O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 07 de Janeiro de 2011

Por muito ânimo que tentemos acumular no arranque do novo ano, acaba sempre por aparecer uma notícia que nos atinge no mais fundo da alma.

 

No ano passado, ficámos atordoados com o violento terramoto no Haiti, logo a 12 de Janeiro.

 

Hoje, 7 de Janeiro, acabo de tomar conhecimento da morte totalmente inopinada (se inopinada pode ser a morte) de um colega e amigo.

 

O Padre António Samuel Teixeira da Silva tinha apenas 47 anos. Ordenou-se um ano antes de mim.

 

Eu sei que é trivial dizer isto, mas, neste caso, é mesmo verdade. O Padre Samuel era um homem bom.

 

Discreto e afável, pautou a sua conduta por uma irrepreensível correcção.

 

A vida tem uma componente de mistério difícil de aceitar e quase impossível de decifrar.

 

A interlocução que mantemos com a morte deixa para ela o ponto final. Só não sabemos o momento em que o coloca no texto que é a nossa história.

 

A eternidade parece ter pressa em receber as pessoas de bem.

 

Fazem falta num mundo que parece não merecê-los.

 

Curvo-me, respeitosamente, ante a memória deste colega e amigo.

 

Estou certo de que Deus já o recebeu.

 

A sua alma está em paz. Porque o Padre Samuel foi sempre um homem de paz.

publicado por Theosfera às 20:31

O que está a acontecer, no nosso país, só surpreende quem anda desatento, o que não é susposto acontecer com um cidadão minimamente informado.

 

Não obstante, é deveras doloroso acompanhar o que vai ocorrendo entre nós.

 

As eleições para a presidência da república confirmam uma tendência que, há muito, se vem desenhando e infirmam qualquer vontade de acreditar que, afinal, o melhor ainda é possível.

 

Os candidatos apresentaram os seus manifestos com ideias e programas.

 

Contudo, a realidade reduzida à comunicação não se faz eco de qualquer ideia ou programa.

 

Não há ideias nem programas porque isso (supostamente) não cativa. Sobra a suspeita porque isso (supostamente) atrai.

 

Estas eleições estão para a política como, por exemplo, O Código da Vinci esteve para a literatura: a suspeita vende, a suspeita rende.

 

Como é habitual nestes casos, não se procura a globalidade. E desde Aristóteles é sabido que a verdade está na totalidade. O Estagirita dizia, na sua Metafísica, que a verdade era católica. Católico aqui não é confessional (Aristóteles viveu antes de Cristo), mas genuinamente etimológico, no sentido de universal, englobante.

 

Na suspeita, vale uma parcela, um alvitre. E, como se compreende, se a estratégia é a suspeita, nada melhor que conseguir uma suspeita sobre quem lança suspeita.

 

A suspeita facilmente conduz à desconstrução. As provas aqui são pouco relevantes. A predisposição parece contar mais.

 

E não há dúvida de que, hoje em dia, a predisposição para o o boato e o rumor é grande, é total.

 

A suspeita é tecida sob a forma de veneno letal e servido ao jeito do espectáculo.

 

Com a suspeita não se pretende questionar ou discordar. Com a suspeita visa-se atingir, denegrir, eliminar (pelo menos, a dignidade).

 

É só ver o ar impante e superior com que se fala destes assuntos. Esquece-se, porém, que, não raramente, a suspeita lança estilhaços imprevistos e ninguém está livre de apanhar com alguns.

 

Perturba olhar o olhar feliz de quem tem a última suspeita para apresentar. E como se faz moralismo para os outros.

 

O pior é que as novas gerações, ao entrarem na vida pública, já sabem com o que contam. Suspeitar de alguém é considerado mais aliciante que propor algo ou, legitimamente, criticar alguma coisa.

 

Nietzsche, Marx e Freud foram apontados como os mestres da suspeita. Em planos diferentes, têm discípulos que lhes levam a palma na perfídia e na astúcia.

 

Confesso que nada disto entusiasma. Todos acabamos por replicar aquilo que contestamos.

 

A comunicação social, que podia (e devia) exercer um papel terapêutico, parece excitar-se com tudo isto. Parece mesmo (sobre)viver bem neste território lamacento.

 

Até aposto em como a entrevista da noite do dia 10, com Cavaco Silva, vai andar em torno deste (penoso e já entediante) tema.

 

Custa viver num tempo assim. A honra é muito importante. A política é muito nobre.

 

Há quem me tenha alertado, desde há muito, para o facto de acreditar naquilo que não existe. Tem razão. O problema é que naquilo que existe é que não posso mesmo acreditar.

 

Apesar de tudo, creio que uma revolução silenciosa está a fermentar. A longo prazo, dará os seus frutos.

 

O bem não se compadece com pressas. É pena. Mas parece que é assim.

 

publicado por Theosfera às 11:35

«A verdade não conhece perífrases; a justiça não admite reticências».

Assim escreveu (relevante e magnificamente) Guerra Junqueiro.

publicado por Theosfera às 11:15

«Na vida, há problemas que o tempo resolve e outros que o tempo agrava».

Assim escreveu (lúcida e magnificamente) Campos e Cunha.

publicado por Theosfera às 11:14

Cada vez aprecio mais pessoas humildes, sinceras e leais, pacíficas e serenas.

 

Gente agressiva é um perigo e, além do mais, inconsequente! 

 

A pessoa humilde e bondosa é a (única) pessoa sábia!

 

O autêntico logos está no amor!

 

Emmanuel Levinas tem razão: «Mais alta que a grandeza é a humildade»!

 

De todas as qualidades que alguém possa ter a que mais aprecio é, sem qualquer dúvida, a humildade!

 

A humildade é a verdade. E a verdade é a humildade.

 

Não é violenta nem torturante. Aparece e dá-se a quem a procura. A verdade é Jesus Cristo, o Humilde.

 

Sê humilde. Serás verdadeiro.

 

Só os sábios são humildes. Só os humildes são sábios.

publicado por Theosfera às 10:52

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