Muito ganharia a construção do futuro com uma maior atenção ao que nos chega do passado.
Lastimo que, por exemplo, um intelectual da estirpe de António Sérgio seja, hoje em dia, um ignorado.
Quem perde não é ele. Quem perde somos nós.
A sua concepção de cultura e de moral impõem-se, na actualidade, com uma pertinência assombrosa.
Para Sérgio, a cultura não remete só para a estética. Aponta, antes de mais, para a ética. Ela é assimilada à civilização.
Daí que a cultura tenha que ver com os valores e, especialmente, com o bem.
Por sua vez, a moral tem uma componente psicológica que não pode ser desguarnecida.
A consciência dos valores é inseperável da vivência daqueles que os incorporam.
«A vida moral é um processo psicológico a que as imagens de certas pessoas que se impõem ao nosso espírito, que veneramos e imitamos, dão força impulsora e norteante. A personalidade da criança cresce por imitação dos outros eus».
A importância do testemunho e do exemplo é determinante. Se aqueles que os mais jovens imitam primam por comportamentos negativos, como exigir aos mais novos valores positivos?
Convenhamos que o futuro que os mais adultos estão a oferecer não é propriamente promissor.
Há, pois, que reflectir. E inflectir.