Quem quiser seguir seriamente Jesus Cristo sabe que tem de contar com dois tipos de adversidade: com ataques e com seduções.
Aqueles são duros, mas são facilmente identificáveis. Estes tornam-se, aparentemente, aliciantes, mas, no fundo, são mais perigosos.
Isto, aliás, vem desde sempre. O Apocalipse fala da mulher que se prepara para ser mãe e, logo a seguir, do dragão que se prepara para devorar o filho assim que nasça.
S. Gregório Magno, nos célebres Comentários sobre o livro de Job, alude a isso mesmo. E recomenda: em relação aos ataques, «e preciso responder com o escudo da paciência; relativamente às seduções, urge responder com os dardos da verdade».
Urge, pois, estar de atalaia à guisa da sentinela. Os ataques provêm de todo o lado: de fora e, não poucas vezes, de dentro.
Quanto às seduções, elas têm o íman do veneno: atraem, mas matam. Muitas vezes, surgem, esplendorosas, sob a forma de elogios. Excelsa-se, por exemplo, a discrição (o que, em si, é bom porque o protagonismo é de Deus) como (pouco) subtil convite a não incomodar, a não perturbar.
Temos, sem dúvida, de acolher, de escutar. Mas cabe-nos também falar. E o mesmo S. Gregório Magno tanto se penitenciava das vezes em que devia ficar calado e falou como das vezes em que devia falar e ficou falado.
É claro que, em tudo isto, as fronteiras são ténues. Mas, deixando-nos conduzir por Cristo, tudo se conseguirá!