As grandes tiranias não exploram apenas a partir do exterior. As maiores tiranias oprimem, cada vez mais, a partir do interior.
O tirano mais perigoso actua dentro de nós. É o egoísmo.
O egoísmo ergue um muro. Só faz ver o eu, a partir do eu e à luz do eu.
Como, entretanto, esta luz é ofuscante, o egoísmo não deixa ver devidamente o outro. O eu tapa-o, esgana-o, sufoca-o.
Eis, pois, a doença mais agreste dos nossos tempos cujos sintomas são pluritentaculares.
Sintomas do egoísmo avassalador são a busca do êxito a todo o custo, o culto desmesurado da própria imagem, a sobranceria perante o outro, o não atendimento às necessidades dos demais e uma cultura dos direitos sem deveres.
O egoísmo acaba por ser, por isso, uma doença letal, até porque ninguém sobrevive como pessoa à margem dos outros.
A terapia para esta doença é o amor, o amor corporizado por Jesus, que é um amor desegoízador, um amor que nos liberta da maior (e, a bem dizer, única) tirania: o egoísmo.