O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Sexta-feira, 12 de Novembro de 2010

O momento que estamos a viver surge-nos tingido de dificuldades. Mas quem sabe se ele não estará cheio de imensas oportunidades?

 

O que mais me impressiona é que, desde os governantes aos cidadãos, todos parecemos tolhidos pelo desânimo e manietados pela angústia.

 

Há uma crise, sem dúvida, e não é só (nem principalmente) económica. Mas não são as crises que fazem o mundo avançar?

 

Viver é ultrapassar-se e os obstáculos têm o condão de espicaçar o engenho.

 

Não podemos é insistir no mesmo e temer o diferente.

 

Esta é a hora de nos abrirmos ao novo.

 

O Estado parece esgotado. A sociedade não pode ficar adormecida.

 

Precisamos de caminhos novos. É fundamental arriscar. Arriscando podemos perder (mas perder mais do que aquilo que já perdemos é difícil). Mas se não arriscamos, estamos perdidos.

 

O novo perturba. George Bernard Shaw reconhecia que «todas as grandes verdades começam como blasfémias».

 

Jesus, aliás, foi condenado praticamente como um blasfemo.

 

Schopenhauer e William James afirmaram, em jeito de síntese, que «toda a verdade passa por três etapas: primeiro, é ridicularizada; depois, é violentamente contrariada; por último, é aceite universalmente como auto-evidente».

 

Portugal, que descobriu o mundo, será capaz de se redescobrir a si próprio? 

publicado por Theosfera às 23:25

«A vida só pode ser compreendida olhando para trás; mas só pode ser vivida olhando para a frente».

Assim escreveu (luminosa e magnificamente) Kierkegaard.

publicado por Theosfera às 23:23

Mark Baker apresenta-O como o maior psicólogo de todos os tempos.

 

Lauro Trevisan considera-O um grande psicanalista.

 

Jesus confirma ser mesmo o universal concreto.

 

Não há dúvida de que ninguém como Ele penetrou no fundo da alma humano.

 

O acolhimento e a compaixão foram sempre as atitudes que se destacaram no Seu ministério.

 

Daí a atracção, inclusive entre aqueles que não frequentam a Igreja, pela figura de Jesus.

 

Ele é o nosso grande perscrutador. Revela-nos a nós mesmos. Como dizia Rahner, «Ele é a resposta total à pergunta total».

publicado por Theosfera às 23:17

O Brasil merece ser estudado. E Lula da Silva justifica a nossa melhor atenção.

 

De forma desapaixonada e ideologicamente imparcial, importa olhar para o que a realidade nos mostra.

 

Este país e este homem certificam à saciedade que o principal capital de um povo são as suas pessoas. É preciso dar-lhes confiança, fazendo-as acreditar que é possível vencer as dificuldades.

 

Não é preciso propor muita coisa de cada vez. É fundamental definir prioridades e mobilizar toda a comunidade em função delas.

 

Recorde-se que Lula da Silva (e o seu vice José Alencar) não têm diplomas universitários. No entanto, cônscios da importância da educação, foram eles que construíram o maior número de universidades federais em toda a história do Brasil.

 

A prioridade do seu governo foi combater a fome. Criou, por isso, o programa Fome Zero, um projecto baseado nas origens de Lula, o único presidente brasileiro que nasceu na miséria, não na pobreza.

 

Pobreza, como dizia D. Hélder Câmara, é viver do indispensável. Miséria é carecer do indispensável.

 

E a experiência da fome, na sua infância, terá marcado definitivamente o carácter do actual presidente. 

 

Quando Lula da Silva tomou posse, um terço da população brasileira passava fome. O Brasil era, nesse momento, um dos países com mais desigualdades de rendas e flagelado pela fome, não obstante ser, na altura, o quatro maior exportador mundial de alimentos.

 

O que faltava aos brasileiros não eram alimentos, era o dinheiro para a aquisição desses alimentos para o consumo.

 

O Fome Zero visou o combate à fome e a garantia de segurança alimentar, atacando as causas estruturais da pobreza, através de um modelo de desenvolvimento económico, que criou condições para a superação de pobreza.

