audiência que o positivo. A violência excita mais que a paz. A fractura e a clivagem atraem mais que a harmonia.

 

E nem sequer valorizamos o que de bom (e belo) se vai semeando por este mundo.

 

O que está a acontecer no Egipto escapa, para já, aos padrões a que estávamos habituados.

 

Ainda ontem, vimos na televisão a cruz ao lado do crescente.

 

Segundo alguma imprensa, os muçulmanos formaram um cordão para que os cristãos fizessem as suas orações com serenidade.

 

Na sexta-feira, diante santo para o Islão, foram os cristãos a formar um cordão para que os muçulmanos orassem com tranquilidade.

 

Estamos na semana mundial pela harmonia inter-religiosa.

 

Estes são sinais de um futuro que julgaríamos distante, mas que até pode estar a germinar muito em breve.

publicado por Theosfera às 13:53

Não dá para esquecer apesar de as estradas do tempo acelerarem, cada vez mais, a velocidade da existência.

 

Mas aquela madrugada nunca se apaga. Nem aquele rosto que se ia apagando, sem nunca se extinguir.

 

Eram 5h35 de 7 de Fevereiro de 1997. A respiração começou a enfraquecer até que, àquela hora, parou. A 7 de Fevereiro de 1997 meu querido Pai foi chamado para junto do eterno Pai.

 

Foi há catorze anos. Parece que foi ontem. 

 

Por tudo, muito obrigado, meu querido Pai. Sei que continuas em mim, comigo. Sempre.

publicado por Theosfera às 11:00

Meu Pai,

de olhos embaciados,

voz soluçante

e mãos trémulas,

aqui venho,

aqui estou,

junto de ti.

 

Há catorze anos

(completaram-se às cinco e meia da manhã deste dia 7),

olhava para teus olhos

e registava o teu último suspiro.

 

 

Parece que foi ontem,

parece que foi há instantes.

 

 

Não nego que me custou esse momento

e que ainda me dói essa imagem:

teu rosto cansado

exalava uma derradeira respiração.

 

 

Mas sabes muito bem

que tudo foi como quiseste,

tudo foi como pediste.

 

 

Estavas em casa,

e eu estava a teu lado.

 

 

Nunca te senti longe.

Mas, humano como sou,

sinto a tua falta,

o teu apoio,

os teus conselhos e recomendações,

a tua energia indomável.

 

 

Sei que estás bem,

em Deus.

 

Tenho feito o que me pediste.

Em nenhuma Eucarista te esqueço.

Lembro-te sempre ao Senhor.

Tu tens-me amparado sempre.

 

 

Eu recordo-te não como um morto,

mas como vivo e muito próximo.

 

 

Obrigado, meu Pai.

Tu partiste,

mas nunca me deixaste.

 

 

Eu sinto a tua presença,

treze anos depois.

 

 

Um dia nos encontraremos aí,

onde tu estás,

nessa pátria maravilhosa

de felicidade e paz.

 

 

Aí nos abraçaremos

e abraçados permaneceremos para sempre

em Deus!

publicado por Theosfera às 10:59

Voltei, anteontem, ao cemitério. Desta vez, estava sol e não fazia demasiado frio. Mas continuava a tumultuar, cá dentro, de saudade.

 

Levei uma flor, depositei uma prece e lancei fugidios olhares para o horizonte.

 

A minha terra natal que povoou a minha infância parece quase toda já depositada na terra.

 

A vida é assim. Há nascer, crescer e morrer.

 

A eternidade como será?

publicado por Theosfera às 10:55

Faz hoje cento e dois anos que nasceu um grande crente, um grande pastor, um grande coração, um enorme ser humano.

 

Chamava-se Hélder. Viu Deus no Homem, sobretudo nos pobres.

 

Recebeu ameaças, mas não desistiu.

 

Espécimen de uma estirpe que já rareia, faz bem evocar D. Hélder da Câmara. Sobretudo para imitar o seu exemplo e para seguir o Jesus que ele tão belamente nos mostrou.

publicado por Theosfera às 10:54

Já não falta quem compare a célebre composição dos Deolinda ao E depois do adeus, de Paulo de Carvalho.

 

O impacto é, de facto, semelhante, embora ainda esteja longe na proporção atingida.

 

Só que há uma diferença nada despicienda.

 

É que as músicas de intervenção de outrora, sendo de protesto, entreviam mudanças. Sabiam, por isso, a esperança.

