O Evangelho traz sempre uma panóplia infindável de ensinamentos.
Hoje, aparece-nos um rico indiferente à sorte de um pobre que jazia, chagado, à sua porta.
Deus é muito claro. Toma partido. Não é preciso dizer por quem.
O Evangelho traz sempre uma panóplia infindável de ensinamentos.
Hoje, aparece-nos um rico indiferente à sorte de um pobre que jazia, chagado, à sua porta.
Deus é muito claro. Toma partido. Não é preciso dizer por quem.
Seis balas disparadas a frio mataram o director de um jornal na Venezuela.
Milhões de dólares destinados às vítimas da fome na Etiópia foram desviados para a compra de armas.
Quem não se lembra do Live Aid?
Pois 95 milhões de dólares terão servido para ajudar a matar.
Há desvios que doem. Muito.
Cada vez estou mais persuadido de que é pela bondade, pela humildade e simplicidade que o testemunho alcançará o seu primeiro e supremo objectivo: chegar ao coração das pessoas!
Na violência não se obtêm triunfos.
O problema é de tal ordem que já nem uma palavra portuguesa serve para o descrever.
Violência já não chega. Agora, diz-se bullying.
Trata-se de uma coisa de grupos que, pelos vistos, seleccionam o que supõem ser o mais fraco. Perseguem-no. Muitas vezes. Maltratam-no. Quase sempre.
Há um jovem de doze anos desaparecido. Provavelmente estará morto. Fugiu de mais uma agressão.
Terá pensado antes a morte que tal sorte?
Não sei. Só sei que o futuro que emerge deste presente nos deixa seriamente preocupados.
Tempo para reflectir. E, sobretudo, para inflectir.
Há nove anos, chovia em Portugal. Chovia muito.
E foi no ocaso desse dia que mais de cinquenta pessoas tiveram o encontro mais inesperado: com a morte.
Foi em Entre-os-Rios. A minha humilde prece. A minha total solidariedade.
Muitos de nós, padres, vivem com este objectivo: não podemos perder a doutrina e não podemos perder as pessoas.
O problema é que o objectivo se converte num dilema: parece que quando insistimos na doutrina, perdemos as pessoas; e, correspondentemente, parece que, para não perder as pessoas, temos de não insistir muito na doutrina.
É óbvio que não podemos esquecer as pessoas. É para elas e com elas que trabalhamos. E, além disso, é para elas que existe a própria doutrina.
Acresce que se nota uma sede de doutrina, de verdade, de autenticidade.
A questão pode estar, pois, noutro sítio: na linguagem.
Na linguagem que nós usamos (ao expor a doutrina) e na linguagem que os outros empregam (os que recebem a doutrina).
O caminho também não é baixar o nível. O caminho é apostar no encontro.
E, depois, nunca esquecer: a linguagem que convence mesmo não é a dos lábios. É a da vida.
Por isso é que, já em 1974, Paulo VI falava não só da pregação verbal, mas também da pregação existencial: «As testemunhas convencem mais que os mestres».