O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 28 de Janeiro de 2011

Há uma diferença, nada despicienda, entre a Tunísia e o Egipto.

 

O efeito de cascata está a alastrar, mas é preciso prestar atenção a um dado importante.

 

Na Tunísia, o exército colocou-se ao lado do povo.

 

No Egipto, as forças policiais aparentam estar ao lado do poder.

 

Será que vão manter sempre essa posição?

 

Já tombaram vários mortos.

 

Parece que estamos a reviver o último terço de 1989 quando os países de leste viram cair regimes que se afiguravam inexpugnáveis.

 

Ainda é cedo para antecipar o desfecho.

 

Uma coisa é certa. O povo está disposto a tudo. Quando se enfrenta a morte, a determinação é grande. Aguardemos.

 

Que a justiça se faça. E que a paz regresse.

publicado por Theosfera às 21:51

Têm os portugueses uma pulsão irresistível pela diáspora. Vemo-nos bem lá fora. Sentimo-nos em casa em todo o lado. E o nosso desempenho é reconhecido e premiado.

 

Vieira tinha razão: «Para nascer Portugal, para morrer o mundo».

 

Há cientistas de renome como António Damásio. Políticos no topo como Durão Barroso e António Guterres. Economistas como António Borges e Horta Osório.

 

Mas é, sem dúvida, no futebol onde o talento português mais se faz sentir.

 

São muitos os treinadores que singraram. O melhor do mundo é José Mourinho.

 

São bastantes os jogadores que triunfaram. Cristiano Ronaldo já foi eleito o melhor.

 

Até nos países mais improváveis, encontramos futebolistas lusos.

 

Brilham em todas as posições: avançados de eleição como Cristiano Ronaldo, Nani, Simão, Quaresma, Hugo Almeida, etc.

 

Centro-campistas também não faltam: Raul Meireles, Manuel Fernandes, Duda e Tiago.

 

E defesas também se impõem por essa Europa fora: Bozingwa, Paulo Ferreira, Bruno Alves, Ricardo Carvalho.

 

Já no que toca a guarda-redes, o saldo não parece ser tão positivo.

 

Vítor Baía foi a maior contratação de sempre para um jogador na sua posição. Mas nunca foi indiscutível no Barcelona.

 

Ricardo de titular da selecção passou a jogador não inscrito (nem sequer suplente) de uma equipa da segunda divisão espanhola.

 

Eduardo passa por grandes dificuldades no Génova. Daniel Fernandes é suplente no Panatinaikos.

 

No passado, Vítor Damas destacou-se na Espanha, mas num clube de reduzida projecção: o Santander.

 

Fala-se, agora, na possível transferência de Rui Patrício para o Manchester.

 

Para um jovem, é difícil resistir. Mas seria bom que reflectisse.

 

A posição de guarda-redes é muito específica. Há quem brilhe em todo o lado como Preud'Homme ou Schmeichel, mas também há quem, estando de tal modo identificado com determinados ambientes, não singre quando muda. É o caso de Fabien Barthéz, que, titular da selecção francesa campeã mundial, não triunfou no Manchester.

 

Se olharmos para o passado, os que terão sido os maiores guarda-redes de sempre de Portugal nunca jogaram em clubes estrangeiros: Azevedo, Costa Pereira e Manuel Galrinho Bento.

 

 

É tudo muito misterioso. São dados para meditar. 

publicado por Theosfera às 21:16

Há qualquer coisa que fomos perdendo na Europa e que estamos a reencontrar na África.

 

Fomos perdendo, aqui, o rumo da vida, o horizonte da esperança, a bússola do sentido.

 

Uma depressão endémica abateu-se sobre o ocidente.

 

Andamos agastados uns com os outros e manifestamo-nos uns contra os outros.

 

Só nos levantamos quando um direito é perdido, quando um hábito é alterado.

 

Tudo isto sabe mais a grito de desespero do que a eco de determinação.

 

De há um tempo para cá, todos os levantamentos têm resultado conhecido: é o que os poderes ditam.

 

Assim foi com as propinas. Assim foi com o porte pago. Assim foi com as portagens. Assim é com o iva. Assim é com os despedimentos.

 

Gritamos, mas sabemos, à partida, que ninguém nos ouve. O jogo está decidido antecipadamente.

 

É por isso que a África reaparece como o reencontro com aquilo que fomos perdendo.

 

Eis todo um povo que se levanta, que caminha, que não desiste.

 

Na Tunísia, já fez cair o presidente. No Egipto, é o presidente que treme.

 

Já houve mortes. Ainda haverá mais mártires.

 

Mas o povo não desiste. E continua a caminhar. Sem cálculo. Com energia e muita esperança.

 

 

publicado por Theosfera às 16:20

Um dia, alguém perguntou a Óscar Wilde: «Sabes qual é a diferença entre um santo e um pecador?».
 
O escritor irlandês respondeu: «Sei. É que o santo tem sempre um passado e o pecador tem sempre um futuro».
 
Como é bom conviver com pessoas com a sabedoria e a simplicidade de S. Tomás! Um santo enquanto sábio, um sábio enquanto santo!
 
A maior santidade é uma manifestação de sabedoria. E a maior sabedoria é sempre a santidade.
 
Hoje é dia de S. Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. Não sei que mais admire nele, se a santidade, se a sabedoria.
 
Dialéctica infundada, porém. Tomás foi sábio porque santo e foi santo porque sábio. Ele percebeu belamente que a verdadeira sabedoria é a santidade e que a autêntica santidade é sempre sabedoria.
 
