O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2011

Hoje, S. Sebastião. Amanhã, Sta. Inês. Sábado, S. Vicente.

 

Três dias, três mártires.

 

Para ser mártir, é preciso haver amor. Mas, por estranho que pareça, é preciso também haver ódio.

 

É incrível, mas é mesmo verdade. Sem ódio, não há martírio.

 

O odium fidei é a condição para alguém ser declarado mártir.

 

Estamos, pois, diante de uma mistura explosiva e, ainda por cima, dificilmente explicável.

 

Como é que o ódio se manifesta, regra geral, contra quem mais ama?

 

A fé está cheia de mistérios. E a vida não o está menos...

publicado por Theosfera às 00:05

Hoje as pessoas esperam muito. Sobretudo dos outros. Insiste-se mais nos direitos do que nos deveres.

 

De Barack Obama o mundo espera, talvez, demasiado.

 

Em dois anos não se pode mostrar tudo. E o que mostrou nestes dois anos foi uma espécie de reprise do que já vinha de trás. Obama continuou a mostrar vontade.

 

Falta-lhe, porém, força para inverter a realidade. Há milhões de americanos na pobreza, a sobreviver com apoios caritativos. O desemprego está a subir fortemente.

 

Falar bem não chega. Descomprimir o ambiente não basta.

 

Será capaz Obama de transformar a realidade? Será capaz alguém?

publicado por Theosfera às 00:04

Há quem defenda que devemos calar as dores, afogar os males, ignorar as mágoas e silenciar as injustiças. Confesso que eu mesmo já cheguei a pensar assim.

 

Admiro quem, por estoicismo ou por ascese, é capaz de guardar tudo (incluindo as piores afrontas) no seu íntimo.

 

Não haverá uma regra universal, mas, se absolutizássemos este princípio, nenhuma doença seria curada e nenhum mal seria combatido.

 

Por outro lado, se Ellie Wisel pensasse deste modo, ter-nos-ia privado de obras como Noite, Dia, Amanhecer ou O esquecido, autênticas denúncias da chacina perpretada por Hitler.

 

Se Miep Gies, que acaba de falecer, também pensasse assim, não nos teria legado o extraordinário diário de Anne Frank, outro repositório vivo da tragédia nazi.

 

Aliás, se os primeiros cristãos também enveredassem por este caminho, não nos teriam deixado as actas dos mártires.

 

E, à cabeça de tudo, temos os Evangelhos, que não escondem os horrores por que passou o Filho de Deus.

 

Por muito nobre que seja, o silêncio, por vezes, é aliado da injustiça. E à colação acaba por vir sempre o alerta de Shibi Ebadin: «Se não podeis vencer uma injustiça, pelo menos contai-a a todos».

 

Não caiamos nunca no oitavo pecado mortal, aquele que, porventura, mais nos tenta hoje em dia: o pecado da indiferença.

publicado por Theosfera às 00:03

Não precisa de ser poderoso nem afamado.

 

Não precisa de ser palavroso nem loquaz.

 

Não precisa de concordar nem de (nos) aplaudir.

 

Não precisa de estar sempre a rir e pode até chorar.

 

Não precisa de aparecer a toda a hora, porque, mesmo que não apareça, nós sabemos que ele está.

 

Pode ser alto ou baixo. Pode ser rico ou pobre. Mesmo pobre, é sempre rico.

 

Pode pensar como nós ou pensar de modo diferente de nós.

 

O amigo é sobretudo aquele que está.

 

É o que confia em nós e em quem nós confiamos.

 

É o que está em nós, mesmo que more longe de nós.

 

É o que nos escuta.

 

É o que usa a linguagem da verdade e não da bajulação.

 

É o que não diz nas nossas costas o contrário do que diz à nossa frente.

 

É o que nos diz tudo a nós e jamais fala mal de nós.

 

O melhor presente do amigo é o presente da (sua) presença.

 

É aquele com quem contamos e que conta connosco.

 

É o que chora ao nosso lado. É o que não desaparece nas horas de dor.

 

É o que não nos recrimina. É sobretudo o que nos acompanha.

 

O amigo não precisa prometer nada nem dizer qualquer coisa.

 

Nós sentimos o amigo nas horas de maior aflição.

 

Se o deixamos de sentir é porque, afinal, o amigo não era.

 

Onde está ele, o amigo?

 

A prosperidade sugere legiões de amigos. Mas é a adversidade que os selecciona e a vida que os testa.

 

Amigo é o que permanece quando todos partem.

 

Amigo não tem férias. Amigo é sempre amigo.

 

Amigo é Deus. Amigo é Jesus.

 

Amigo é quem vive o amor de Deus e a amizade de Jesus.

 

A amizade é, quase sempre, o silêncio repartido e a dor partilhada.

 

Quantos são os amigos?

 

Não serão muitos, mas são os necessários.

 

Às vezes, amigo não tem plural.

 

Mas cada amigo não é singular, único, irrepetível?

publicado por Theosfera às 00:01

Orar é ser conservador? Passar muito tempo numa igreja é ser conservador?

 

Testemunhar o Evangelho e a doutrina é ser conservador? 

 

Visitar um doente e um preso é ser conservador?

 

Escutar as pessoas é ser conservador?

 

Não seria tempo de abandonar, de uma vez para sempre, este tipo de rotulagem?

 

Não será conservador quem (só) sabe etiquetar os outros de conservadorismo?

 

Deixemos de querelar por estes motivos, tão vácuos.

 

Substantivemos as nossas discussões.

 

Um cristão é discípulo do maior revolucionário da História, do único que a mudou!

publicado por Theosfera às 00:00

Quarta-feira, 19 de Janeiro de 2011

A campanha eleitoral caminha para a recta final e não deixa grandes saudades.

 

Só que o desconforto não é de agora.

 

Ouvimos dizer que estas são as eleições mais desinteressantes, mas o certo é que há décadas escutáramos o mesmo.

 

Para quem pugna pela moderação e anela por esclarecimento, este tipo de campanha não ajuda.

 

Os ânimos ficam exaltados e o espírito não está nada esclarecido.

 

Eu sei que o ser humano é feito de emoção e este género de acção permite soltar a dimensão emotiva.

 

Também é verdade que, no mundo do espectáculo, é difícil resistir à tentação dos efeitos cénicos.

 

Só que o saldo é claramente negativo e o modelo está gasto.

 

Os candidatos cansam-se, os militantes aparecem, mas o povo não parece ser mobilizado.

 

Seria, pois, de repensar toda esta forma de fazer campanha. Que, além de pouco útil, é muito cara.

 

Quem quisesse candidatar-se apresentava-se numa cerimónia pública e dava a conhecer o seu programa.

 

Preocupar-se-ia mais em mostrar o acerto do que propõe do que em demonstrar o (suposto) desacerto dos restantes candidatos.

 

A comunicação social, incluindo a internet, difundiriam os projectos e o povo reflectiria.

 

Para quê esta coreografia pelo país todo com rios de dinheiro desperdiçado?

 

As campanhas eleitorais nada esclarecem e pouco mobilizam.

 

Há que fazer pedagogia de modo diferente. Com menos dinheiro, mais substância e melhores resultados. 

publicado por Theosfera às 16:19

Xavier Zubiri escreveu que «o pulchrum é algo aberto e que a beleza nunca é algo fechado».

 

Tomás de Aquino, falando da música, escreveu que, «embora os ouvintes não percebam de quando em quando aquilo que é cantado, compreendem todavia por que motivo se canta: para louvar a Deus. E isso é suficiente».

 

E não é a beleza que, como inquiria Fedor Dostoievsky, há-de salvar o mundo? É que a Beleza, como já intuíam os antigos, é, juntamente com a Verdade e com a Bondade, um outro nome de Deus.

 

Foi pena que, durante séculos, tivéssemos esquecido a Beleza. Por isso até se alterou a descrição que Jesus faz de si mesmo em Jo 10,11. Aqui aparece-nos como o «bom Pastor». Mas no original não está assim. Se fosse bom estaria agathós. Mas o que lá aparece é kalós.

