Insistir demasiado na denúncia do relativismo pode conduzir ao efeito contrário do pretendido.
É claro que as posições não são todas equivalentes, mas cabe ao discernimento fazer a respectiva triagem.
Este é um processo de busca incessante, nunca concluído.
Recordo que Xavier Zubiri falava de um duplo absoluto: Deus como absolutamente absoluto e o Homem como relativamente absoluto.
Neste mundo, tudo é relativo no sentido de que tudo está relacionado com tudo.
Quando se insiste no absoluto de uma posição, acaba por se menorizar quem defende a posição diferente. Ora, o ser humano pertence a uma grandeza inquestionável.
Condicionar uma pessoa pela posição que toma é inverter as coisas. As posições podem ser discutidas. A pessoa tem de ser preservada.
Quantas vítimas não existem em nome de posições absolutas?
Só que, muitas vezes, o absoluto também se mostra relativo, também mostra uma geometria variável, também muda de posição. O que era absoluto deixa de o ser.
Só mesmo Deus e a alma humana é que são intocáveis.
E, depois, parece-me cada vez mais que o relativismo não é o principal problema. É a intolerância, a rejeição, a falta de acolhimento do diferente, a ausência de misericórdia e de compaixão, a injustiça.