Porquê tantas zangas?
Porquê tantas indisposições?
Porquê tanto acinte?
Porquê tanta arrogância?
Deus é amor
e semeou toneladas de bondade em todos os corações.
Também no teu, Irmão.
Sê bom.
Serás feliz!
Porquê tantas zangas?
Porquê tantas indisposições?
Porquê tanto acinte?
Porquê tanta arrogância?
Deus é amor
e semeou toneladas de bondade em todos os corações.
Também no teu, Irmão.
Sê bom.
Serás feliz!
Ela avisa. Insinua-se. Anda quase sempre por perto.
Umas vezes, vem de repente. Outras vezes, aparece de modo gradual.
Mas, de um modo ou de outro, não deixa alternativas.
Chega sempre depressa. Aparece sempre cedo.
A certa altura, damos conta de que já estamos debaixo do seu domínio.
Um pouco de nós vai indo com os outros.
Um dia, levar-nos-á por inteiro.
A morte não deixa alternativas.
Estamos certos dela. Estaremos preparados para ela?
1. Para perceber a presente campanha eleitoral (e, mais vastamente, o actual momento político) não basta folhear os jornais nem consultar os manuais de Ciência Política.
É preciso recorrer a outros padrões de análise que irão desde a Filosofia à própria Psicologia.
Se repararmos bem, o que está em causa já não é apenas (nem principalmente) a aptidão para o exercício de um cargo que deveria ser mais de serviço do que de poder.
O que salta à vista é, antes de mais, o estado da sociedade e o carácter das pessoas.
É óbvio que não me repugna esta discussão. Compreender o estado da sociedade é fundamental e conhecer o carácter das pessoas é decisivo.
O problema não está, pois, no conteúdo da discussão, mas no seu rumo. Ou, melhor, na sua total falta de rumo.
2. Estamos a discutir o mais sagrado (o carácter) com base no que há de mais leviano: a pura suspeita.
Não se apresentam situações concretas ou dados irrefutáveis. Apenas se agitam suspeições envolvidas pela neblina do rumor.
A insinuação repetida deixa o seu rasto e cumpre os objectivos para alguns aprendizes de Maquiavel. Os fins acabam por justificar (e explicar) os meios, todos os meios.
Se o argumento não convence, espera-se que a suspeita ajude a vencer.
A violência emocional não fere menos que a violência física. Chega até a magoar mais, imensamente mais…
Nem sequer damos conta de que não estamos em condições de julgar. Os actores políticos acabam por funcionar como um espelho dos cidadãos.
Os políticos não estão isentos de defeitos. Mas será que nós, cidadãos, seremos modelos de virtudes?
3. Os políticos são filhos de um tempo que, por sinal, também é o nosso. Trata-se de um tempo que Lipovetsky descreveu como sendo vazio e, nessa medida, dominado pelo efémero.
Sem opções galvanizadoras, a tendência é para deixar de acreditar.
Acreditar já não é a regra. A regra é desconfiar, é suspeitar.
Acresce, como agravante, que, num quadro de esvaziamento de valores, os limites são ignorados e largamente ultrapassados.
É certo que quem aspira a liderar devia destacar-se pela diferença. Esquecemos, no entanto, que não vivemos numa época de homens excepcionais. Os historiadores são os primeiros a descrever a nossa época como sendo a dos homens comuns.
Sucede que, como são os homens comuns a escolher os líderes, é natural que se inclinem para aqueles que mais se assemelham a eles e não para aqueles que mais se distinguem deles.
O panorama que, actualmente, nos é oferecido é, sem dúvida, desolador, mas está longe de ser novo.
Ele confirma uma tendência que, há muito, se vem desenhando e infirma qualquer vontade de acreditar que, afinal, o melhor ainda é possível.
É penoso, mas é verdade: a suspeita vende, a suspeita rende. Se a suspeita não fosse consumida, talvez não a usassem tanto.
Uma vez mais se reforça o cenário. Atravessamos uma crise que, antes de ser política, é cívica, é nossa.
O político que grita e que fala de dedo em riste é constantemente abafado em aplausos. Já aquele que se mantém moderado é imediatamente acusado de não ter jeito para a política.
Não são estes os comentários que tecemos?
4. A comunicação social, que podia (e devia) exercer um papel terapêutico, excita-se com tudo isto. Parece mesmo (sobre)viver bem neste terreno lamacento.
Tudo isto é muito pós-moderno, muito resignado ao fragmento, ao incidente, à insinuação difundida e à frase gritada.
Falta uma visão global, um pensamento sustentado e um horizonte de esperança.
Precisamos de uma revolução não só nas estruturas, mas que parta das mentalidades.
Creio que essa revolução silenciosa já está a fermentar. A longo prazo, dará os seus frutos.
O bem não se compadece com pressas. É pena. Mas o importante é que ele venha.