 

«Eu sou o belo Pastor» é o que nos surge e é assim que deveríamos ler. É claro que o bom é belo. Mas o belo também não é bom?

 

Para Sto. Agostinho, o belo é o esplendor da verdade e para Heidegger é a manifestação da verdade.

 

Zubiri ajuda-nos a desenterrar o belo do prolongado cativeiro em que esteve retido. A Beleza, tal como a bondade e a verdade, é actualidade da realidade. A realidade é actualizada na inteligência como verdade, na vontade como bondade e no sentimento como beleza.

 

Na vida, precisamos não só de uma filosofia, mas também (e bastante) de uma filocalia. O amor da sabedoria surge sempre irmanado ao amor pela beleza.

 

Segundo von Balthasar, para a sociedade actual a via para chegar a Deus  é a via do 3º transcendental,  o transcendental esquecido, a Beleza.  A Beleza é o Todo que se oferece no fragmento.

 

Bento XVI chama a atenção para uma tentação muito forte, ínsita na cultura contemporânea e até em alguns sectores da Igreja. Trata-se da tendência (ou, melhor, da tentação) para separar a Beleza da Verdade e da Bondade.

 

 Tarefa impossível, porém. As três estão unidas e fundidas em Deus. Deus é a Beleza máxima, a Bondade maior e a Verdade suprema.

 

 A Beleza sem a Verdade reduz-se a um mero deleite estético. É na Verdade que a Beleza é bela.

 

 É claro que custa apelar para a Verdade num tempo que parece ter contrato firmado com a mentira. Mas haverá Beleza sem Verdade?

 

 A dedicação à Verdade acarreta sempre anticorpos. Há quem não suporte a Verdade e faça tudo para torpedear e agredir os que, modestamente, procuram viver no seu seio.

 

 Eis, pois, uma proposta de vida que não podemos desatender: viver a Beleza da Verdade e viver a Verdade da Beleza. No fundo, só a Beleza é verdadeira. E só a Verdade é bela. Deixem-nos procurar a Verdade. E desfrutar da sua Beleza.

 

publicado por Theosfera às 00:03

Já nem a palavra é o que era.

 

Na sua obra Presenças Reais, George Steiner assinala que vivemos na «era do epílogo».

 

Epílogo quer dizer depois da palavra. Em Os Logocratas, o referido autor fala de «pós-literacias», antecipando que será «a imagem, nas suas formas variáveis e indefinidamente reprodutíveis, que dominará a consciência futura». Aliás, hoje em dia, o recurso ao logos «reduz-se praticamente à legenda das imagens».

 

Steiner vê aqui um factor que explica «a derrocada do nosso ensino secundário e o seu desprezo pela aprendizagem clássica, pelo que se aprende de cor. Doravante, uma espécie de amnésia planificada prevalece nas nossas escolas».

 

Num cenário como este, poderá dizer-se que o diálogo é a prioridade? Como fazer passar a palavra e a razão se, na labiríntica cultura pós-moderna, pouca apetência existe pela palavra e pela razão?

 

Para haver diálogo, não é necessário haver perspectivas iguais, mas é indispensável usar instrumentos comuns. Pela sua própria natureza, o instrumento do diálogo é a palavra, é a razão.

 

Podemos discordar quando dialogamos. Mas, pelo menos, entendemo-nos. A questão que a actualidade nos coloca é: que tipo de logos entra no diálogo? O logos, tal como o conhecemos, é uma criação ocidental. Será ele o meio mais adequado para promover o relacionamento com outras civilizações? Não será altura de investir num logos mais abrangente, mais universal?

 

Não nos podemos cingir ao logos racional, conceptual. Urge revalorizar um logos prévio: o logos existencial, o logos pessoal, o logos simbólico, o logos afectivo. A palavra que aproxima não é só a que provém do entendimento. A palavra que aproxima é a que envolve o gesto, o acolhimento, a simpatia, enfim, toda a vida e a vida toda.

 

Digamos que se trata de uma espécie de logos antes do logos, de uma palavra antes da palavra. É por tudo isto que, na hora que passa, a maior urgência da humanidade não é sequer o diálogo. É algo mais elementar. É o encontro, a relação, a aceitação, o respeito, a convivência.

 

O tempo presente é severamente eloquente. Quando dialogamos, emitimos palavras e trocamos razões, mas, muitas vezes, acabamos também por provocar desentendimentos e cavar fracturas.

 

Temos de apostar, então, no diálogo antes do diálogo. No diálogo afectivo antes do diálogo racional.

 

Nesta aldeia global que formamos, ainda não será tempo de nos entendermos, mas é (mais que) tempo de nos encontrarmos, de nos aceitarmos, de nos respeitarmos

 

publicado por Theosfera às 00:02

Um dia, um santo disse a um dos seus religiosos:

— «Vai ao cemitério e insulta os mortos».

O religioso obedeceu. Ao voltar, o santo perguntou-lhe:

— «Que responderam?»

«Nada».

«Pois bem, volta e faz-lhes grandes elogios».

O religioso obedeceu novamente.

«Que disseram desta vez?»

«Nada também».

Replica o santo:

— «Quanto te insultarem ou quanto te louvarem, faz como os mortos».

publicado por Theosfera às 00:00

Terça-feira, 18 de Janeiro de 2011

«O mundo está diferente, pois o homem segura nas suas mãos mortais o poder para abolir todas as formas de pobreza, mas também todas as formas de vida humana».

Assim escreveu (visionária e magnificamente) John Kennedy.

publicado por Theosfera às 11:52

«A pior coisa que têm os maus costumes é serem costumes. Ainda é pior que serem maus».

Assim escreveu (subtil e magnificamente) o Padre António Vieira.

publicado por Theosfera às 11:30

Foi uma pessoa de causas — ouvi dizer a respeito de alguém —, mobilizou muita gente, mas, no fundo, era alguém só. Muito só.

 

Um tijolo não faz uma construção. Mas uma só vida pode mudar o mundo.

 

Se construirmos o edifício da existência com base no Senhor morto e ressuscitado, tudo será possível!

 

Todos somos pequenos por nós, mas todos somos invencíveis n'Ele, só n'Ele, sempre n'Ele!

publicado por Theosfera às 10:57

Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2011

1. É a consciência o mais sagrado património que cada um de nós transporta.

 

É a ela que recorremos para discernir, escolher e actuar. Nada nos move tanto como seguir a sua voz. E nada nos fere mais do que sermos coagidos a violar os seus ditames.

 

A consciência é vista, desde o princípio, como uma espécie de vestígio seminal do divino em cada homem.

 

É neste contexto que o Concílio Vaticano II lhe chama o «santuário secreto».

 

Aliás, já muitos séculos antes, Pierre Bayle descrevia a consciência como «a voz e a lei de Deus». Pelo que «violar a consciência é, essencialmente, violar a lei de Deus».

 

 

2. Não espanta, assim, que Joseph Ratzinger tenha sustentado, em  1968, que, «acima do Papa, está a própria consciência, à qual há que obedecer antes de mais, ainda que seja contra o que diz a autoridade eclesiástica».

 

João Paulo II viria a sufragar esta posição, em 1991, na mensagem para o Dia Mundial da Paz: «Nenhuma autoridade humana tem o direito de intervir na consciência seja de quem for».

 

Neste sentido, «negar a uma pessoa plena liberdade de consciência ou tentar impor-lhe uma maneira particular de compreender a verdade vai contra o seu direito mais íntimo».

 

Foi, porém, sinuoso o caminho da Igreja até chegar a este reconhecimento.

 

Ainda no século XIX, Gregório XVI considerava a liberdade de consciência um «erro pestilento, sentença absurda e errónea ou, melhor dito, uma loucura»!

 

Subsiste, no entanto, uma certa tendência da autoridade para se sobrepor à consciência, para condicionar e controlar a consciência.

 

É claro que a consciência de cada um não pode despontar como um absoluto. É que tanto invoca a consciência quem pratica o melhor gesto como quem comete o mais ominoso crime.

