«A arte de viver é simplesmente a arte de conviver. Simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!».
Assim escreveu (espantosa e magnificamente) Mário Quintana.
«A arte de viver é simplesmente a arte de conviver. Simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!».
Assim escreveu (espantosa e magnificamente) Mário Quintana.
Falar, hoje em dia, não é um acto inócuo nem gratuito.
Falar leva, cada vez mais, a ganhar e a perder dinheiro.
As declarações dos nossos responsáveis governativos e dos líderes da oposição repercutem-se lá fora e os mercados reagem. Quase sempre, negativamente.
Há que ter cuidado com o que se diz. Há sobretudo que não perder a convicção, a clareza e, já agora, também algum pudor.
O maior é uma obsessão para muitos. Fazem tudo e pisam quase todos para o conseguir. Ou, pelo menos, para o presumir.
Como se sabe, Jesus verbera tal comportamento. E o Evangelho fala, curiosamente, sobre o maior. Só que em causa está o maior mandamento.
Este, sim, é a prioridade. O maior mandamento é o amor: a o amor a Deus e o amor ao próximo.
Faz hoje vinte e um anos que o reitor da Universidade Centro-Americana foi assassinado juntamente com outros colegas.
O Padre Ignacio Ellacuría foi um dos discípulos dilectos de Zubiri e o primeiro a fazer uma tese de doutoramento sobre a sua obra.
Deixando uma carreira descansada na Europa, foi para a América Latina pugnar pela justiça em nome do Evangelho.
Vidas assim sobrevivem, mesmo depois da morte.
De facto, parece mesmo haver palavras a mais na vida pública em Portugal.
E o problema é que as palavras não sabem a palavras, mas a mero som e a (im)puro ruído.
As palavras que são reproduzidas não infundem segurança. Antes difundem incerteza e abalam a esperança, já por si abatida.
Há que ter ponderação. Há que dosear as intervenções.
O problema não é tanto o ruído. O problema é serem sempre os mesmos a falar, a falar uns para os outros, uns dos outros, uns contra os outros.
É deprimente.
Só que a alternativa não é melhor. O que a televisão, por exemplo, nos oferece degrada o mais insensível. É depressivo.
Precismos de palavras que saibam a esperança, a confiança e a verdade. Precisamos de palavras que não nos cansem das palavras.
O Evangelho inclui uma frase que, certamente, causa alguma perplexidade. É quando Jesus diz: «O Pai é maior do que Eu» (Jo 14, 28).
É que sempre nos ensinaram que nenhuma pessoa da Santíssima Trindade é mais divina que as outras. O subordinacionismo sempre foi combatido pela Igreja.
O primeiro concílio ecuménico, ocorrido em Niceia (325), trata precisamente de deixar bem claro que o Filho é da mesma substância que o Pai.
Como entender, então, esta afirmação? Não haverá uma contradição?
Houve quem falasse do Filho como um segundo Deus ou como uma espécie de Deus de segunda ordem. Foi o caso de Ario.
Como entender, então, esta afirmação? Será que o Pai é mesmo maior que o Filho? Como articular esta frase com uma outra: «Eu e o Pai somos um só» (Jo 10, 30)?
«Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar».
Assim escreveu (pertinente e magnificamente) Nietzsche.