É com espanto que noto a recepção acrítica, por parte de certas instâncias, ao encerramento de escolas.
É um problema de grande complexidade e algum melindre, que tem de ser encarado em toda a extensão e amplitude.
Pelo que se vê, está a ser dada prioridade à dimensão logística e sobretudo à componente tecnológica do ensino. Está a desvalorizar-se, a meu ver perigosamente, a vertente relacional.
Os centros escolares estão bem equipados, sem dúvida. Mas tende a esquecer-se que o ensino é um processo progressivo que interage com a família. Sobretudo nos primeiros anos, a proximidade da família é fundamental.
Para a sobrevivência do interior, trata-se de uma questão decisiva. O percurso, até agora, desenhava-se mais ou menos assim: ensino básico na aldeia, ensino preparatório e secundário na vila e ensino superior na cidade.
Com estas medidas, o interior vai ficar cada vez mais vazio. Este é o cimento do que, a médio prazo, acabará por ser impor. A ter validade cimeira o critério da população, pouco faltará para a extinção de muitas freguesias e concelhos.
Longe vão os tempos em que uma freguesia tinha três referências: o regedor, o pároco e o professor. Viviam lá. Estavam com as pessoas.
O professor já lá não vai. O pároco ainda por lá vai passando. Resta o presidente da junta. Até um dia.
Que diria D. Sancho a tudo isto?