 

Esta é diferente. Dá corpo e voz a um lancinante grito de desespero de toda uma geração que se sente perdida e se vê enganada.

 

Há um desencontro colossal de expectativas.

 

As pessoas preparam-se, qualificam-se e algumas até trabalham. Só que é tudo precário, atrasado.

 

A geração sem remuneração parece ser a geração sem esperança.

 

E sem este capital, nenhum ganho se obterá.

 

Esperemos que este sol se aloje nos corações. 

publicado por Theosfera às 10:45

Dizem que a economia continua anémica e que a solidariedade também não está pujante. 

 

Não se criam postos de trabalho suficientes e o fosso aumenta: os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. 

 

Em síntese, o Estado não está bem, mas a sociedade não está melhorr. Falta crescimento, falta entusiasmo, falta justiça.  

 

Mil milhões de pessoas vivem com menos de 73 cêntimos por dia! 

 

 

 

 

 

publicado por Theosfera às 10:44

Sexta-feira, 04 de Fevereiro de 2011

Mubarak diz que só não sai já do poder para evitar que o país caia no caos.

 

Mas o que está a acontecer agora é o quê?

 

Uma declaração destas não é filha do discernimento, mas do desespero.

 

A revolução não será o fim de todos os problemas. Mas a teimosia dos poderosos está a abortar o princípio de qualquer solução.

publicado por Theosfera às 09:42

Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2011

 

Parece que é o êxito do momento.

 

Trata-se de um êxito que retrata a situação do momento. A esperança já não motiva?

 

Nasce-se com todas as expectativas em aberto. Cresce-se com quase todas as portas fechadas.

 

Sou da geração sem remuneração

E não me incomoda esta condição

Que parva que eu sou

Porque isto está mal e vai continuar

Já é uma sorte eu poder estagiar

Que parva que eu sou

E fico a pensar

Que mundo tão parvo

Onde para ser escravo é preciso estudar

Sou da geração "casinha dos pais"

Se já tenho tudo, pra quê querer mais?

Que parva que eu sou

Filhos, maridos, estou sempre a adiar

E ainda me falta o carro pagar

Que parva que eu sou

E fico a pensar

Que mundo tão parvo

Onde para ser escravo é preciso estudar

Sou da geração "vou queixar-me pra quê?"

Há alguém bem pior do que eu na TV

Que parva que eu sou

Sou da geração "eu já não posso mais!

"Que esta situação dura há tempo demais

E parva não sou

E fico a pensar,

Que mundo tão parvo

Onde para ser escravo é preciso estudar.

 

publicado por Theosfera às 21:18

Há quem esteja, cada vez mais, empenhado em domesticar tudo. Até a consciência. Até o pensamento.

 

O pragmatismo acaba por ditar as suas leis.

 

É hora de, sempre pela via da paz, manter a serenidade e nunca transigir do que somos.

 

Abdicar de ser é desistir de viver.

publicado por Theosfera às 11:21

Os espinhos estão a macular o suave odor da rosa da democracia.

 

O poder autoritário está a resistir e a lançar fermentos de divisão.

 

As mortes aumentam de dia para dia.

 

O Egipto está na rua e, agora, a mergulhar em algum sangue.

 

Mas alguém conseguirá evitar o inevitável?

publicado por Theosfera às 11:18

Terça-feira, 01 de Fevereiro de 2011

O poder resiste, mas o povo insiste.

 

E há arquétipos que vão caindo, porque, se não tombassem, era um bem maior que se eclipsava: a justiça e a liberdade.

 

O povo está a desobedecer a ordens superiores e a pulverizar uma ordem, toda ela, injusta.

 

É muito reconfortante ver uma nação inteira a guiar-se por um imperativo de consciência comum.

 

Como refere Stéphane Hessel, «a legitimidade dos valores é mais importante que a legalidade do Estado».

 

Faz falta, entre nós, quem se assuma à altura dos tempos. É perigosa e muito perturbadora esta anemia do pensamento. Alguém (um líder, um ídolo ou simplesmente uma corrente) decide e todos seguem, todos entram na onda.

 

Andamos amestrados, deixamo-nos carneirizar. Paulo Nozolino lastima esta nossa «incapacidade de pensar». A cabeça das pessoas «está cada vez pior».

 

Apenas gritamos. E somente quando em causa está o que é nosso. O grande problema - nota Nozolino - «é nunca nos pormos nos pés dos outros».

 

Olhemos para a África.

publicado por Theosfera às 21:52

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