Os especialistas são, de facto, pessoas muito especiais.
Conseguem prodígios que o comum dos mortais não alcança sequer em pensamento. Até para o inexplicável lobrigam uma explicação.
Vem, hoje, um especialista (que, aliás, muito respeito e admiro) dizer que o vultuoso salário de um determinado gestor, afinal, até é vantajoso para o Estado. Este arrecada mais em receita fiscal.
É pena, porém, que não ocorra a ninguém que o problema não é económico. É ético. É moral.
Não se trata, como é bom de ver, de uma questão de eficácia. Trata-se. como toda a gente vê, de uma questão de justiça.
É que, numa altura em que o desemprego grassa e os salários não progridem, custa ver como há alguém que ganha mais de três milhões de euros num só ano.
Não é inveja. É injustiça.
Estamos perante alguém que não ganha mais, nem sequer muito mais que o comum das pessoas. Estamos perante alguém que aufere (diria) infinitamente mais que a maioria do povo.
A legislação até pode prever tudo isto. Mas não ficaria bem um gesto de contenção?
Quando muitos têm de abdicar do que lhes faz falta, não seria altura de alguns tomarem a iniciativa de abdicar do que sobeja?
E, já agora, se o gestor da EDP pode ter um vencimento destes, porque não ponderar uma redução dos custos da electricidade?
Porque não condividir os benefícios? Só se lembram do povo para pagar a crise?