O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 25 de Fevereiro de 2011

Confesso que me impressionam o pessimismo iluminado e a contundência lúcida de Enrique Vila-Matas.

 

Há quem, em nome do pensamento positivo, evoque o que não se vê, o que provavelmente não existe.

 

O escritor catalão coloca o dedo numa ferida muito sensível.

 

Para ele, a literatura não passa por um bom momento. Discorre mesmo sobre o fim da literatura e dos verdadeiros escritores.

 

É claro que se escreve muito, hoje em dia.

 

Mas, no geral, a qualidade anda afastada.

 

Eu sei que isto fere muitos e desencanta alguns.

 

Mas partilho do essencial deste diagnóstico. «A situação actual da literatura não poderia ser mais lamentável».

 

Concretizando, «o pior defeito que os escritores têm é a vaidade. Há, no meio dos escritores, uma quantidade de gente de valor muito discutível, mas acham-se absurdamente importantes. Suspeito que há gente de maior nível intelectual noutros meios, como o científico. O convencimento e a vaidade deveriam ser banidos da literatura porque são sempre sentimentos estúpidos».

 

E vem uma regra de ouro: «Onde há humildade, há saber».

 

Sem humildade, não há procura. E a procura é a bússola que acede à sabedoria. Que é muito diferente da presunção.

 

Hoje tende a predominar o deslumbramento. O que aparece em muitos livros, jornais e sítios da net deixa muito a desejar. Não há muita qualidade. A rapidez de uma opinião quase ofusca, como denuncia José Manuel dos Santos, a lentidão de um pensamento.

 

É claro que há excepções. Mas, como sempre, servem apenas para confirmar a regra.

 

É a regra da mediania que prevalece. Que ocupa o espaço.

 

Até porque, volto a Vila-Matas, os leitores tornaram-se mais passivos que interessados.

publicado por Theosfera às 10:26

Há mais uma suspeita (sempre ela) a macular uma decisão de acaba de ser tomada.

 

Havia um programa, na Sic-Notícias, que colocava o dedo em algumas feridas.

 

Era conduzido por Mário Crespo e tinha como comentador principal Medina Carreira. Na última edição, juntou-se-lhes Henrique Neto.

 

Pode não se gostar do estilo, nomeadamente da contundência, mas há uma pertinência indiscutida no que é dito.

 

Soube-se que, entretanto, o programa foi suspenso. A justificação oficial é a necessidade de reestruturação.

 

Pode ser a realidade. Mas pode também tratar-se de um eufemismo. Até porque antecedentes não faltam.

 

Medina Carreira levava números e apontava factos. Henrique Neto levantou a nuvem acerca do que se passa nalguns bastidores.

 

Confesso que até nem aprecio por aí além este género de intervenção.

 

Mas a liberdade é um princípio.

 

Uma coisa é não ver quem não quer ver. Outra coisa é não poder ver quem pretende ver.

 

E será que é pior identificar os problemas do que provocar os problemas?

 

Estamos em recessão.

publicado por Theosfera às 10:17

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