 

Os  municípios passaram a desempanhar um papel estratégico no diagnóstico de problemas da população e a esboçar as propostas de soluções criativas, incluindo a sua materialização.

 

Os dados mostram que alguns estados brasileiros, como o Paraná, poderão exterminar a pobreza até 2013. O Brasil, no geral, poderá eliminar a pobreza em 20 anos.

 

Desde 2003, a população abaixo da linha de pobreza está em forte queda.

 

Tendo como base as pessoas que ganham meio salário mínimo (o equivalente a 232 reais, em 2009), a pobreza caiu 64%, quando comparada à de 1995.

 

Nem tudo terá sido perfeito na governação de Lula, mas só por este desígnio vale a pena dispensar uma cuidadosa atenção ao seu legado.

 

E é indiscutível que o Brasil deu um grande salto para a frente. Não deixa de ser sintomático que Portugal esteja a dar um passo para trás. Entre nós, a fome está a aumentar.

 

Estudemos (melhor) o Brasil.

publicado por Theosfera às 21:57

Há tempos vi na tv um documentário sobre o fundador do PS, Tito de Morais, que muito me impressionou.
 
Tito de Morais fora convidado para presidente do conselho de administração de uma grande empresa pública, depois do 25 de Abril.
 
Perguntou quanto era o vencimento. E quando lhe revelaram o montante exorbitante da remuneração recusou liminarmente o cargo, dizendo que não era capaz de ir auferir uma remuneração tão elevada, comparada com o montante do salário mínimo nacional.
 
Com estes exemplos, raros,o mundo fica mais rico em grandeza humana.
 
Obrigado, Manuel Tito de Morais. Deus te abençoe como bem mereces...
 
Faço meu este texto que António enviou para a caixa de comentários. Aliás, também vi o programa e confesso que fiquei deveras impressionado.
 
Será que gente desta envergadura moral desapareceu? Quero crer que não.
 
E recordo que Tito de Morais até vivia com dificuldades. Tinha vários filhos. As justificações eram fáceis. A situação tornava-se tentadora.
 
A experiência mostra que os grandes homens não são muitos. Mas também é verdade que o chão que produziu homens desta estirpe não deixou de ser fecundo.
publicado por Theosfera às 18:57

Na política, como no resto da vida, não basta ter razão nem chega ter força. É fundamental ter autoridade, credibilidade e também paciência.

 

Um dia, D. Caio caiu. Mas nem ninguém lhe ligou, porque habituara-se a enganar os outros com o grito eu caio!

 

A autoridade conquista-se com o exemplo. Em horas de crise, precisamos mais de caminhos do que de lições.

 

Caminhos todos podemos trilhar. Mas quem pode dar lições?

 

Recordo o que, há cerca de dois decénios, disse um ministro no parlamento: «Aceito conselhos não de quem saiba mais, mas de quem tenha feito melhor»!

 

Mais do que enveredar por uma leitura casuística de quem pode baixar mais os salários e as pensões de reforma, o fundamental é assentar num novo padrão de participação na vida pública.

 

Quem está nos lugares de administração (seja no governo, seja em empresas públicas) deve ser habitado por um espírito de missão. Isto já vem de Platão.

 

Não se pede que se prive de uma vida digna. Mas deve evitar-se um padrão excessivamente acima do comum dos cidadãos.

 

Penso que um indicador poderia ser o salário do presidente da república. Nenhum administrador público devia ter um salário maior.

 

Os melhores (se o forem desde dentro) não se negarão a prestar a sua colaboração. Afinal, os direitos de todos não são deveres para cada um?

 

Sei que estamos longe desta cultura cívica, onde o serviço ainda se encontra bastante obscurecido pelo poder. É por isso que se impõe alguma paciência.

 

Insisto na paciência porque, à partida, parece estar nos antípodas da razão e da força. Quem se acha na posse da razão e com força para a assumir, tende a ter pouca paciência diante dos obstáculos que se erguem.

