O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sábado, 22 de Janeiro de 2011

 Com todo o respeito, não me parece que a cultura actual possa ser qualificada de secularista. E, muito menos, que se possa dizer que ela «ataca e vai tentando reduzir o espaço humano para a fé, tornando-se quase uma religião alternativa».

 

 

O problema não vem tanto de fora, mas de dentro.

 

Não há dúvida de que há «cristãos que hoje, em tantos países do mundo, são perseguidos, por vezes até à morte».

 

Mas também há membros de outras religiões e pessoas sem religião que são perseguidas e mortas.

 

Como nos lembra Xavier Zubiri, a religião não nos fala apenas da divindade. Ela fala-nos também do homem a partir do seu relacionamento com a divindade.

 

 A cultura ocidental terá muitas lacunas, mas nela persiste um apelo muito forte à vivência espiritual. É preciso estar atento aos sinais. E é fundamental acolher as pessoas que os vão emitindo.

publicado por Theosfera às 15:59

Será que é impossível rediscutir o Acordo Ortográfico?

 

Eu sei que tudo já está decidido.

 

Mas o que mais existe é discutir coisas que estão decididas e reabrir questões que se consideravam fechadas.

 

Costuma dizer-se que as coisas são definitivas enquanto duram. E é sabido que, nos tempos que correm, duram cada vez menos.

 

Um tema desta magnitude não mereceria um amplo debate na sociedade antes de subir aos patamares da decisão?

 

Será que o povo, o soberano numa democracia, não merece mais que desempenhar um papel submisso?

 

Já agora, a Espanha é uma unidade política numa continuidade territorial e a língua que nela se fala está longe de ser uniforme.

 

Se não há problema a um salmantino falar ou escrever de modo diferente de um galego, de um basco ou de um catalão, porque é que um português terá de ser obrigado a escrever como um brasileiro?

 

Mistérios que a política tece. Mistérios que nem a razão esclarece...

publicado por Theosfera às 12:42

Estar fora de si não é propriamente o maior elogio que fazer se possa.

 

Mas foi o que, segundo o Evangelho, os parentes disseram a respeito de Jesus.

 

Só que, independentemente da intenção, há uma verdade profunda nesta expressão.

 

Existir, etimologicamente, é estar fora, fora de si.

 

O mal das pessoas é ainda viverem muito presas a si.

 

Jesus incorpora o paradigma de uma existência descentrada. Ou, melhor, recentrada: em Deus e no Homem, na humanidade.

 

Eis um tópico para este dia de reflexão.

 

Na nossa decisão, não pensemos apenas (nem principalmente) em nós ou nos nossos interesses. Pensemos em todos.

 

A verdade não é atomística. É, genuinamente, católica, isto é, universal. Ou seja, também está fora de nós.

 

Existir é, no fundo, viver com os os outros, para os outros.

publicado por Theosfera às 11:55

Há palavras que servem para retomar o fôlego da conversa ou para entreter o interlocutor quando a ideia se eclipsa ou enquanto a ideia não chega. O caso mais célebre é o portanto.

 

Há, entretanto, um vocábulo que, acima de tudo, sinaliza os limites do pensamento e, de certa forma, a falência da comunicação. O caso mais conhecido é mistério.

 

Enquanto o portanto é um alimentador da conversa, uma espécie de compasso de espera, mistério é um ponto final, obtendo um efeito suspensivo.

 

Mistério é o que nos vem à cabeça quando nada mais conseguimos dizer.

 

Dotada de uma densidade única, esta é uma palavra que atiramos, especialmente, para a esfera do divino. Mas não só. Há realidades humanas que tendemos a ungir com o selo do mistério.

 

A China é um mistério para o mundo, designadamente para o ocidente.

 

Parece que a China nos conhece melhor a nós do que nós conhecemos a China.

 

Dotada de uma tradição espiritual forte, está dominada, há décadas, por um regime materialista.

 

Reprimida, a sua população dá sinais de pujança.

 

A economia compete com a norte-americana.

 

O regime é o mesmo, mas vai mudando. As pessoas ainda estão pobres, mas o Estado parece rico.

 

O Estado, aliás, apresenta-se como comunista, mas dá cartas no capitalismo.

 

Os direitos humanos é que permanecem uma questão inamovível.

 

Tiannamen mantém-se na memória. O prémio nobel da paz continua detido. O Tibete prossegue submetido.

 

É certo que esta semana, houve um ligeiro (promissor?) sinal. O presidente chinês assumiu, nos Estados Unidos, que «muito precisa de ser feito no que respeita aos direitos humanos».

 

Mas voltamos ao mistério chinês. Que Henri Kissinger resumiu, há décadas, do seguinte modo: os americanos habituaram-se a resolver problemas; os chineses preferem conviver com os problemas.

 

Reconhecer que há um problema nos direitos humanos é positivo. Mas bastará?

publicado por Theosfera às 11:38

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