Não estamos já sob o dominio da tortura, mas continuamos subjugados por muitos condicionamentos.
Ninguém pode dizer que não há medo.
Quem diz tudo o que pensa expõe-se à hostilidade ou à indiferença.
E hoje o anonimato acolhe o insulto e a vileza por tudo quanto é sítio.
É claro que qualquer um pode invocar a sua consciência. Mas insultar não pode ser incluído nos ditames da consciência. Esta tem como únicos limites o bem comum e a regra de ouro: «Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti».
Mas, como diz José Gil, «não é possível pensar sem pensar livremente e sem risco».
É um facto que, como avisava o poeta, «não há machado que corte a raiz ao pensamento».
Só que, por vezes, o machado ameaça aquele que partilha o que pensa.
Os poderes não apreciam a liberdade do pensamento.
Mas não há outro caminho. Só na liberdade e no assumir do risco é que o pensamento tem substância.