Todos nos sentimos pequenos diante da morte, diante dos mortos. É por isso que recorremos à fé n'Aquele que, passando pela morte, venceu a morte. Se a fé é importante para lidar com a vida, é determinante para lidar com a morte.
Também na morte celebramos a fé, o mistério da fé que é, simultaneamente, um mistério de morte e de vida. Na verdade, o mistério pascal articula a passagem da morte à vida pela ressurreição de Jesus Cristo. N'Ele todos morremos. N'Ele todos ressuscitamos.
Daí que não seja completamente certo dizer que, num funeral, celebramos a vida. É verdade, mas é só uma parcela da verdade.
Na Eucaristia (inclusive na Eucaristia exequial) celebramos a vida e celebramos a morte: a morte de Cristo e a vida de Cristo, a morte e a vida dos que estão em Cristo.
Também num funeral o protagonista é Cristo, o Seu mistério pascal. É neste sentido que o Catecismo da Igreja Católica recomenda que «os funerais cristãos são uma celebração litúrgica da Igreja. O ministério da Igreja tem em vista exprimir a comunhão eficaz com o defunto e fazer a comunidade reunida participar das exéquias anunciando a vida eterna».
A liturgia propõe três tipos de celebração dos funerais, correspondendo aos três lugares onde acontece (a casa, a igreja, o cemitério) e segundo a importância que a ele atribuem a família, os costumes locais, a cultura e a piedade popular.
A Liturgia da Palavra, por ocasião dos funerais, «exige um preparação bem atenciosa, pois a assembleia presente pode englobar fiéis pouco assíduos à liturgia e também amigos do falecido que não sejam cristãos. A homilia em especial deve "evitar género literário de elogio fúnebre", deve iluminar o mistério da morte cristã com a luz de Cristo Ressuscitado».
Não é que não se deva falar do defunto. Ao falar do mistério pascal de Cristo, já se está a prestar a melhor homenagem ao defunto, integrando-o na vida do próprio Senhor Jesus. É Ele, só Ele, que tem o protagonismo.
Há muito a melhorar neste campo. A abertura a Cristo é o ápice da vida. E o sentido da morte.