No mundo ideal, ninguém chama seu ao que lhe pertence.
No mundo ideal, todos têm acesso a tudo.
No mundo ideal, há de tudo menos dinheiro nem bancos.
No mundo ideal, também não há forças policiais, nem assaltos, nem mendigos.
No mundo ideal, não há usura nem avareza.
No mundo ideal, quem necessita de comer vai ao mercado e leva o que precisa.
No mundo ideal, quem necessita de vestir vai ao pronto-a-vestir e leva o que precisa.
No mundo ideal, quem necessita de saúde vai ao hospital e à farmácia e leva o que precisa.
No mundo ideal, quem necessita de aprender vai à escola e leva educação.
No mundo ideal, quem necessita de habitação sabe que dispõe de uma casa.
Nu mundo ideal, todos contribuem segundo as suas capacidades e cada um recebe segundo as suas necessidades.
No mundo ideal, ninguém precisa de acumular porque sabe que nada lhe faltará.
No mundo ideal, as pessoas não trocam bens por dinheiro.
No mundo ideal, as pessoas permutam serviços.
No mundo ideal, o bem de cada um é a norma para todos.
No mundo ideal, é inconcebível que alguém fique privado do que precisa só porque não tem dinheiro ou que alguém se deleite com o supérfluo só porque tem muito dinheiro.
No mundo ideal, ninguém controla ninguém porque a confiança é a regra.
No mundo ideal, cada um dá o que pode e faz o que deve.
No mundo ideal, as pessoas não vêem qualquer utilidade no dinheiro.
Pena é que isto se passe apenas no mundo ideal. Pena é que isto não passe para o mundo real.
O problema está, pois, no mundo real.
O problema é que impedimos que o ideal se torne real.
O problema é que, em vez de ser o ideal a iluminar o real, acaba por ser o real a obscurecer o ideal.
O problema é que, no mundo real, o dinheiro manda e comanda.
Quem tem dinheiro tem (quase) tudo. Quem não tem dinheiro não tem (praticamente) nada.
O problema é que, mesmo em democracia, o dinheiro exerce uma cruel ditadura.
O dinheiro não pede opinião. Dita as suas leis.
Não liga muito à justiça. Faz muitos excluídos. Só assegura a (suposta) felicidade de alguns.
Será que o mundo vai acabar sem que ponhamos fim a este jugo?