 

 

3. As posições tendem a oscilar entre um subjectivismo extremo e uma presumida objectividade radical.

 

No primeiro caso, voltamos a encontrar Pierre Bayle. Para ele, «um homem que comete um assassínio, seguindo os instintos da consciência, faz uma acção melhor do que se a não fizesse, e os juízes não têm direito de o punir, porque só faz o seu dever».

 

É perante este quadro que alguns pretendem submeter a consciência a uma verdade objectiva.

 

A dificuldade está no apuramento desta verdade objectiva. Nas ciências naturais, como a matemática, a física ou a química, não é difícil localizá-la.

 

Já no que toca aos valores e aos comportamentos humanos, a avaliação é completamente diferente.

 

Quer queiramos quer não, há sempre uma componente de subjectividade.

 

Parafraseando Alçada Baptista, diria que se o homem fosse objecto, seria objectivo; como é sujeito, será sempre subjectivo.

 

Isso não significa que a consciência de cada um seja um absoluto sem escrutínio.

 

Há determinados actos que nenhuma consciência pode legitimar. Trata-se, como adverte Vladimir Jankélévitch, daqueles actos «que negam a essência do homem enquanto homem».

 

É o caso da violência, da mentira, da calúnia e de todo e qualquer prejuízo provocado ao próximo.

 

 

4. Nenhuma consciência poderá atentar contra a famosa (e imprescritível) regra de ouro: «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti».

 

Esta regra de ouro pode ser incluída no conhecido axioma kantiano: «Age de tal modo que os teus princípios possam tornar-se lei para todos».

 

O respeito que invoco para a minha consciência é inseparável do respeito que me há-de merecer a consciência do meu semelhante.

 

O primado da pessoa é o que deve prevalecer. A autoridade está ao serviço da pessoa. Não pode abafar a pessoa.

 

A autoridade existe para que a consciência de cada um seja respeitada. Para que, no fundo, seja garantido que a autoridade maior é a consciência.

publicado por Theosfera às 20:25

Antão, que veneramos como santo, seria facilmente acusado, hoje em dia, de ser um excêntrico, alguém que fugia dos outros e fechado em si mesmo.

 

Era importante que, olhando para o exemplo deste asceta solitário, reafirmássemos o nosso amor pela liberdade de cada um.

 

A humanidade não é uniforme. Ela é uma sinfonia polifónica.

 

Deus está em todas as consciências. Não há um só caminho nem uma única visão.

 

A vida em comunidade é fecunda e profundamente bela. Mas não podemos estigmatizar quem opta pela solidão. Que, no fundo, acaba por ser uma solidão habitada.

 

Antão foi autêntico. Não seguiu a corrente. Benditos os que ousam.

publicado por Theosfera às 20:18

Irmão, que bom é sentir a presença da esperança na profundidade do ser e nas alamedas da vida.

 

Sorri ao novo dia. Sopra sobre as nuvens e faz aparecer o sol.

  

Deus tem uma grande paixão pelo Homem. Deus ama a vida.

 

Em Deus, abrimo-nos ao outro.

 

A vida com Deus é felicitante e transformadora!

 

Por isso, faz sempre o bem, mesmo àqueles que só (te) fazem mal.

publicado por Theosfera às 10:34

Domingo, 16 de Janeiro de 2011

Estamos a meio da campanha e o que nos chega do meio da campanha é desolador e perigosamente desmotivante.

 

Este último ponto é decisivo e deveria ser estudado.

 

Em princípio, uma campanha serve para mobilizar os indecisos, até porque os outros já estarão convencidos.

 

O certo é que a presente campanha está a ajudar a decidir mas em sentido contrário ao expectável.

 

Há, de facto, muita gente que, perante o que se tem visto, está decidida a não votar.

 

O estudo que importava fazer era sobre o seguinte: qual a percentagem de pessoas que deixou de votar por causa da campanha.

 

A sondagem da rua, nos últimos dias, é bastante impressiva.

 

A população está saturada da tempestade de insinuações e da neblina de suspeitas.

 

Não haverá, como é óbvio, uma tendência uniforme, mas espanta notar como há muita gente para quem a campanha parece ser um motivo para não votar.

 

Parece que os candidatos não falam para o povo, mas uns para os outros. Ouvem-se durante o dia e atacam-se à noite.

 

A substância dos comícios, que a comunicação social veicula, mostra-nos uma sequência de réplicas e tréplicas entre os candidatos.

 

Pelos vistos, é um guião já gasto.

 

Na semana que dista do acto eleitoral, é fundamental que a campanha corrija o sentido e possa haver uma réstia de conteúdo.

 

Digam-nos o que pretendem fazer. E deixem ao povo discernir quem é o mais capaz.

 

O mais alto cargo da nação merece uma grandeza que não se tem visto.

 

Se não houver mais nada, que não deixe de haver serenidade, compostura e tolerância.

 

publicado por Theosfera às 16:13

Há décadas, pensava-se que o problema principal estava na sociedade. Era injusta e era imperioso transformá-la.

 

Hoje, tende a pensar-se que o grande problema está na pessoa. Encontra-se perdida e urge acompanhá-la.

 

Pela sociedade à pessoa? Pode ser uma via.

 

Mas pela pessoa à sociedade desponta cada vez mais como o caminho, a prioridade e a urgência.

 

Gregório de Nissa dizia que o homem é um microcosmos (um pequeno mundo).

 

Em cada ser humano está a humanidade inteira...

publicado por Theosfera às 00:20

Sábado, 15 de Janeiro de 2011

Não estamos já sob o dominio da tortura, mas continuamos subjugados por muitos condicionamentos.

 

Ninguém pode dizer que não há medo.

 

Quem diz tudo o que pensa expõe-se à hostilidade ou à indiferença.

 

E hoje o anonimato acolhe o insulto e a vileza por tudo quanto é sítio.

 

É claro que qualquer um pode invocar a sua consciência. Mas insultar não pode ser incluído nos ditames da consciência. Esta tem como únicos limites o bem comum e a regra de ouro: «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti».

 

Mas, como diz José Gil, «não é possível pensar sem pensar livremente e sem risco».

 

É um facto que, como avisava o poeta, «não há machado que corte a raiz ao pensamento».

 

Só que, por vezes, o machado ameaça aquele que partilha o que pensa.

 

Os poderes não apreciam a liberdade do pensamento.

 

Mas não há outro caminho. Só na liberdade e no assumir do risco é que o pensamento tem substância.

 

publicado por Theosfera às 20:23

Na hora que passa, andamos todos esmagados pelo estado das finanças e deprimidos com o desempenho da economia.

 

Habermas e Edgar Morin já nos alertaram para o perigo do condicionamento da política pela economia.

 

Eric Hanushek esteve recentemente em Portugal e diz o óbvio: «O factor mais importante para o crescimento económico é a educação».

 

O problema é que, entre nós, a educação reproduz o estado do país em vez de alavancar a mudança necessária.

 

O caminho terá de passar por uma destutelização do ensino relativamente ao Estado.

 

«É errado pensar que um governo central possa gerir todas as escolas».

 

Mas convencer os nossos governantes acerca do óbvio parece tarefa hercúlea, quiçá impossível.

 

Era necessário que também eles tivessem outra percepção da educação.

publicado por Theosfera às 11:51

A China rivaliza com os Estados Unidos e prepara-se mesmo para os ultrapassar copiando os seus métodos.

 

A economia chinesa passará, em breve, a ser a mais poderosa do planeta.

 

O estilo de vida decalca, cada vez mais, o estilo de vida americano.

 

O comunismo impõe-se no campo capitalista.

 

Os direitos humanos, esses, podem (des)esperar!

publicado por Theosfera às 11:48

É o Brasil celebrado pela sua performance na economia.

 

É também aclamado pelo seu desempenho no combate à pobreza.

 

O programa Fome Zero tem tido um êxito assinalável, embora longe de estar concluído.

 

Há, porém, domínios em que o atraso ainda é pavoroso.

 

No que concerne à prevenção de catástrofes, o atraso mantém-se.

 

A denúncia vem da parte de um académico respeitado ante a mortandade provocada pelas recentes cheias.