A sua humildade levou-o a procurar constantemente a verdade. Fê-lo até ao fim da vida. E fê-lo não só sentado à secretária. Fê-lo sobretudo de joelhos.
 
A Teologia não é um exercício diletante. É um acto de fé que não exclui a razão, antes a optimiza.
 
A fé envolve a vida e não deixa a razão de fora. Foi Tomás quem porfiou na consolidação da aliança entre a razão e a fé: «A razão postula a fé e a fé postula a sua compreensão racional».
 
Homens como Tomás não passam de moda. São imortais. Por isso, a Igreja, no Vaticano II, faz dele o único teólogo cujo pensamento recomenda expressamente na formação dos sacerdotes.
 
Era um homem silencioso. Vivia muito a partir de dentro, a partir do fundo. Parecia um anjo. Não deixou de ser humano por isso. É um acto de sabedoria aprender com quem nos pode ajudar. Inclusive com os anjos.
 
Nem todos podemos ser sábios como Tomás. Nem todos poderemos ser místicos como Teresa de Lisieux, que viveu às portas do século XX. Mas todos somos chamados a ser santos como os dois. Ambos mergulharam no mesmo (e infindo) oceano: o mistério santo de Deus!
 
Tempos diferentes e personalidades diversas partilham a mesma preocupação: encontrar o seu lugar na Igreja, na humanidade.
 
No século XIX, Teresa de Lisieux foi perita na ciência do amor. No século XIII, Tomás de Aquino fora mestre no amor da ciência.
 
Ambas as vias conduzem a Deus: o amor é a maior ciência; a maior ciência é o amor.
publicado por Theosfera às 10:21

Não foi ontem. Foi hoje que a neve resolveu visitar Lamego, derramando-se sobre os seus arredores.

 

Na cidade, não há praticamente vestígios. Mas o panorama que da cidade se avista está, imaculadamente, branco.

publicado por Theosfera às 10:10

Na sua intervenção televisiva de ontem à noite, António Barreto chamou a atenção para o que se está a passar nos cortes dos vencimentos dos trabalhadores.

 

Igualizar o que é diferente é não só pouco estimulante como profundamente injusto.

 

Os cortes não deviam ser a eito ou cegos, como ele disse.

 

Era fundamental que se segregasse o trigo do joio.

 

Serviços competentes serem tratados como serviços que não funcionam é desolador.

 

Compensar o funcionário empreendedor como o funcionário incumpridor é injustificável.

 

Quando não se distingue o mérito, está a promover-se a mediocridade. Assim não vamos lá.

 

A meritocracia está a ser subjugada pela medianocracia.

 

Esta manhã está a ser inundada com notícias acerca de salários volumosos de gestores públicos.

 

O presidente do Banco de Portugal, por exemplo, ganha muito mais que o seu homólogo dos Estados Unidos.

 

Ontem, foi alvitrado que ninguém pudesse ganhar mais que o presidente da república.

 

Parece-me razoável. Como é que alguém que não está no topo pode ganhar mais do quem no topo se encontra?

 

Não se trata de inveja ou de miserabilismo. Trata-se de justiça.

 

E, num momento de crise, os sacrifícios não podem ser apenas para os mesmos: os sacrificados de sempre! 

publicado por Theosfera às 10:00

Hoje em dia, abundam técnicos e especialistas. Mas não restam muitos sábios. Em tempo de poupança, ditada pela crise, é pecaminoso desperdiçá-los.

 

Esta noite pudemos ouvir, por poucos minutos é certo, um dos poucos sábios que nos resta: António Barreto.

 

À competência e argúcia acrescenta lucidez e moderação.

 

Toma posições sem ser sectário.

 

Apreende a realidade e transmite o seu olhar sobre ela sem disfarces.

 

Sublinhou o óbvio esta noite: a campanha eleitoral foi pobre, mas não vale a pena estar sempre a insistir no mesmo.

 

Os próximos três ou quatro meses tornar-se-ão esclarecedores: ou há entendimento entre presidente da república e primeiro-ministro ou temos mais crise.

 

Era bom que os principais partidos se entendessem em nome do país e que não se digladiassem em prejuízo do país.

 

À testa dos nossos problemas colocou a justiça. Que, assinalou, funciona pior nos grandes centros do que nas pequenas localidades.

 

A educação também precisa de ser reformulada. Ao governo cabem duas tarefas fundamentais: definir um programa curricular comum e manter uma actividade inspectiva. O resto cabe às comunidades e às suas forças vivas. É preciso apostar - de vez! - na sociedade civil.

 

Pressente-se muito desencanto com o presente e desenha-se alguma apreensão quanto ao futuro.

 

Já há quem (Henrique Raposo e Francisco José Viegas, por exemplo) tenha lançado o seu nome como possível candidato às presidenciais de 2016.

 

Enquanto sociólogo, António Barreto é um profundo conhecedor da nossa identidade e das suas idiossincrasias mais entranhadas.

 

Pressinto, porém, que, fiel a si mesmo, optará por permanecer como uma reserva. Reserva cívica e reserva moral de um país que desperdiça o que há de melhor.

 

Na vida, há sempre uma reserva que nunca se usa, que nunca se gasta. Recorremos a ela em horas de aperto e reencaminhamo-la para o seu lugar, para a reserva.

 

Seja como for, o pensamento como que rejuvenesce ao ouvir sábios como António Barreto e outros. Que não são muitos.

 

 

publicado por Theosfera às 00:00

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