Hoje em dia, tudo é intempestivo, repentino, quase irracional.
Pensa-se pouco e, quando se pensa, já é tarde.
Dizem que George Bush (Pai) era conhecido não só pelo que fazia, mas também pelo que não fazia, pelo tempo que levava a fazer.
Isso criava, por vezes, uma reacção exasperada, mas gerava também um sentimento de expectativa, próximo do respeito.
Em Portugal, temos o caso de Cavaco Silva, cuja popularidade sobe sempre que fala menos.
Veja-se o que aconteceu com o caso das escutas. A taxa de popularidade desceu imenso.
Agora, que voltou a dosear as intervenções limitando-se a opinar sobre economia, a popularidade volta a destacar-se.
Para Cavaco, dir-se-ia que o ideal é que as eleições não precisassem de campanha. O comedimento é o seu mundo, onde se sente bem. E as pessoas percebem isso.
Há uma tendência para confundir, amiúde, acção com mero frenesim, com simples agitação.
A História é tecida também com pormenores, muitas vezes imperceptíveis.
Até uma célebre canção de Frank Sinatra figura nos anais da Política Contemporânea.
Para fazer frente à teoria da soberania limitada no leste da Europa, a chegada de Mikhail Gorbachev foi o começo da doutrina Sinatra.
Isto por causa da conhecida música My way. Cada povo era, finalmente, soberano para escolher o seu caminho.
Consta que, contido como era, George Bush (Pai) tinha ciúmes de Gorbachev pois, numa ida deste aos Estados Unidos, foi efusivamente recebido pela multidão. Coisa que o presidente norte-americano não conseguia.
O problema é que Gorbachev era mais popular no ocidente do que no seu próprio país.
Actualmente, Barack Obama está a passar pelo mesmo. No mundo, é quase idolatrado. Nos Estados Unidos, está a ser fortemente contestado.
Como entender esta discrepância?