 

Nespe capítulo, o Brasil situa-se atrás do Uganda.

 

Apesar do investimento no essencial, ainda se desperdiça muito no supérfluo.

 

O Brasil é a oitava economia do mundo. Mas os dramas continuam a persistir.

 

A ironia é flagrante. Foi um operário que colocou o Brasil na linha da frente do capitalismo.

 

Subsiste, porém, muito por fazer no campo onde o PT deveria ser mais forte: nos cuidados primários para todos, na justiça social, na erradicação das assimetrias.

publicado por Theosfera às 11:41

Às vezes, estamos à espera do óptimo e não nos dispomos a fazer o bom.

 

Enquanto esperamos, façamos!

 

Não julgues que já sabes muito.

 

Pensa sempre que podes aprender tudo!

 

A bondade comove-me.

 

A humildade convence-me.

publicado por Theosfera às 11:39

Sexta-feira, 14 de Janeiro de 2011

Os pessimistas são antipáticos, incómodos, obstinados.

 

O problema é se têm razão. O problema é se estão a ver melhor a realidade.

 

A própria ideia de progresso e de desenvolvimento chega a ser apresentada como uma das mais arcaicas que nos tem sido ventilada.

 

A prática mostra que, amiúde, tal ideia conduz-nos ao oposto do que é suposto.

 

Há, de facto, todo um progresso que redunda em retrocesso. Como há todo um desenvolvimento que configura um atraso.

 

Em nome do futuro, corremos o risco de repetir o passado. O progresso, quando é sectorial, prejudica o global. Apostamos tudo na tecnologia. E na humanidade?

 

Mexemos bem nas máquinas. Será que lidamos melhor com as pessoas?

 

Por isso, meditemos bem no passado se queremos acolher bem o futuro!

 

Há toda uma literatura recente, cultivada por gente de alto gabarito e enorme sensibilidade que, no limite, nos coloca ante um desafio muito sério: a geração que aí vem será a próxima ou será a última?

 

Quero acreditar que será a primeira de uma humanidade verdadeiramente nova, autenticamente humana.

 

Sê-lo-á se nos consciencializarmos de que somos um corpo à escala planetária. Se nos abrirmos ao espírito, à verdade, à bondade e à beleza.

 

Se soubermos fazer de cada instante um (novo) começo!

publicado por Theosfera às 21:26

As cheias devidas, mas conseguem também fazer nascer heróis.

 

Um adolescente que morreu afogado nas cheias que avassalam a Austrália converteu-se num herói depois de ter pedido que resgatassem primeiro o seu irmão de 10 anos.

 

Jordan, de 13 anos, e a mãe acabaram por morrer, arrastados pela enchente.

 
 Jordan e o irmão, Blake, de 10 anos, saíram de casa com a mãe, Donna Rice, 30 anos, para ir comprar uniformes escolares. O pai, John Tyson, 46 anos, ficou em casa, na cidade de Toowoomba.
«Quando eles saíram de casa, chovia, mas não assim tanto, caso contrário não os teria deixado ir», explicou.

 

Já com as compras feitas e no regresso a casa, o carro em que a família seguia ficou imobilizado num cruzamento devido a uma enorme e súbita torrente de água. Os três subiram de imediato para o tejadilho do automóvel e Donna Rice gritou por auxílio.

 

Ao ver o desespero da família, um camionista amarrou uma corda à cintura, prendeu-a a um poste e lançou-se à água para os salvar.

 

Ao chegar junto do automóvel e ao tentar agarrar Jordan, o adolescente recusou sair de cima do tejadilho, tendo pedido ao homem: «Salve o meu irmão primeiro!».

 

Depois de ter salvo Blake, o homem regressou para junto do carro, com o intuito de ajudar Jordan e a mãe. Contudo, a corda partiu-se. Mãe e filho não resistiram à força das águas e foram arrastados, tendo morrido afogados.

 

«O Jordan não sabia nadar e tinha um medo terrível da água.Mas quando o homem foi salvá-lo, ele preferiu que o irmão fosse primeiro», contou o pai.

 

John Tyson completou, ontem, 46 anos e a família iria comemorar a data, à noite, num jantar de aniversário em casa.

publicado por Theosfera às 16:00

Ninguém parece contente com a presente campanha eleitoral. Mas poucos aparentam perceber que ela não tem feito mais que amplificar o que se passa na sociedade.

 

Há nuvens de suspeita e tempestades de insinuação na política. Mas não está a nossa vida, toda ela, afogada em suspeitas e encharcada em insinuações?

 

A política assume-se, cada vez mais, como um retrato da sociedade.

 

 É por isso que, antes de nos lançarmos numa crítica (pertinente, mas não muito legítima), seria bom que nos dedicássemos a um exercício de auto-análise.

 

Marx, Nietzsche e Freud, os mestres da suspeita, viveram há muito. Mas nos tempos que correm continuam a ter bastantes discípulos: nós!

 

A mudança é, pois, necessária. É importante preconizá-la para fora. É, porém, fundamental que comecemos por dentro.

 

Como recomendava Gandhi: «Sê tu mesmo a mudança que queres para o mundo».

 

Não percamos de vista que o problema maior não está no retrato. Estará, talvez, na coisa retratada. Que somos nós.

publicado por Theosfera às 11:24

«Os insultos dizem muito pouco sobre quem é insultado, mas dizem muito sobre quem insulta».

Assim escreveu (perspicaz e magnificamente) José Rodrigues dos Santos.

publicado por Theosfera às 10:23

E lá vai prosseguindo a campanha sem chama, sem alma e com as nuvens de suspeita a pairar.

 

É tudo muito pobre.

 

Parece que o guião é comum.

 

Tudo se resume a dizer que cada um é melhor que os outros. E que os outros pouco valem.

 

Buscam-se situações do passado, lançam-se suspeitas sobre o presente.

 

Enfim, é natural que um cidadão com um mínimo de decência se sinta exilado no tempo que lhe é dado viver.

publicado por Theosfera às 10:20

As imagens que nos chegam da Austrália e do Brasil (à semelhança das que nos vieram do Funchal) põem em evidência uma coisa: quando a natureza se revolta, nada há a fazer senão fugir.

 

A diferença está em conseguir fugir antes e tentar fugir depois.

 

É que, na Austrália, a prevenção terá funcionado melhor. Uma cidade com dois milhões de habitantes foi evacuada.

 

Chuvas diluvianas fizeram 15 mortos. E já foi muito. No Brasil, porém, o número de vítimas já ultrapassou 500.

 

Aqui, a prevenção não funcionou tão bem.

 

Os riscos da construção são cada vez maiores.

 

E, de facto, a natureza não perdoa.

 

Dói imenso ver imagens destas.

 

Somos mesmo seres tão frágeis neste mundo.

publicado por Theosfera às 10:15

O Comissário Europeu para a Concorrência deixou bem claro que reduzir os salários não é caminho.

 

Trata-se de uma redundância. Toda a gente sabe disso.

 

Como é que se pode combater a crise com medidas que agudizam a crise?

 

Restam duas perguntas.

 

Irá o nosso país, sempre tão pressuroso na incorporação das directivas comunitárias, seguir o conselho de um alto responsável europeu?

Infelizmente, não me parece.

 

E, já agora, será que o mesmo alto responsável defenderá na Comissão Europeia o que acaba de dizer em Portugal? É que tem sido a mesma Europa a impor sacrifícios atrás de sacrifícios.

 

Só os sacrifícios são transpostos...

publicado por Theosfera às 10:10

Quinta-feira, 13 de Janeiro de 2011

São José Lapa, numa entrevista que sai num jornal de amanhã, diz, creio que em tom de lamento, que qualquer um julga que pode ser actor.

 

A presunção abrange todas as áreas.

 

Qualquer um julga que pode ser qualquer coisa.

 

O talento e o mérito não são devidamente estimulados nem reconhecidos.

 

A qualificação nem sequer é tida na devida conta.

 

A apetência parece valer mais que a competência.

 

Às vezes, dá a impressão de que a qualidade é até um handicap, um problema.

