Há, hoje em dia, uma tendência para reduzir o amor ao sexo. Parece que sem sexo não há amor.
É o que se escreve amiúde e o que se diz com frequência.
Confunde-se amor com mera atracção.
Não é que o amor não possa incluir a atracção, mas circunscrever o amor à atracção é pouco, é pobre. Isso implica, em último caso, que, quando acaba a atracção, acaba o amor.
Nada mais enganador, nada mais perigoso.
Só que, como se isto não bastasse, não falta quem separe o sexo do amor.
Há quem diga ter sexo sem que sinta qualquer espécie de amor.
E já há mesmo quem não se coíba de falar de profissionais do sexo, de indústria do sexo!!
Mas se há sexo sem amor, é bom que se tenha presente que também pode haver amor sem sexo.
Não se trata de desvalorizar o sexo. O sexo, como linguagem do amor, nem sequer está excluído por Deus.
No amor abençoado e tornado sacramento, ele celebra a união entre o homem e a mulher e abre-se à geração de novas vidas.
Não é, contudo, a única via. O amor não despreza o sexo, mas pode acontecer sem sexo.
Pode-se amar sem sexo.
A doação ao próximo, a dádiva desinteressada, o esquecimento de si são formas de viver o amor sem passar pelo sexo.
O sexo pretende possuir o outro. O amor visa sobretudo entregar-se pelo outro.
Há tanta gente que ama o próximo sem manter sexo com ninguém.
Eu sei que, na sociedade (sexólatra?) actual, é difícil aceitar isto. Mas podem acreditar que é possível.
Querem uma prova bem palpável de que é possível amar sem sexo?
O amor de uma mãe pelo seu filho. O amor de Deus por nós...