«Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo quando está a ajudá-la a levantar-se».
Assim escreveu (notável e magnificamente) Gabriel Garcia Márquez.
«Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo quando está a ajudá-la a levantar-se».
Assim escreveu (notável e magnificamente) Gabriel Garcia Márquez.
Dói-me o facto e desgosta-me a notícia.
Se foi verdade, é claro que não foi correcta a atitude.
Um conhecido político terá passado à frente dos pacientes, num centro de saúde, para obter um atestado médico.
Mas daí até dar a notícia de um modo justiceiro, com a exibição de um telefonema para a directora do referido centro, vai uma grande distância.
Deve haver um certo pudor no tratamento destes casos.
Para tristeza já bastam os factos. A informação deve ser pautada por uma elevação discreta. Fazer espectáculo com o degradante só ajuda a degradar.
Uma reflexão é precisa.
Seis da tarde e ainda há uma nesga de sol.
Mas, estranhamente, já tenho saudades do cinzento, da noite, do recolhimento, da reflexão, da obscuridade iluminadora.
Os lucros aumentaram, os salários subiram e ainda houve um prémio monetário para cada trabalhador.
Aconteceu em Portugal, no país da crise.
Seria oportuno fazer um estudo acerca do que funciona bem entre nós.
E nem seria de todo despropositado pedir conselhos aos nossos melhores gestores. Ou até - quem sabe - que dessem um contributo na governação.
É certo que o princípio de Peter tem a sua influência, mas quem sabe gerir bem uma casa ou uma empresa está adornado da melhor credencial.
Ou para servir a coisa pública será obrigatório vir dos partidos?
Os partidos são importantes, mas não esgotam a totalidade das forças vivas de um povo.
Era a primeira coisa que fazia quando o jornal me chegava às mãos.
Antes mesmo do jornal, ia logo ao suplemento. Era como uma leitura antes da leitura.
A crónica de José Manuel dos Santos nunca me desiludia e sempre me interpelava.
Como ele diz, falava pouco do que se fala muito e falava muito do que se fala pouco. Mas, fosse como fosse, fazia-o de uma maneira única, elegante, sem ser afectada.
Pelos vistos, este ritual vai ser interrompido. Interrompido, pois antevejo que não vão faltar propostas para que o autor continue a conviver connosco, seus fiéis leitores.
A liberdade é isto, é a possbilidade de se tomarem as decisões mais inesperadas e as medidas mais descabidas.
Às vezes, é preciso refrescar uma equipa. Só que José Manuel dos Santos destaca-se por isso mesmo: por ter uma escrita refrescante.
Há muita gente a escrever bem. Ninguém, porém, escreve como ele em Portugal.
Também há muita gente convencida e presumida. E, como é óbvio, não falta quem instrumentalize a escrita, fazendo dela uma via de acesso ao poder.
Será que só há lugar para a escrita política e para o comentário desportivo? Ou será crime ter qualidade?
O texto de hoje falava de despedida. Não pensava que fosse a do próprio autor.
Os leitores de um jornal são muito diferentes dos sócios de um clube. Como reagiriam os adeptos do Real se Ronaldo fosse dispensado?
Mas há que aceitar a realidade. Mesmo que não se compreenda muito do que nela ocorre.
As manhãs de sábado não vão ser iguais. Pode ser que outras manhãs se tornem diferentes.
Depois do choque de civilizações, o conflito de interpretações.
Continuam a ouvir-se os desconfiados da revolução, quase a pender para a nostalgia das ditaduras.
Pelos vistos, há quem olhe mais para os seus conceitos do que para a realidade.
Husserl convidou-nos a deixarmo-nos envolver pelas coisas mesmas.
As coisas podem correr mal no Cairo. Mas será que, antes, corriam bem?
Deixemos que o povo celebre a liberdade. E demos tempo para que se alicerce a democracia.
O exemplo - disse Albert Schweitzer - não é a melhor maneira de convencer os outros; é a única.
Eis um pensamento que devia estar gravado em muitos gabinetes ministeriais.
Os despedimentos aumentam, a cada dia. Os sacrifícios crescem, a cada instante.
Parece que o preço pela crise é para ser pago na base.
Porque é que, no topo, não se dá o exemplo?
Não será possível haver governos mais pequenos? Não será viável baixar nos salários dos gestores públicos?
As palavras não valem quando os exemplos não convencem.
É muito doloroso ler notícias destas. Na Espanha, uma irmã foi afastada do seu convento porque tinha uma página no facebook muito visitada.
Haverá, possivelmente, outros motivos para esta decisão. O nosso conhecimento nunca se circunscreve ao que é visto. Depende sempre, muito mais, daquilo que não é visto.
Seja como for, palpita-me que a inveja terá feito o seu caminho e ditado a sua (implacável) sentença.
Há quem não suporte a autonomia nem tolere o êxito.
A irmã foi ao centro de emprego. Mas não pôde inscrever-se porque não descontara para a segurança social.
Aos 51 anos, ainda há muito caminho pela frente. Mas já não será cedo para começar caminhos que se julgariam iniciados.
Os direitos humanos deviam ser letra sagrada em toda a parte.