 

A ausência de padrões e a falta de critérios podem levar a uma ascensão da mediocridade.

 

Esta, conjugada com a inveja, pode (avisa José Gil) afastar os mais capazes.

 

Atenção que a capacidade não pode ser aferida apenas pela via académica.

 

O Brasil é um exemplo eloquente. Alguém sem estudos conseguiu fazer daquele país um caso de sucesso.

 

Mas não se diga que Lula não se preparou. Preparou-se (e muito) ao lomgo de toda a vida.

 

É preciso nivelar por cima. É fundamental puxar pelo melhor que há no ser humano e na sociedade.

 

A democracia não pode ser confundida com a banalidade.

publicado por Theosfera às 22:53

À primeira vista, é para não acreditar. Mas parece que a China está mesmo a ponderar obrigar, por via de lei, os filhos a visitar os pais!

 

Já é preciso pôr na lei o que devia estar no coração?

 

O afecto e o amor passarão a ser regulamentados?

 

Avançamos na técnica. Mas estamos a regredir (perigosamente) em humanidade.

publicado por Theosfera às 11:31

O desespero desfigura. O desespero transtorna. O desespero mata.

 

No Haiti, de que tanto se voltou a ouvir falar, uma mãe matou o seu filho.

 

Sim, leram bem. Uma mãe matou o seu filho.

 

Não encontrou quem o acolhesse. Ela, pelos vistos, não tinha condições para o ter.

 

Sem alternativa, enveredou pela opção fatal.

 

No fundo, o desespero é uma morte no coração de quem é tolhido por ele.

 

O crime de Nova Iorque, com os pormenores asquerosos que a todo o instante nos são servidos, mostra que, no fundo, houve duas mortes.

 

Carlos Castro foi morto. Mas Renato Seara, de certa forma, também morreu.

 

O espanto das pessoas que o conhecem revela uma coisa elementar. O acto que, alegadamente, praticou não condiz com o seu perfil, com a sua conduta.

 

Houve, portanto, uma desfiguração, quiçá ditada pelo desespero.

 

Era como se outra pessoa se tivesse apoderado dele.

 

Conseguirá Renato renascer, como se infere do étimo do seu nome?

 

Deixemos os juízos para quem tem de julgar.

 

Procuremos, sim, reflectir e inflectir.

 

O mundo é belo. Mas está a ficar um lugar muito perigoso.

 

publicado por Theosfera às 11:20

Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2011

Em si mesmo, o mal não tem consistência. O mal é carência de bem ou, como adverte Walter Kasper, transtorno de ser.

 

A natureza é boa. Mas, por vezes, transtorna-se e mata. Com fúria e em série.

 

No Rio de Janeiro, as chuvas já fizeram mais de 40 mortos. Na Austrália, as inundações assumem proporções dantescas.

 

A natureza humana nasce tatuada pela bondade. Mas, não raramente, é assaltada pela maldade.

 

O que está a ser dissecado a partir de Nova Iorque não é caso isolado.

 

O que é bom não está imune ao contágio do mal.

 

Há que estar prevenido.

 

O mal é devastador.  A maldade é fatal.

 

 

publicado por Theosfera às 16:35

Morreu um homem bom, culto e afável e pouca atenção foi dispensada. E, no entanto, ele ajudou-nos a viver num país livre e democrático.

 

O silenciamento da morte de Vítor Alves parece (diria ironicamente) um acto de censura generalizada. Da censura que o 25 de Abril, em que ele participou, eliminou.

 

O país está suspenso do que nos é dito acerca do homicídio de Carlos Castro.

 

Como era de prever, os julgamentos são constantes.

 

Tudo é trágico nisto, inclusive nas doses contínuas de informação.

 

Há duas tragédias e duas vítimas.

 

A um roubaram a vida. A outro estragaram o futuro.

 

Nada justifica este crime. Mas haverá muito a explicar este desenlace.

 

A esta hora, não deveríamos estar apenas a comentar a jusante o que se passou. Deveríamos, acima de tudo, reflectir a montante sobre opções que tomamos e cujo desfecho não conseguimos imaginar. 

 

Não seria mais proveitoso um pacto de silêncio para meditar no rumo da nossa existência pessoal e colectiva?

publicado por Theosfera às 11:54

Há um ano, acordávamos com a notícia de um terramoto no Haiti.

 

Muito foi feito. Dizem-nos que ainda há muito por fazer.

 

A solidariedade não pode prescrever.

 

Não nos dispersemos em futilidades que, quase sempre, desaguam em oceanos de tragédia.

 

Esta obsessão na escalpelização de crimes até ao tutano que pedagogia exerce?

 

Façamos desfilar algo de positivo pelos ecrãs da televisão.

 

A vida é tão breve. E pode ser tão bela. Povoemo-la com o melhor que se vai fazendo.

publicado por Theosfera às 11:13

É uma das sensações mais impressivas que a idade nos fornece.

 

Vamos passando por lugares e as pessoas que lhes estavam associadas já lá não estão.

 

Um livro permanece. Podemos sempre relê-lo.

 

Uma pessoa também não passa. Podemos sempre recordá-la.

 

Mas é doloroso não poder senti-la, escutá-la.

 

As pessoas de bem fazem sempre falta.

 

É certo que não morrem. Nós é que vamos morrendo com elas.

 

O que somos deve-se, em grande medida, ao que elas foram.

 

O resto é o rasto.

 

Nunca estamos preparados para a morte.

 

Que estejamos sempre mobilizados para melhorar a vida.

 

Quando morre uma pessoa de bem, fica a colheita. Que fique também a semente.

 

O terreno não parece muito arável. Mas é sempre possível vencer as adversidades.

 

Cada vez estou mais persuadido de que, na hora que passa, as grandes referências não estão na televisão, nos jornais, nem na net.

 

É na rua que as encontramos.

 

São espécies raras. Devemos estimá-las. E conservar, religiosamente, o seu exemplo.

publicado por Theosfera às 11:06

Vinicius acertou em cheio quando disse que «a vida é feita de encontros, mas há tantos desencontros na vida».

 

A experiência mostra que, muitas vezes, é na morte que juntamos mais gente e coleccionamos mais encómios.

 

Tudo tende a ser póstumo, hoje em dia: a presença, o elogio, a emoção.

 

Não seria possível antecipar, um pouco que fosse, o que se propende a postecipar?

 

Que, ao menos, subsista a autenticidade.

 

Zubiri percebeu todo este encadeamento de emoções quando, prestes a finar-se, exarou: «Vive-se sozinho e morre-se sozinho».

 

Depois da morte, tudo chove em catadupa.

 

É bom que se marque presença depois da morte. É melhor que se esteja presente durante a vida.

 

 

publicado por Theosfera às 10:59

Terça-feira, 11 de Janeiro de 2011

Porquê tantas zangas?

Porquê tantas indisposições?

Porquê tanto acinte?

Porquê tanta arrogância?

 

Deus é amor

e semeou toneladas de bondade em todos os corações.

Também no teu, Irmão.

Sê bom.

Serás feliz!

publicado por Theosfera às 15:04

Ela avisa. Insinua-se. Anda quase sempre por perto.

 

Umas vezes, vem de repente. Outras vezes, aparece de modo gradual.

 

Mas, de um modo ou de outro, não deixa alternativas.

 

Chega sempre depressa. Aparece sempre cedo.

 

A certa altura, damos conta de que já estamos debaixo do seu domínio.

 

Um pouco de nós vai indo com os outros.

 

Um dia, levar-nos-á por inteiro.

 

A morte não deixa alternativas.

 

Estamos certos dela. Estaremos preparados para ela?

publicado por Theosfera às 12:01

1. Para perceber a presente campanha eleitoral (e, mais vastamente, o actual momento político) não basta folhear os jornais nem consultar os manuais de Ciência Política.

 

É preciso recorrer a outros padrões de análise que irão desde a Filosofia à própria Psicologia.

 

Se repararmos bem, o que está em causa já não é apenas (nem principalmente) a aptidão para o exercício de um cargo que deveria ser mais de serviço do que de poder.

