Não sei por que motivo a proximidade com Deus nos há-de afastar das pessoas e tornar-nos frios, desumanos.
Será que já pensamos que, em Cristo, Deus assumiu a humanidade?
Ser humano é o grande louvor que se pode prestar a Deus.
Orar é esperar. Rezar é dizer.
Há espaço para os dois momentos no encontro com Deus.
Antes de falar com Deus, urge deixar que Deus nos fale.
Daí o apelo, ínsito no Sermão da Montanha, para que entremos no quarto, no santuário interior.
Aí, podemos estar de qualquer maneira. Até podemos fechar os olhos. Não nos preocupemos com palavras. Elas virão.
Antes de sermos nós a rezar a Deus, é (por aasim dizer) que Deus nos reza a nós.
Deixemos que a Sua palavra ecoe em nós.
Não olhemos para o relógio. Não contemos o tempo.
Na oração, Deus é a paz para a nossa inquietação.
Desfrutemos de Deus. Do Seu amor. Da Sua bondade. Da Sua paz.
Deus mora em si. Maravilhoso!
Teve uma peregrinação longa de bem fazer que só parou aos 86 anos.
A D. Lourdes teve vários familiares no Seminário e um deles foi meu condiscípulo durante (creio) seis anos.
Era uma senhora que vivia para Deus e que destilava delicadeza por todas as artérias do seu ser.
Pessoalmente, ficava comovido porque, todos os anos, pelo Natal e no meu aniversário, me telefonava. Nunca se esquecia. As suas palavras ressumavam uma nobreza de sentimentos próprios de um coração nobre e de uma alma de eleição.
A grandeza de uma pessoa vê-se em pequenos gestos. Que, afinal, não são pequenos. Têm a medida de quem os pratica. São, por isso, grandes também.
Apesar da intempérie deste dia, a Igreja de Britiande estava cheia. Ali, D. Lourdes esteve muitas vezes: em oração, na catequese, em tantas missões.
Vi lágrimas no rosto dos familiares. O esgar de todos permitia adivinhar uma emoção incontida.
Obrigado, D. Lourdes. Deus já a tem com Ele. Que a sua bondade nos toque a todos.
Parece um erro matemático, mas é uma verdade teológica. Como disse sabiamente Nicolas Afanassieff, «um mais um é igual a um».
Quer isto dizer basicamente que
Prossegue aquele teólogo: «Cada Igreja local manifesta toda a plenitude da Igreja de Deus, porque é Igreja de Deus e não parte dela. Pode haver pluralidade de manifestações da Igreja de Deus, mas a Igreja permanece uma e única, porque é sempre igual a si mesma. A pluralidade das Igrejas locais não destrói a unidade da Igreja de Deus, tal como a pluralidade das assembleias eucarísticas não destrói a unidade da Eucaristia no tempo e no espaço».
O que põe em causa a comunhão é quando um mais um não é igual a um.
É quando um mais um é igual a dois, ou seja, quando não estou em comunhão com o outro.
É quando, mesmo quando estou com o outro, não estou com o outro
A unidade não é conexa com uniformidade. Como diz Walter Kasper, a unidade é sempre sinfónica e polifónica.
«Toda a infelicidade dos homens provém da esperança».
Assim escreveu (atenta e magnificamente) Albert Camus.