D. Hélder da Câmara percebeu muito bem o sentido profundo do Evangelho e, particularmente, a identificação de Cristo com os pobres.
Para o bispo brasileiro, os pobres eram a sua família. E tomava esta convicção a peito. Até às últimas consequências.
Quando ouvia dizer que algum pobre era injustamente preso, telefonava logo para a polícia: «Ouvi dizer que prenderam o meu irmão».
Aparecia logo um polícia a desfazer-se em mil desculpas: «Lamentamos muito, senhor bispo. Não sabíamos que era seu irmão. Pode vir buscá-lo quando quiser».
Ao chegar à prisão, alguém interpelava D. Hélder. «Mas, senhor bispo, ele não tem um apelido igual ao seu».
E D. Hélder replicava que todos os pobres eram seus irmãos!
Neste mesmo espírito, há outro episódio deveras comovente que atesta bem o espírito deste homem de Deus.
Quando apareceu o filme ET, D. Hélder convidou duas crianças da rua para irem com ele ao cinema.
No final, perguntou-lhes se tinham gostado. Um deles respondeu pressuroso e, na sua óptica, agradecido: «Aquele boneco é tão bonzinho e tão feiinho como o senhor»!