 

O que salta à vista é, antes de mais, o estado da sociedade e o carácter das pessoas.

 

É óbvio que não me repugna esta discussão. Compreender o estado da sociedade é fundamental e conhecer o carácter das pessoas é decisivo.

 

O problema não está, pois, no conteúdo da discussão, mas no seu rumo. Ou, melhor, na sua total falta de rumo.

 

 

2. Estamos a discutir o mais sagrado (o carácter) com base no que há de mais leviano: a pura suspeita.

 

Não se apresentam situações concretas ou dados irrefutáveis. Apenas se agitam suspeições envolvidas pela neblina do rumor.

 

A insinuação repetida deixa o seu rasto e cumpre os objectivos para alguns aprendizes de Maquiavel. Os fins acabam por justificar (e explicar) os meios, todos os meios.

 

Se o argumento não convence, espera-se que a suspeita ajude a vencer.

 

A violência emocional não fere menos que a violência física. Chega até a magoar mais, imensamente mais…

 

Nem sequer damos conta de que não estamos em condições de julgar. Os actores políticos acabam por funcionar como um espelho dos cidadãos.

 

Os políticos não estão isentos de defeitos. Mas será que nós, cidadãos, seremos modelos de virtudes?

 

 

3. Os políticos são filhos de um tempo que, por sinal, também é o nosso. Trata-se de um tempo que Lipovetsky descreveu como sendo vazio e, nessa medida, dominado pelo efémero.

 

Sem opções galvanizadoras, a tendência é para deixar de acreditar.

 

Acreditar já não é a regra. A regra é desconfiar, é suspeitar.

 

Acresce, como agravante, que, num quadro de esvaziamento de valores, os limites são ignorados e largamente ultrapassados.

 

É certo que quem aspira a liderar devia destacar-se pela diferença. Esquecemos, no entanto, que não vivemos numa época de homens excepcionais. Os historiadores são os primeiros a descrever a nossa época como sendo a dos homens comuns.

 

Sucede que, como são os homens comuns a escolher os líderes, é natural que se inclinem para aqueles que mais se assemelham a eles e não para aqueles que mais se distinguem deles.

 

O panorama que, actualmente, nos é oferecido é, sem dúvida, desolador, mas está longe de ser novo.

 

Ele confirma uma tendência que, há muito, se vem desenhando e infirma qualquer vontade de acreditar que, afinal, o melhor ainda é possível.

 

É penoso, mas é verdade: a suspeita vende, a suspeita rende. Se a suspeita não fosse consumida, talvez não a usassem tanto.

 

Uma vez mais se reforça o cenário. Atravessamos uma crise que, antes de ser política, é cívica, é nossa.

 

O político que grita e que fala de dedo em riste é constantemente abafado em aplausos. Já aquele que se mantém moderado é imediatamente acusado de não ter jeito para a política.

 

Não são estes os comentários que tecemos?

 

 

4. A comunicação social, que podia (e devia) exercer um papel terapêutico, excita-se com tudo isto. Parece mesmo (sobre)viver bem neste terreno lamacento.

 

Tudo isto é muito pós-moderno, muito resignado ao fragmento, ao incidente, à insinuação difundida e à frase gritada.

 

Falta uma visão global, um pensamento sustentado e um horizonte de esperança.

 

Precisamos de uma revolução não só nas estruturas, mas que parta das mentalidades.

 

Creio que essa revolução silenciosa já está a fermentar. A longo prazo, dará os seus frutos.

 

 O bem não se compadece com pressas. É pena. Mas o importante é que ele venha.

publicado por Theosfera às 11:57

Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2011

Ele há coisas que não se explicam.

 

Hoje, passei ao lado da Gráfica de Lamego, mas não precisava de comprar nada.

 

Resolvi, no entanto, entrar só para cumprimentar as pessoas que lá trabalham.

 

Acabo de saber que o senhor António Mendes Guerra faleceu.

 

Penso que foi ao fim do dia.

 

Mais um homem bom e um bom amigo que parte.

 

Deus já o recebeu, seguramente. Fica, porém, uma saudade imensa.

publicado por Theosfera às 22:34

Um português reconhecido como melhor do mundo é sempre motivo de contentamento.

 

Numa altura em que a nossa auto-estima está tão debilitada, eis um tónico precioso.

 

A personalidade de José Mourinho é complexa.

 

É forte em tudo, menos na humildade.

 

Por onde passa, ele está no centro. Mas também é verdade que não seca o talento que à sua volta flutua.

 

Com ele, todos brilham.

 

Veja-se Cristiano Ronaldo. Sempre foi bom. Mas nunca pareceu render tanto como agora.

 

Parabéns.

publicado por Theosfera às 20:58

A era do vazio não nos atira, necessariamente, para o vácuo. Faz pior: expõe-nos ao risco da destruição.

 

O vazio é, acima de tudo, um processo, um processo de esvaziamento.

 

Lipovetsky deixou antever, numa célebre trilogia, que a era do vazio é dominada pelo império do efémero e marcada pelo crepúsculo do dever.

 

É assim que o esvaziamento acaba por redundar numa substituição.

 

O universo de referências e o quadro de valores que teceram a nossa civilização estão a esfarelar-se rápida e estrepitosamente.

 

O que prevalece é a desconstrução, a destruição.

 

Quanto mais trágica é a destruição, mais dissecada ela se torna aos olhos de todos.

 

O caso BPN saiu (por momentos?) do prime time por causa do homicídio de um jornalista em Nova Iorque.

 

O ingrediente é comum: suspeita, intriga.

 

Mas a dimensão é maior: sangue, violência, sexo, morte.

 

É tudo trágico. Mas tudo nos é servido ao jeito do espectáculo.

 

Já não somos cidadãos? Não passamos de meros consumidores?

 

 

publicado por Theosfera às 13:52

No mundo ideal, ninguém chama seu ao que lhe pertence.

 

No mundo ideal, todos têm acesso a tudo.

 

No mundo ideal, há de tudo menos dinheiro nem bancos.

 

No mundo ideal, também não há forças policiais, nem assaltos, nem mendigos.

 

No mundo ideal, não há usura nem avareza.

 

No mundo ideal, quem necessita de comer vai ao mercado e leva o que precisa.

 

No mundo ideal, quem necessita de vestir vai ao pronto-a-vestir e leva o que precisa.

 

No mundo ideal, quem necessita de saúde vai ao hospital e à farmácia e leva o que precisa.

 

No mundo ideal, quem necessita de aprender vai à escola e leva educação.

 

No mundo ideal, quem necessita de habitação sabe que dispõe de uma casa.

 

Nu mundo ideal, todos contribuem segundo as suas capacidades e cada um recebe segundo as suas necessidades. 

 

No mundo ideal, ninguém precisa de acumular porque sabe que nada lhe faltará.

 

No mundo ideal, as pessoas não trocam bens por dinheiro.

 

No mundo ideal, as pessoas permutam serviços.

 

No mundo ideal, o bem de cada um é a norma para todos.

 

No mundo ideal, é inconcebível que alguém fique privado do que precisa só porque não tem dinheiro ou que alguém se deleite com o supérfluo só porque tem muito dinheiro.

 

No mundo ideal, ninguém controla ninguém porque a confiança é a regra.

 

No mundo ideal, cada um dá o que pode e faz o que deve.

 

No mundo ideal, as pessoas não vêem qualquer utilidade no dinheiro.

 

Pena é que isto se passe apenas no mundo ideal. Pena é que isto não passe para o mundo real.

 

O problema está, pois, no mundo real.

 

O problema é que impedimos que o ideal se torne real.

 

O problema é que, em vez de ser o ideal a iluminar o real, acaba por ser o real a obscurecer o ideal.

 

O problema é que, no mundo real, o dinheiro manda e comanda.

 

Quem tem dinheiro tem (quase) tudo. Quem não tem dinheiro não tem (praticamente) nada.

 

O problema é que, mesmo em democracia, o dinheiro exerce uma cruel ditadura.

 

O dinheiro não pede opinião. Dita as suas leis.

