Fez , ontem, vinte anos e, desde há vinte anos, passou a ser o meu jornal.
Na altura, 5 de Março de 1990, estava em Lisboa e o jornal que costumava comprar (O Comércio do Porto), chegava um pouco tarde à capital.
Como também comprava o Expresso e uma vez que foi deste jornal que partiram os principais artífices do Público, passou a ser este o meu jornal.
Confesso que a fase em que o apreciei mais foi mesmo a primeira: no conteúdo e na forma. Era mesmo um jornal muito bonito, atraente, convidativo.
Compreendo (e admiro) a necessidade de não estagnar e o imperativo de mudar. Mas o que tem vindo a seguir não me consegue envolver tanto.
Já pensei várias vezes em mudar de jornal, embora também procure ler outros, mas, invariavelmente, mantenho-me fiel ao Público.
Admiro a independência, embora nem sempre me reveja nos ângulos de análise e nos posicionamentos.
Mas também é verdade que não temos de concordar para consumir. Às vezes, é díficil aceitar algumas coisas. Mas assumo que é impossível passar sem o Público.
Mesmo quando não há tempo para o ler ou mesmo quando o consulto na net, gosto de olhar para o lado e ver a edição de papel.
Um jornal acaba por ser um companheiro, mais que um informador.
Leio o Público da última para a primeira página.
Aprecio as opiniões de Campos e Cunha, José Pacheco Pereira e Vasco Pulido Valente, ainda que nem sempre me reveja no que escrevem. Mas escrevem muito bem e pensam ainda melhor.
Sinto a falta do olhar da semana de António Barreto, um homem moderado, capaz de leituras magistrais acerca do nosso quotidiano.
Nas edições que assinalam este vigésimo aniversário, permitia-me sublinhar a entrevista a Mário Soares e o ensaio de José Mattoso.
Este último é mesmo imperdível. É para ler e guardar. Por muitos anos.