Não é só o facto negativo que perturba. É também a resistência a que se faça alguma coisa para que ele não se repita.
À vezes, até parece que estamos mais incomodados com a denúncia dos factos do que com os factos denunciados.
Como é possível, meu Deus?
Não sei exactamente o quê, mas tenho plena consciência de que algo tem de ser feito: na vida de cada um e na vida comunitária, institucional.
É a realidade que o demonstra. É o sofrimento das vítimas que o reclama. E, last but not least, é o Espírito que o exige.
Não pretendamos condicionar o Espírito de Deus. Deixemo-nos conduzir por Ele.
Custa ouvir que sempre foi assim. Que sempre assim será. Que a Igreja é (será?) a única instituição que é acusada pelo que aconteceu há décadas, há séculos.
Mas não é a própria Igreja que afirma que está sempre em estado de reforma? Porquê, então, esta tendência para jogar para os lados?
Se não é a nossa vontade a requerer a mudança, que, ao menos, não fechemos os olhos aos acontecimentos.
Alguma coisa tem de ser feita. Não muito tarde.
Não fechemos os olhos. Não cerremos os ouvidos. Não abafemos o clamor. Não obscureçamos a alma. Não endureçamos o coração.
Há qualquer coisa que tem de acontecer.