Os tempos, com a sua proverbial eloquência, têm mostrado que a morte de Deus era um vaticínio manifestamente exagerado e totalmente deslocado.
Quem proclamou tal coisa não estava a ver muito bem quem era Deus nem quem era o Homem.
Se há duas décadas Harvey Cox falava de uma sociedade pós-cristã, hoje Jürgen Habermas não hesita em falar de um tempo pós-secularista.
No entanto, a passagem do êxodo de Deus para o êxito de Deus (palavras de Boaventura Sousa Santos) não se traduz num novo enchimento das Igrejas.
Deus parece estar em alta, as Igrejas nem tanto. Daí que André Comte-Sponville aluda a uma morte social de Deus. Ou seja, cada um faz a sua procura, enceta o seu caminho,
mas tem dificuldade em integrá-lo comunitariamente.
Estes são, por isso, também tempos de desafios para as Igrejas. Têm de ser mais transparentes, mais apelativas, têm de saber mais a Deus e menos a elas mesmas.
Em síntese, precisamos de Igrejas des-centradas de si e re-centradas em Deus. E no ser humano.