O acontecimento de Deus nos acontecimentos dos homens. A atmosfera é sempre alimentada por uma surpreendente Theosfera.

Terça-feira, 16 de Março de 2010

Só na poesia se diz o indizível. Ela é muito mais que um jogo de palavras ou uma combinação de sons.

 

É o arrebatamento em forma de emoção. É a metáfora mais consistente do real. É a parábola mais autêntica do eu.

 

A poesia sai de muitos modos e solta-se a todas as horas. Até (diria sobretudo) quando se está deprimido, a inspiração flui, o verbo solta-se e o poema tece-se.

 

Tantos são os poemas escritos com lágrimas e banhados em pranto.

 

O encanto com que, depois, os declamamos como que fazem ecoar o arfar soluçante em que germinaram.

 

De certo modo, nasce-se poeta e cresce-se com a poesia. Não é preciso haver rima, nem grandes elucubrações. Basta haver sinceridade, sentimento, emoção.

 

Foi tudo isto (e muito mais) que pude experimentar, há pouco, no Museu de Lamego. Uma iniciativa do Colégio da Imaculada Conceição levou os seus alunos a expor textos e a declamar composições.

 

Notou-se trabalho, vibração, encanto e muito envolvimento. O poeta vai crescendo em cada um e derramando frémitos de esperança por entre os vendavais vociferantes que vamos encontrando na existência.

 

O Dia Mundial da Poesia é no Domingo. Até ao dia 26 esta exposição pode ser visitada no Museu de Lamego.

 

Parabéns ao Colégio da Imaculada Conceição. Excelente a iniciativa, primorosa a execução, vibrante a atitude.

 

Deus abençoe a todos!

 

 

publicado por Theosfera às 19:28

Acabo de ouvir e não sei se acredite.

 

Utentes de um lar perto de Lisboa não têm visitas de familiares.

 

O funeral é feito a expensas da instituição. Requerido (e obtido) o reembolso à Segurança Social, já tem havido casos de devolução. Motivo? Aparecem familiares a reclamar o respectivo montante.

 

E, pelos vistos, é a família que tem direito. Mesmo que não tenha feito o funeral. Mesmo que nunca tenha visitado o idoso.

 

Fonte do referido Lar diz que 50% dos utentes têm visitas regulares. Dez por cento têm visitas uma vez por ano. Mas 40% nunca têm uma única visita.

 

Terei ouvido bem?

publicado por Theosfera às 19:23

«A maior miséria da vida humana (outros dirão outra), eu digo que é não haver neste mundo de quem fiar».
Assim escreveu (amargurada e magnificamente) o Padre António Vieira.

publicado por Theosfera às 11:27

Não é ninguém que o demonstra; é a realidade que o mostra.

 

Segundo Hans Urs von Balthasar, «tão longe quanto remonta no passado a memória da humanidade, o Homem aparece sempre como um ser religioso, sempre consciente de estar submetido a um poder divino, que deve reconhecer e honrar, e do qual deve esperar a salvação».

 

publicado por Theosfera às 00:25

 

1. Uma regra existe para ser observada. Mas, como é sabido, não há regra sem excepção.
 
E se a regra tem de ser respeitada, a excepção também tem de ser atendida. Na regra, seguir-se-á a regra. Na excepção, a atitude também tem de ser de excepção.
 
Será que já nos apercebemos de que se todas as leis fossem seguidas, nenhuma mudança se faria e, pior, a injustiça ter-se-ia perpetuado?
 
Portugal seria independente se os nossos antepassados fossem obedientes a Castela?
 
Quantas vidas não se teriam perdido se Aristides de Sousa Mendes cumprisse, estritamente, as ordens do Governo?
 
O nosso país seria uma democracia se os militares de há três décadas fossem obedientes ao Regime?
 
O leste da Europa viveria em liberdade se figuras como Lech Walesa, Vaclav Havel ou o Padre Jerzy Popielusko fossem obedientes ao poder constituído?
 
Noutro plano, o Sporting teria vencido a Taça das Taças em 1964 se Morais tivesse sido obediente ao treinador? Este, como se sabe, proibira-o de marcar cantos directos. Pois foi de canto directo (e, portanto, de uma desobediência) que resultou a vitória.
 
 
2. É óbvio que não se pode transformar a excepção em regra. Mas também não é lícito apelar para a regra quando estamos diante de uma excepção.
 
Os apóstolos desobedeceram à ordem do tribunal que os impedia de falar ou ensinar em nome de Jesus.
 
Optaram por obedecer antes a Deus que aos homens. Prevaleceu o ditame da consciência: «Não podemos calar o que vimos e ouvimos» (Act 4, 20).
 
Os cristãos dos primeiros séculos desobedeceram em massa às imposições dos juízes que os intimavam a abandonar a fé cristã.
 
Pagaram com o sangue a sua ousadia. Mas o seu martírio fez com que muitos aderissem a Cristo: «Sangue de mártires, semente de cristãos».
 
 
3. O próprio Jesus deu sempre mostras de uma soberana liberdade. Para com o Pai cultivou uma obediência incondicional (cf. Jo 4, 34). Já diante das leis dos homens (incluindo as leis religiosas) algumas vezes arriscou a desobediência.
 
Respeitava o sábado, mas não hesitou em desobedecer a algumas prescrições sobretudo em vista de um bem maior: o bem das pessoas (cf. Mt 12, 1-14).
 
Sabia também que a Lei estipulava que toda a mulher apanhada em adultério fosse apedrejada. Era a Lei e ponto final.
 
Uma vez mais, Jesus desconcertou. Não disse que a mulher procedeu bem. Mas não apoiou a condenação (cf. Jo 8, 11).
 
Era tão fácil dizer: «Cumpra-se a Lei». Mas Jesus arrisca desobedecer a uma lei por causa de uma outra lei, que Ele mesmo anuncia: a lei do amor.
 
 
4. Confesso que até a mim me arrepia esta soberana liberdade de Jesus. E assumo que tenho muita dificuldade em imitá-Lo. As convenções são muito fortes. E as pressões acabam por se fazer sentir.
 
Uma obediência estrita ajuda a manter a ordem. Mas nem sempre contribui para a salvaguardar a verdade e a justiça.
 
A obediência deve ser feita ao bem maior. A verdade e a justiça estão por cima da ordem e da conveniência.
 
Às vezes, é preciso abalar a ordem, sobretudo quando a ordem é injusta. John Bunyan não tinha dúvidas: «Prefiro ficar na prisão a atraiçoar a minha consciência».
 
Não basta não promover a injustiça. Urge que não nos conformemos com ela. Calar ante a injustiça é pactuar com ela.
 
Luther King denunciava: «A nossa geração vai ter de se arrepender não apenas das odiosas palavras e acções dos maus, mas também do confrangedor silêncio dos bons».
 
 Muitas vezes, a ordem encobre muita injustiça. Daí que, perante uma ordem injusta, desobedecer desponte como um imperativo.
 
Decidir não segundo a simples lei, mas segundo os ditames da consciência (o santuário secreto de que fala o Vaticano II) é um dom de Deus. É um sinal de fidelidade ao espírito do tempo e ao tempo do Espírito.
 
A obediência é uma virtude. Mas, em certos momentos, a desobediência pode ser uma necessidade.
 
Quando percorremos a história da humanidade, uma pergunta se acerca de nós: que seria do mundo sem a (persistente) desobediência de muitos?
publicado por Theosfera às 00:08

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