 

Não liga muito à justiça. Faz muitos excluídos. Só assegura a (suposta) felicidade de alguns.

 

Será que o mundo vai acabar sem que ponhamos fim a este jugo?

publicado por Theosfera às 10:30

Domingo, 09 de Janeiro de 2011
publicado por Theosfera às 23:46

Pouco antes de morrer, magoado e sereno, Winstom Park costumava repetir ante o espanto de quem o visitava: «Já não espero justiça; só peço que me deixem em paz. Por favor, não me recordem. Esqueçam-me. É a única (e última) coisa que vos peço».

 

Até ao fim, Winston Park nunca cedeu à vingança. Mas jamais recuperou da dor que se alojara na sua alma.

 

Até queria aparecer. Mas algo o inibia. Não era ele. Era uma força estranha (mas persistente) que o condicionava. 

 

Quem poderá censurá-lo?

publicado por Theosfera às 22:23

Porquê tanta perseguição, tanta guerra, tanta violência, tanta intriga, tanta calúnia?

 

A morte chega e a tudo põe fim.

 

E o resto? E o rasto?

 

Só o bem faz bem.

publicado por Theosfera às 18:55

Se nada (a não ser Deus) é eterno, porque é que a crise há-de ser eterna?

publicado por Theosfera às 13:13

Jesus, filho de Sirach, tem um livro é cheio de máximas de uma densidade enorme.

 

Pensemos, por exemplo, nesta frase: «Se pretendes servir o Senhor, prepara-te para a provação».

 

Sem dúvida, servir o Senhor é aliciante até pelas dificuldades que se encontram, pelos problemas que

se deparam.

 

Mas quem se dispõe a servir, dispõe-se também a padecer. O caminho nunca há-de ser o recuo.

 

As dificuldades e as incompreensões nunca nos hão-de levar a desistir nem a alterar o discurso.

 

Às vezes, parece que somos uma Igreja demasiado preocupada com que os outros possam dizer de nós.

 

É a Deus que devemos agradar. É ao Homem que devemos servir. Não é, por isso, a pressão do momento que nos há-de desviar do caminho.

 

Deus conta com a nossa palavra. Para que seja eco da Sua (eterna) Palavra!

publicado por Theosfera às 00:00

Sábado, 08 de Janeiro de 2011

Uma pessoa séria, uma pessoa de bem, tem, pela frente, uma situação dolorosa: integrar-se no sistema não é admissível, transformar a realidade não parece possível.

 

E é assim que muitos se dispõem a um exílio na própria terra, no próprio tempo, na própria vida.

 

Tudo soa a estranho a quem quer ser (minimamente) íntegro: o tempo, a terra, a vida.

 

Que resta?

publicado por Theosfera às 14:03

Parece consensual dizer que a Igreja está a perder influência na sociedade.

 

Mesmo que isso seja verdade, qual é a ilação a extrair: recuar, estagnar ou persistir e avançar?

 

Confesso que o que mais me preocupa não é a possível perda de influência da Igreja. O que verdadeiramente me aflige é a cada vez menor implicação da fé na vida.

 

Se repararmos, o que acontece no plano comunitário é o reflexo do que sucede no plano pessoal.

 

A separação entre a Igreja e o Estado é para saudar. Mas a distância entre a fé e a vida é, pura e simplesmente, para lamentar.

 

A fé não é só para professar no templo. É também — e bastante — para viver no tempo.

 

Cristo enviou-nos em missão. Mas parece que nós preferimos a...demissão!

 

Urge, pois, revitalizar a fé. E fidelizar a vida!

 

Perder não é tanto ver a mensagem recusada, mas desistir de a propor.

 

Vamos, pois, ao trabalho. Com muita serenidade e com toda a determinação.

 

Cristo e o Seu Espírito vão à nossa frente. Vão dentro de nós!

publicado por Theosfera às 14:01

Bem podemos puxar pelo optimismo que a teimosia dos factos não deixa grande margem de manobra.

 

A suspeita persiste. A lama cresce. A fogueira arde. E até a morte insiste em privar-nos dos melhores. Nem os pássaros resistem.

 

Mas é nas alturas mais difíceis que o ânimo não pode faltar.

 

O caminho só pode ser um: não abdicar e seguir (sempre) a voz da consciência.

publicado por Theosfera às 13:55

Sexta-feira, 07 de Janeiro de 2011

Por muito ânimo que tentemos acumular no arranque do novo ano, acaba sempre por aparecer uma notícia que nos atinge no mais fundo da alma.

 

No ano passado, ficámos atordoados com o violento terramoto no Haiti, logo a 12 de Janeiro.

 

Hoje, 7 de Janeiro, acabo de tomar conhecimento da morte totalmente inopinada (se inopinada pode ser a morte) de um colega e amigo.

 

O Padre António Samuel Teixeira da Silva tinha apenas 47 anos. Ordenou-se um ano antes de mim.

 

Eu sei que é trivial dizer isto, mas, neste caso, é mesmo verdade. O Padre Samuel era um homem bom.

 

Discreto e afável, pautou a sua conduta por uma irrepreensível correcção.

 

A vida tem uma componente de mistério difícil de aceitar e quase impossível de decifrar.

 

A interlocução que mantemos com a morte deixa para ela o ponto final. Só não sabemos o momento em que o coloca no texto que é a nossa história.

 

A eternidade parece ter pressa em receber as pessoas de bem.

 

Fazem falta num mundo que parece não merecê-los.

 

Curvo-me, respeitosamente, ante a memória deste colega e amigo.

 

Estou certo de que Deus já o recebeu.

 

A sua alma está em paz. Porque o Padre Samuel foi sempre um homem de paz.

publicado por Theosfera às 20:31

O que está a acontecer, no nosso país, só surpreende quem anda desatento, o que não é susposto acontecer com um cidadão minimamente informado.

 

Não obstante, é deveras doloroso acompanhar o que vai ocorrendo entre nós.

 

As eleições para a presidência da república confirmam uma tendência que, há muito, se vem desenhando e infirmam qualquer vontade de acreditar que, afinal, o melhor ainda é possível.

 

Os candidatos apresentaram os seus manifestos com ideias e programas.

 

Contudo, a realidade reduzida à comunicação não se faz eco de qualquer ideia ou programa.

 

Não há ideias nem programas porque isso (supostamente) não cativa. Sobra a suspeita porque isso (supostamente) atrai.

 

Estas eleições estão para a política como, por exemplo, O Código da Vinci esteve para a literatura: a suspeita vende, a suspeita rende.

 

Como é habitual nestes casos, não se procura a globalidade. E desde Aristóteles é sabido que a verdade está na totalidade. O Estagirita dizia, na sua Metafísica, que a verdade era católica. Católico aqui não é confessional (Aristóteles viveu antes de Cristo), mas genuinamente etimológico, no sentido de universal, englobante.

 

Na suspeita, vale uma parcela, um alvitre. E, como se compreende, se a estratégia é a suspeita, nada melhor que conseguir uma suspeita sobre quem lança suspeita.

 

A suspeita facilmente conduz à desconstrução. As provas aqui são pouco relevantes. A predisposição parece contar mais.

 

E não há dúvida de que, hoje em dia, a predisposição para o o boato e o rumor é grande, é total.

 

A suspeita é tecida sob a forma de veneno letal e servido ao jeito do espectáculo.

 

Com a suspeita não se pretende questionar ou discordar. Com a suspeita visa-se atingir, denegrir, eliminar (pelo menos, a dignidade).

 

É só ver o ar impante e superior com que se fala destes assuntos. Esquece-se, porém, que, não raramente, a suspeita lança estilhaços imprevistos e ninguém está livre de apanhar com alguns.

 

Perturba olhar o olhar feliz de quem tem a última suspeita para apresentar. E como se faz moralismo para os outros.

 

O pior é que as novas gerações, ao entrarem na vida pública, já sabem com o que contam. Suspeitar de alguém é considerado mais aliciante que propor algo ou, legitimamente, criticar alguma coisa.

