«Leio o teu nome
Na página da noite:
Menino Deus…
E fico a meditar
No milagre dobrado
De ser Deus e menino.
Em Deus não acredito.
Mas de ti como posso duvidar?»
Assim poetou (meditativa e magnificamente) Miguel Torga.
«Leio o teu nome
Na página da noite:
Menino Deus…
E fico a meditar
No milagre dobrado
De ser Deus e menino.
Em Deus não acredito.
Mas de ti como posso duvidar?»
Assim poetou (meditativa e magnificamente) Miguel Torga.
A encarnação não foi. A encarnação é. Joahnnes Mölher, o célebre teólogo de Tübingen do século XIX, olhava para a Igreja como a encarnação permanente.
A questão que se coloca, então, tem que ver com o modo como estamos a concretizar, ou não, o perfil, a mensagem e a pessoa de Jesus Cristo.
A Igreja está em Cristo. Cristo está na Sua Igreja. É essa a vontade Sua. Mas será sempre essa a realidade nossa? É óbvio que estaremos sempre longe da plenitude, mas que esforço estaremos a fazer para nos aproximarmos do centro?
Cristo está na Sua Igreja, sem dúvida. Este é o alicerce. Olhemos, entretanto, para o quotidiano.
Está na Igreja a Sua oração? Está na Igreja a Sua coragem? Está na Igreja a Sua simplicidade? Está na Igreja o Seu amor? Está na Igreja a Sua pobreza?
Está na Igreja a Sua dedicação pelos pobres? Está na Igreja a Sua paixão pelo humano? Está na Igreja a Sua prioridade em relação ao Pai? Está na Igreja a Sua inquietação?
Está na Igreja a Sua humildade? Está na Igreja a Sua paz? Está na Igreja o Seu despojamento?
Por aqui se vê como a mudança é necessária e, além de necessária, urgente.
Mas mudança rima com esperança. A encarnação, além de acontecimento perene, é urgência actual.
É sempre Natal da Igreja. Ela é chamada a renascer constantemente para Cristo.
Há dois mil anos, Jesus nasceu no tempo.
Na Eucaristia, Ele renasce na nossa vida.
No templo e na vida, continua a ser Natal.
Na palavra e no pão é Jesus que, de novo, vem ao nosso encontro.
Na palavra e no pão, hoje nasce, de novo, o nosso Salvador, Jesus Cristo Senhor.
Nasce na humildade, convida-nos ao despojamento, incita-nos à esperança, convoca-nos para a mudança.
Alegremo-nos no Senhor. Inundemos de alegria esta noite. «Não pode haver tristeza quando nasce a vida».
Enchamos de paz a nossa vida. «O nascimento de Cristo é o nascimento da paz».
No princípio, era a Paz. A Paz estava com Deus. A Paz era Deus.
Em Cristo, a Paz fez-se carne. E habitou entre nós.