Não se pode pedir ao Estado que assegure todos os bens. Mas deve-se exigir ao Estado que não corte as oportunidades de aceder aos bens.
Sucede que este mínimo encontra-se longe de estar garantido.
O desemprego é a consequência de muitas restrições.
O desemprego acarreta a fome.
Não sou político, nem economista, mas enquanto houver pessoas com fome e se gastar dinheiro noutras actividades, há qualquer coisa de arrepiante que não pode ser tolerada.
Podem dizer que se trata de demagogia. Mas a experiência mostra que a acusação de demagogia é um pretexto para macular aquilo que muitos sentem e a alguns incomoda.
De resto, é o economista César das Neves que diz: «Há várias décadas que, com custo de milhões, os sucessivos governos nos asseguraram que a sua política eliminaria a pobreza. Proclamaram o sucesso várias vezes. Agora, quando é mesmo preciso, tudo se desmorona. Parece que nos 80 mil milhões de euros do Orçamento de Estado não há dinheiro suficiente para alimentar crianças. Compreende-se, é preciso acorrer ao TGV e outras prioridades.
Os políticos estão presos de si mesmos. Felizmente ainda restam as escolas, paróquias, IPSS, serviços camarários, ou simplesmente os vizinhos e colegas. Esta é a grandeza de Portugal e enquanto existir a crise dos políticos não nos vence».
Não é preciso ser marxista para concordar com Marx neste ponto. De cada um segundo a sua capacidade, a cada um segundo as suas necessidades.
Se não pudermos fazer tudo ao mesmo tempo, comecemos pelo mais importante: por dar pão a quem tem fome.