Estamos a meio da campanha e o que nos chega do meio da campanha é desolador e perigosamente desmotivante.
Este último ponto é decisivo e deveria ser estudado.
Em princípio, uma campanha serve para mobilizar os indecisos, até porque os outros já estarão convencidos.
O certo é que a presente campanha está a ajudar a decidir mas em sentido contrário ao expectável.
Há, de facto, muita gente que, perante o que se tem visto, está decidida a não votar.
O estudo que importava fazer era sobre o seguinte: qual a percentagem de pessoas que deixou de votar por causa da campanha.
A sondagem da rua, nos últimos dias, é bastante impressiva.
A população está saturada da tempestade de insinuações e da neblina de suspeitas.
Não haverá, como é óbvio, uma tendência uniforme, mas espanta notar como há muita gente para quem a campanha parece ser um motivo para não votar.
Parece que os candidatos não falam para o povo, mas uns para os outros. Ouvem-se durante o dia e atacam-se à noite.
A substância dos comícios, que a comunicação social veicula, mostra-nos uma sequência de réplicas e tréplicas entre os candidatos.
Pelos vistos, é um guião já gasto.
Na semana que dista do acto eleitoral, é fundamental que a campanha corrija o sentido e possa haver uma réstia de conteúdo.
Digam-nos o que pretendem fazer. E deixem ao povo discernir quem é o mais capaz.
O mais alto cargo da nação merece uma grandeza que não se tem visto.
Se não houver mais nada, que não deixe de haver serenidade, compostura e tolerância.