 

Nietzsche, Marx e Freud foram apontados como os mestres da suspeita. Em planos diferentes, têm discípulos que lhes levam a palma na perfídia e na astúcia.

 

Confesso que nada disto entusiasma. Todos acabamos por replicar aquilo que contestamos.

 

A comunicação social, que podia (e devia) exercer um papel terapêutico, parece excitar-se com tudo isto. Parece mesmo (sobre)viver bem neste território lamacento.

 

Até aposto em como a entrevista da noite do dia 10, com Cavaco Silva, vai andar em torno deste (penoso e já entediante) tema.

 

Custa viver num tempo assim. A honra é muito importante. A política é muito nobre.

 

Há quem me tenha alertado, desde há muito, para o facto de acreditar naquilo que não existe. Tem razão. O problema é que naquilo que existe é que não posso mesmo acreditar.

 

Apesar de tudo, creio que uma revolução silenciosa está a fermentar. A longo prazo, dará os seus frutos.

 

O bem não se compadece com pressas. É pena. Mas parece que é assim.

 

publicado por Theosfera às 11:35

«A verdade não conhece perífrases; a justiça não admite reticências».

Assim escreveu (relevante e magnificamente) Guerra Junqueiro.

publicado por Theosfera às 11:15

«Na vida, há problemas que o tempo resolve e outros que o tempo agrava».

Assim escreveu (lúcida e magnificamente) Campos e Cunha.

publicado por Theosfera às 11:14

Cada vez aprecio mais pessoas humildes, sinceras e leais, pacíficas e serenas.

 

Gente agressiva é um perigo e, além do mais, inconsequente! 

 

A pessoa humilde e bondosa é a (única) pessoa sábia!

 

O autêntico logos está no amor!

 

Emmanuel Levinas tem razão: «Mais alta que a grandeza é a humildade»!

 

De todas as qualidades que alguém possa ter a que mais aprecio é, sem qualquer dúvida, a humildade!

 

A humildade é a verdade. E a verdade é a humildade.

 

Não é violenta nem torturante. Aparece e dá-se a quem a procura. A verdade é Jesus Cristo, o Humilde.

 

Sê humilde. Serás verdadeiro.

 

Só os sábios são humildes. Só os humildes são sábios.

publicado por Theosfera às 10:52

Quinta-feira, 06 de Janeiro de 2011

Há estudos que dizem que o aproveitamento escolar está a subir. Há dados que indicam que a capacidade de raciocínio e de expressão está a decair.

 

Haverá contradição, mas só aparente.

 

O aproveitamento sobe porque, como é óbvio, a avaliação vai sendo adequada às apetências e à situação em que cada um se encontra.

 

Quanto às capacidades de pensamento e de expressão, é normal que se divisem difculdades. A literacia e a numeracia requerem esforço aturado, muita repetição e a estruturação de uma mentalidade propensa à complexidade.

 

Há quem se espante com estes elementos já que os alunos passam cada vez mais tempo na escola. Só que esse tempo é condicionado pelo ensino que os governos impõem.

 

Os adolescentes e os jovens são ornados de enormes competências na identificação de situações e no manueseamento de tecnologias.

 

Só que há aspectos que começaram a ser descurados como o complexidade do pensamento.

 

As redes sociais são um espelho fidedigno do que vivemos. É tudo instantâneo, repentino, imediato.

 

Não nos esqueçamos, entretanto, de uma coisa elementar. O que se passa com as novas gerações é induzido.

 

Somos nós, os adultos, que não estamos a cumprir o dever.

 

Educar é, essencialmente, capacitar. Os mais jovens precisam de descobrir o fluxo de potencialidades que estão alojadas no seu interior.

 

Uma profunda mudança se impõe. Uma mudança na mudança.

 

O pensamento linear nem sempre é o mais ajustado.

 

A leitura das grandes obras não oferece apenas erudição. Proporciona, acima de tudo, instrumentos para a crítica, para a criação, para o debate.

 

É bom que os alunos disponham de computadores. Mas não é menos mau que cultivem a paixão pelo livro. 

publicado por Theosfera às 11:38

O desejo das pessoas, hoje, é singrar na vida através de uma profissão que assegure bom salário e proporcione boa carreira.

 

O sonho de muitos passa, assim, por ser médico, gestor, empresário ou político.

 

E não falta gente exemplar em cada uma destas áreas.

 

Apesar de tudo, sente-se necessidade de alguém diferente.

 

De alguém não só habilitado para exercer profissões, mas de alguém com sentido de missão. De alguém que seja capaz que dizer o que está bem e o que está mal. De alguém com coragem para aplaudir e para anunciar.

 

De alguém com perseverança para insistir e para propor. De alguém que se deixe guiar mais pelos valores que pelos interesses. Mais pelos princípios que pelas estratégias.

 

Enfim, precisamos de profetas. Não é fácil. É mesmo muito arriscado ser profeta.

 

Haverá sempre quem hostilize e ameace. Quem atraiçoe e bloqueie.

 

Ser profeta não é mesmo nada fácil. Mas até por isso é cada vez mais necessário.

publicado por Theosfera às 11:37

Quarta-feira, 05 de Janeiro de 2011

Naquele dia, Francisco Cardoso tinha uma única preocupação: fazer tudo bem, fazer tudo perfeito, sem falhas.

 

A pontualidade, para ele sagrada, foi respeitada ao minuto. Saiu cedo de casa, evitando o maior fluxo do trânsito.

 

Pediram-lhe boleia. Mas nem sequer olhou. Ou, melhor, mal acabou de passar, ficou com a sensação de que era uma mãe com seu filho no colo.

 

Tinha ar aflito, perturbado. Voltar atrás era uma possibilidade. Mas o relógio acusava sem contemplações: faltavam cinco minutos para as nove. Não podia ser. Não podia parar.

 

E continuou. O trabalho foi igual ao de sempre: rotineiro, mas competente. Hoje, porém, iria caprichar.

 

Nem os olhos abriu. Olhos só havia para o trabalho. Ainda houve quem tentasse dialogar, mas sem efeito.

 

Francisco parecia hirto, inflexível, implacável. A certa altura, aquela criança ao colo daquela mãe não lhe saía da cabeça. Que terá acontecido? Iria ao médico?

 

Sabia que não tinha procedido bem, mas não queria falhar em nada, até porque a carreira depende destas coisas, da pontualidade, da eficácia.

 

Só que a sua fé, a sua condição de crente pedia-lhe mais, pedia-lhe atenção, afecto, solidariedade. E Deus não haveria de o julgar pelo amor? Porquê só a preocupação pela eficiência?

 

Bom, mas tinha de ser, pensava. O pragmatismo vence sempre e, desta vez, também.

 

O dia passou num ápice. Faltava ir à Igreja. Como sempre fazia, aliás. Também aqui, gostava de ser pontual.

 

E foi. Muito antes da Missa, já se fazia à estrada. Os pensamentos multiplicavam-se. A certa altura, alguém pede boleia. Duas crianças, desta vez. Hesita: paro, não paro.

 

Não parou Francisco, apesar de chover a cântaros. Deus estava primeiro, assim se consolou.

 

Estacionou. Entrou na Igreja. Concentrado, vai a caminho do sacrário. Quando se prepara para ajoelhar, apercebe-se de um pequeno bilhete em cima de um banco.

 

Por mera curiosidade, toma-o e lê: «Estou aqui à tua espera. Mas já passaste por Mim hoje e não paraste. Nem sequer viste que, neste momento, estou a apanhar chuva»!

 

Francisco ficou lívido. Virou costas, fez um sinal da cruz à pressa e saiu. Pegou no carro e não levou muito tempo a reencontrar as crianças. Levou-as a casa. Olhou para o relógio e, afinal, ainda estava a tempo de participar na Missa.

 

Que grande lição aprendera naquele dia. Cristo está mesmo em toda a parte: na Igreja e fora da Igreja, nos grandes e nos pequenos.

 

Há tempo para tudo. Não podemos desperdiçar nenhuma oportunidade. Ele, Jesus Cristo, espera-nos em qualquer lugar. Até à chuva!

publicado por Theosfera às 10:41

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