 

Na imprensa (e, particularmente, na blogosfera) deparamos com textos carregados de razão e cheios de energia, mas que denotam uma tremenda falta de paciência.

 

 O tom é demasiado azedo e a atitude parece excessivamente agreste. Vistas as coisas, ninguém pode contestar o acerto das posições.

 

 É verdade que há coisas que não podem esperar. Mas há que apelar para a paciência. Deus é a referência. Ele tem desígnios que nós não conhecemos e um modo de actuar que não nos cabe decifrar.

 

 Se Ele conseguiu afirmar a vida na morte do próprio Filho (maior impedimento não pode haver), como não conseguirá, hoje, superar as mil e uma oposições que se levantam?

 

 Como referiu o Santo Padre, a paciência de Deus salvará o mundo; só a impaciência do Homem o pode estragar.

publicado por Theosfera às 11:37

É a violência um dos traços dominantes da vida contemporânea. Nem a religião, como documentam os estudos de René Girard,  fica de fora.

 

Às vezes, é mesmo donde se espera maior paz que destilam os mais arrepiantes factores de agressividade. Porque inesperados.

 

A violência, hoje em dia, é particularmente avassaladora.

 

A escola está invadida pelo fenómeno. O Estado tem de intervir. A legislação começa a ser implementada.

 

Este dado significa que, em vez de ser a sociedade a subir ao nível da escola, é a escola que está a descer ao nível da sociedade.

 

Daí que todas as ajudas sejam bem-vindas. Acaba de sair um livro com o título Bullying, agressividade em meio escolar.

 

Um instrumento útil acerca de uma situação preocupante. Diria mesmo aflitiva. 

publicado por Theosfera às 11:29

Na hora que passa, faz falta intuição.

 

Numa linguagem pascaliana, diria que ainda estamos muito dominados pelo espírito de geometria. Precisamos do espírito de finesse.

 

Povos houve que, nas alturas mais críticas, souberam dar a volta de forma inopinada.

 

O Brasil é um caso típico, embora nem sempre exemplar.

 

Ainda agora, se disputam por lá lugares no novo governo. Ainda por cima, na praça pública, às claras.

 

O espectáculo não é edificante. Os partidos que apoiaram Dilma Rousseff estão a fazer pressão.

 

Mesmo assim, o país cresce embora a justiça esteja longe de estar consolidada.

 

Mas com Lula (sem qualquer curso superior) o país conseguiu um desígnio e, apesar das dificuldades, exibe um olhar feliz.

 

Richard Layard afirma que uma sociedade só cresce se tiver o sentimento de um desígnio comum. Não basta a realização individual para tornar as sociedades felizes. E nem sequer é necessária muita riqueza para aumentar a felicidade.

 

Para o economista inglês, há passos concretos que podem ser dados: flexibilizar horários, apoiar casais em crise, melhorar cuidados para com as crianças e redobrar a atenção diante das perturbações mentais.

 

O que não basta é o deslumbramento com o poder. O fundamental é que cada um pondere sobre o que pode fazer pelos outros.

 

A felicidade não pode ficar amarrada no eu. 

publicado por Theosfera às 11:15

Há um fundo de verdade na afirmação do autor que, ainda por cima, se chama Justo.

 

Justo Gallego sustenta que, «para estarmos livres, temos de estar sós».

 

É à sua solidão que ele deve a sua obra. À sua solidão e, já agora, à sua persistência.

 

Gallego está, há 50 anos, a construir uma catedral.

 

No início, ainda teve a ajuda de cinco sobrinhos. Hoje, apenas conta com dois ajudantes.

 

Mas nem assim desiste. Aos 85 anos, Gallego não quer morrer sem concluir a sua obra.

 

Se desse ouvidos aos conselhos, porventura nem teria começado.

 

As regras, por vezes, têm de ser desafiadas.

 

Nem sempre a solidão é infecunda.

 

Antes (e depois) de arrastarem multidões, os grandes homens ficaram sós.

 

Não terá sido também esse o caso de Jesus?

publicado por Theosfera às 11:09

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