André Malraux terá dito que «o século XXI será religioso ou não será». Karl Rahner, por sua vez, avisou que «o cristianismo será místico ou não será nada».
Caso para (duplamente) perguntar: que tipo de religiosidade é a do nosso século?; estará o cristianismo a integrar devidamente a mística? O crescente interesse pelas religiões orientais não certificará uma insuficiente aposta na mística por parte das igrejas cristãs?
O conhecido teólogo Juan Martín Velasco acaba de se pronunciar, dizendo que «o cristão de hoje ou é místico ou, muito provavelmente, não poderá ser cristão».
Isto significa, segundo ele, que o cristianismo carece de uma reconfiguração: «Há um cristianismo que se vai derrubando à nossa vista»: o cristianismo de massas vai dando lugar a um cristianismo da pessoa.
Nesta nova forma de ser crente, a mística impõe-se não como um exclusivo de uns poucos eleitos, mas como a raiz da religião para todos. Neste sentido, a mística «não consiste necessariamente em levitações, visões ou estigmas, mas na experiência pessoal da fé». Isto não quer dizer que não possa haver «místicos mais elevados».
Em qualquer caso, a mística sobressai como uma necessidade, um imperativo, uma urgência: «À crise de Deus só se pode responder com a paixão por Deus». Na actualidade, o teólogo dá conta da existência «de uma notável sede de transcendência e de Deus até porque o Homem não se contenta com o que é».