Parece estranho, mas é verdade.
Apesar de sermos portugueses, temos maior facilidade em nomear os primeiros-ministros da Espanha do que os chefes de governo de Portugal. Por uma razão, afinal, bem prosaica. São muito menos.
Nos mesmos anos de democracia (a diferença é mínima), a Espanha teve à frente dos seus governos Adolfo Suárez, Leopoldo Calvo Sotelo, Felipe González, José María Aznar e Rodriguez Zapatero.
Portugal teve: Palma Carlos, Vasco Gonçalves, Pinheiro de Azevedo, Mário Soares, Nobre da Costa, Mota Pinto, Lourdes Pintasilgo, Sá Carneiro, Pinto Balsemão, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates.
14-5, ganha a Espanha.
Este será o caso em que menos é sinónimo de mais. Mais estabilidade constitui uma alavanca para mais desenvolvimento.
É por isso que, estando tão perto, nos sentimos tão longe da Espanha.
A nossa vizinhança é apenas geográfica.
E não se diga que é mais fácil constituir consensos na Espanha. Zapatero também não dispõe de maioria absoluta. As sondagens dão o seu partido muito atrás do PP. Há o caso, permanente, dos nacionalismos. E, tanto quanto se sabe, não se anda a agitar o fantasma de eleições antecipadas.
Que ganhamos com toda esta agitação?
O país não está bem. Mas que lucramos em colocar incerteza em cima da instabilidade?
Será que a maioria absoluta tem de ser de um só partido? E que garantias há de que as eleições antecipadas a ofereçam?
Porque é que não criamos, de uma vez para sempre, uma cultura do diálogo?
Um momento como é este não pedirá a todos que ofereçam as diferenças para a edificação do bem comum?
É nas horas difíceis que os gestos de grandeza se tornam imprescindíveis...