O Brasil merece ser estudado. E Lula da Silva justifica a nossa melhor atenção.
De forma desapaixonada e ideologicamente imparcial, importa olhar para o que a realidade nos mostra.
Este país e este homem certificam à saciedade que o principal capital de um povo são as suas pessoas. É preciso dar-lhes confiança, fazendo-as acreditar que é possível vencer as dificuldades.
Não é preciso propor muita coisa de cada vez. É fundamental definir prioridades e mobilizar toda a comunidade em função delas.
Recorde-se que Lula da Silva (e o seu vice José Alencar) não têm diplomas universitários. No entanto, cônscios da importância da educação, foram eles que construíram o maior número de universidades federais em toda a história do Brasil.
A prioridade do seu governo foi combater a fome. Criou, por isso, o programa Fome Zero, um projecto baseado nas origens de Lula, o único presidente brasileiro que nasceu na miséria, não na pobreza.
Pobreza, como dizia D. Hélder Câmara, é viver do indispensável. Miséria é carecer do indispensável.
E a experiência da fome, na sua infância, terá marcado definitivamente o carácter do actual presidente.
Quando Lula da Silva tomou posse, um terço da população brasileira passava fome. O Brasil era, nesse momento, um dos países com mais desigualdades de rendas e flagelado pela fome, não obstante ser, na altura, o quatro maior exportador mundial de alimentos.
O que faltava aos brasileiros não eram alimentos, era o dinheiro para a aquisição desses alimentos para o consumo.
O Fome Zero visou o combate à fome e a garantia de segurança alimentar, atacando as causas estruturais da pobreza, através de um modelo de desenvolvimento económico, que criou condições para a superação de pobreza.
Os municípios passaram a desempanhar um papel estratégico no diagnóstico de problemas da população e a esboçar as propostas de soluções criativas, incluindo a sua materialização.
Os dados mostram que alguns estados brasileiros, como o Paraná, poderão exterminar a pobreza até 2013. O Brasil, no geral, poderá eliminar a pobreza em 20 anos.
Desde 2003, a população abaixo da linha de pobreza está em forte queda.
Tendo como base as pessoas que ganham meio salário mínimo (o equivalente a 232 reais, em 2009), a pobreza caiu 64%, quando comparada à de 1995.
Nem tudo terá sido perfeito na governação de Lula, mas só por este desígnio vale a pena dispensar uma cuidadosa atenção ao seu legado.
E é indiscutível que o Brasil deu um grande salto para a frente. Não deixa de ser sintomático que Portugal esteja a dar um passo para trás. Entre nós, a fome está a aumentar.
Estudemos (melhor) o Brasil.